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Economia

60% dos pecuaristas em atividade vão desaparecer em 20 anos, diz consultor

Bruno Chaves | 26/06/2014 14:00
Feira que vai discutir pecuária de corte foi lançada nesta quinta-feira na Famasul (Foto: Cleber Gellio)
Feira que vai discutir pecuária de corte foi lançada nesta quinta-feira na Famasul (Foto: Cleber Gellio)

Nos próximos 20 anos, 60% dos pecuaristas que estão em atividade no Brasil vão desaparecer. Em contraponto a má notícia, a produção pecuária será maior daqui a duas décadas. O fenômeno é explicado pela possibilidade de um negócio não rentável ser substituído por um lucrativo, ou seja, pequenos produtores de gado poderão abandonar a atividade por não terem lucro. A avaliação foi feita nesta quinta-feira (26) pelo coordenador do Circuito ExpoCorte, Moacyr Serodio, durante o lançamento da etapa Campo Grande da feira de negócios. A cerimônia foi realizada na Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul).

“Se você mata um boi com 36 meses e outro está tirando o boi com 20 meses, a rentabilidade dele é o dobro da sua. A possibilidade de o seu negócio não ser rentável faz com que o outro te compre, o outro te arrende e o outro te substitua. Isso é um fato inexorável”, ponderou o coordenador. Dessa forma, pecuaristas com mais tecnologia, com mais capacidade de investimento e mais aptidão para os negócios irão substituir aqueles menores, que produzem menos.

Esse acontecimento e outros diversos aspectos que envolvem a pecuária de Mato Grosso do Sul e do Brasil serão discutidos durante a etapa Campo Grande do Circuito ExpoCorte, que vai acontecer nos dias 30 e 31 de julho no Centro de Convenções Albano Franco. O objetivo é percorrer os principais polos de produção pecuária do País para disseminar tecnologia e fomentar discussões que contribuam para tornar a atividade mais produtiva, eficiente e rentável. A expectativa é reunir 1,2 mil pessoas no evento da Capital.

“Esse é o 3º ano do circuito em Campo Grande, cidade que tem o segundo maior rebanho do Brasil e um dos melhores e maiores em relação a genética”, disse Serodio. “A pecuária do Centro-Oeste e do Norte cresceu a partir de Mato Grosso do Sul. O mapa da pecuária parte de Campo Grande e sobe para o Norte. Aqui estão os donos das grandes propriedades do Estado e do País. Quase todos os pecuaristas que têm fazenda aqui, têm também em outros estados. Se trouxer tecnologia para Mato Grosso do Sul, estará falando para a pecuária do Centro-Oeste e do Norte”, justificou.

Coordenador do Circuito ExpoCorte Moacyr Serodio durante lançamento da feira de negócios (Foto: Cleber Gellio)
Coordenador do Circuito ExpoCorte Moacyr Serodio durante lançamento da feira de negócios (Foto: Cleber Gellio)

A ExpoCorte surgiu há 20 anos, em São Paulo (SP), onde costuma atingir, em média, 18 mil pessoas. Como o universo de produtores é formado por aproximadamente dois milhões de criadores, a organização do evento sentiu a necessidade de ir às outras regiões. Este ano, o circuito já visitou Cuiabá (MT) e estará em Campo Grande no final do próximo mês. Depois da Cidade Morena, as cidade de Ji-Paraná (RO), Araguaína (TO) e Uberlândia (MG) receberão a feira de negócios e workshop. “Quando você traz o técnico, você expõe e debate. As dúvidas ficam esclarecidas e imediatamente você tem a tecnologia entrando na propriedade”, avaliou Serodio.

Em 2014, o circuito discute o tema “como conseguir o máximo da propriedade”. Coordenador de conteúdo da ExpoCorte e presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Francisco Vila, explicou que o foco da feira é debater o uso de tecnologias para a gestão dos negócios rurais. “É necessário ter uma visão holística do negócio, uma vez que criar boi ou engordar boi não se trata só de animal. Não é só pasto ou apenas instalações de infraestrutura”, explicou.

Utilizando metáfora, Vila comparou a gestão de uma propriedade com uma pequena empresa. “Qualquer padaria pensa no fluxo de caixa, no cliente, na organização e na estrutura de custos. Isso não chegou a grande maioria dos pecuaristas. Por isso, nós temos que debater temas tecnológicos para gestão de negócio. Quanto mais o produtor entender a visão holística orgânica da sua fazenda, maior será a procura dele para soluções tecnológicas”, garantiu.

Presidente da Sociedade Rural Brasileira e coordenador de conteúdo da ExpoCorte, Francisco Vila (Foto: Cleber Gellio)
Presidente da Sociedade Rural Brasileira e coordenador de conteúdo da ExpoCorte, Francisco Vila (Foto: Cleber Gellio)

O presidente da SBR ainda lembrou que a forma de gerenciar negócios rurais foi modificada ao longo do tempo. "Antigamente a terra era o principal fator para produção rural. Quanto mais terra, mais animal pode colocar. Hoje mudou, os principais fatores são o capital e o conhecimento. Você faz mais com o mesmo. Se você tem 500 hectares, em vez de 500 animais, coloca mil. Para isso, você tem que aplicar um modelo de gestão diferente. É como se você fosse construir um prédio de três ou quatro andares, você precisa de tecnologia diferente da empregada na construção de uma casa”, comparou.

Presidente da Famasul, Eduardo Riedel, lembrou que a pecuária de corte é um legado de Mato Grosso do Sul. “A gente tem um perfil fundiário”, destacou. Durante o lançamento da feira de negócios voltada à pecuária, Riedel ressaltou a importância da atividade, “que é uma potência no Brasil”, para a economia e o desenvolvimento do Estado. “Por isso, a ExpoCorte vem com intenção de auxiliar, sempre, o produtor de Mato Grosso do Sul”, discursou.

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