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Direto das Ruas

Camiseta parecida à de suspeito faz homem ficar 50 minutos "detido"

Caroline Maldonado | 04/07/2014 10:25

Uma abordagem da PRF (Polícia Rodoviária Federal), na BR-060, causou constrangimento e transtorno para um homem que voltava de Sidrolândia para Campo Grande, ontem à tarde, segundo a família dele reclamou ao Campo Grande News.

Maurício da Mota Souza, 33 anos, estava em um ônibus de viagem quando policiais pediram que ele descesse e o levaram para o posto policial. Ele diz que, depois de ter que retirar a roupa para ser revistado e ficar aproximadamente 50 minutos no posto policial, sem poder telefonar para os familiares que o esperavam na rodoviária de Campo Grande, ele foi liberado e colocado em um ônibus escolar. Segundo o relato do rapaz à família, o fato de estar com uma camiseta parecida com a de um suspeito de um crime o fez suspeito. 

Maurício voltava de Sidrolândia, onde deixou o sogro que havia comprado um carro na Capital. O irmão diz que ele saiu da cidade às 13h30 e só conseguiu chegar em Campo Grande às 21h, trinta minutos antes de iniciar o expediente, em uma empresa de transportes, onde trabalha como encarregado de pátio.

O irmão de Maurício, Marcindo Padilha, 40 anos, entrou em contato com o Campo Grande News, para reclamar da abordagem da Polícia. “É claro que os policiais têm que fazer o trabalho deles, mas não da maneira como fizeram com meu irmão, prendendo em uma cela, pedindo para tirar a roupa e mandando ficar quieto, para depois dizer que ele não era quem estavam procurando”, afirmou.

Segundo Marcindo, os policiais e um delegado de Sidrolândia fizeram insistentes questionamentos ao irmão e por fim disseram que como ele era negro e tinha todas as características de um procurado, eles imaginaram que poderia ser ele o suspeito. “Depois de todo o constrangimento, pediram desculpas, dizendo que pensaram que ele era outra pessoa. Eu acho que se eles não sabem se a pessoa é realmente quem eles estão procurando, eles não podem fazer esse tipo de abordagem”, reclamou o irmão.

A reportagem não pôde entrar em contato com Maurício, porque ele está dormindo nesta manhã, já que trabalhou durante a noite. “Ontem meu irmão já estava cansado, porque durante os dois últimos dias ficou acordado para acompanhar o sogro na compra do carro e quando ele voltava para descansar um pouco antes de trabalhar teve que passar por isso”, disse Marcindo.

O delegado da Polícia Civil de Sidrolândia, Enilton Pires Zalla, confirmou ter participado da abordagem e disse que Maurício foi revistado, porque tinha as características de um foragido que roubou uma caminhonete na sexta-feira (27). “O Maurício teve o azar de estar com uma camiseta listrada, semelhante a que o procurado usava no dia do roubo e ser da mesma cor, ter sobrepeso, ter as características informadas pelos policiais que perseguiram o homem que roubou a caminhonete e fugiu depois de bater em uma árvore”.

Segundo o delegado, a fiscalização é necessária, ainda que cause constrangimento. “A Polícia tem o poder para abordar e constranger alguém em defesa da coletividade. Eu entendo que é um constrangimento legal, a gente não tem outra forma de conferir se alguém é ou não um criminoso”, afirmou o delegado.

A assessoria de imprensa da PRF informou que a equipe que esteve de plantão na rodovia esta em viagem para Campo Grande, portanto aguarda a chegada dos policiais para emitir um esclarecimento sobre o ocorrido. Em todo caso, a assessoria informou que é normal que pessoas avaliadas pelos policiais como suspeitas sejam retiradas dos veículos, tenham os documentos retidos e sejam submetidas a revista, as vezes minuciosa, que inclui a retirada de toda a roupa.

Quanto aos documentos, a PRF explicou que eles são usados para checagem de quem se trata o suspeito. O telefonema para qualquer pessoa é proibido, segundo a PRF, porque se o suspeito for, de fato, um criminoso ele pode se comunicar com integrantes de quadrilha e colocar em risco a segurança de todos.

Ainda de acordo com a assessoria de imprensa da Corporação, “os policiais que estavam no posto ontem são altamente gabaritados e fazem apreensão de drogas todos os dias, portanto por mais que as pessoas se sintam ofendidas com a abordagem os procedimentos de fiscalização são necessários para assegurar a segurança da população”. De acordo, com a assessoria, todos os procedimentos são realizados sem violência, maus-tratos ou qualquer abuso.

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