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Economia

Causadoras de mortes de gado, moscas da vinhaça são tema de audiência pública

Nyelder Rodrigues | 27/03/2013 20:48

Um problema de quatro milímetros que vem tirando a tranquilidade dos produtores rurais: a mosca da vinhaça, que vê neste resíduo da cana-de-açucar um bom local para se proliferar.

Esses insetos, também conhecidos como mosca dos estábulos, tem a tromba maior que a das moscas domésticas, e se alimentam do sangue de animais, tendo como principais alvos bovinos e equinos, mas homens também podem ser picados.

O grande problema que a mosca traz é que ao picar os animais, é causado um nível de estresse que chega a fazer o gado ficar agitado e sem comer, morrendo rapidamente.

Por conta desses prejuízos, foi realizada nesta quarta-feira (27) uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, proposta pelo deputado estadual Laerte Tetila (PT), para discutir o problema.

“Para se ter uma ideia, os produtores de leite chegam a registrar prejuízos que ultrapassam a casa dos 60%. É um problema sério, que ataca um dos principais pilares da economia do Estado e que precisa, com urgência, de solução”, explica o produtor rural Milton Barbosa.

Nos últimos três anos, somente na região de Angélica, mais de 200 cabeças de gado morreram por causa da praga. Para evitar mais danos, a ideia é debater e reunir propostas para compor o Projeto de Lei 07/2013, de autoria do deputado petista, e subscrito por Felipe Orro (PDT) e Marcio Monteiro (PSDB), presidente da Comissão de Meio Ambiente.

Representantes de várias entidades participaram do evento, como Embrapa, Famasul, Imasul, e Seprotur. Além disso, o Ministério Público Estadual e a OAB-MS também participaram do encontro entre agricultores, pecuaristas, veterinários e representantes dos setores sucroalcooleiro e bioenergético.

Armazenamento – O potencial poluidor da vinhaça, também chamado de vinhoto, pode ter várias consequências à fauna e flora caso haja descarte irregular, como a contaminação do lençol freático, rios e córregos.

Para evitar tal contaminação, a vinhaça é armazenada em grandes tanques, começando aparecer aí o problema da mosca, que são atraídas para estes locais. Conforme o pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Paulo Henrique Cançado, desde 2011 pesquisas estão sendo realizadas em busca de soluções para o problema.

“Infelizmente a solução ainda não foi encontrada, mas já sabemos que é necessário que produtores rurais e empresários do setor sucroalcooleiro e bioenergético se unam nesta luta. Afinal, apesar de se reproduzir em escala maior nos depósitos de vinhaça, descobrimos que o inseto também está presente nos estábulos”, argumenta Cançado.

Para a secretária de Estado de Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo (Seprotur), é preciso pensar em soluções que não prejudiquem nenhuma das partes envolvidas, já que tanto o setor sucroalcooleiro como a da pecuária são importantes para a economia estadual.

Uma das soluções encontradas pelo produtor Milton Barbosa para conter a praga em Angélica foi a mesma adotada em Ivinhema em 2009, quando o município sofreu com as moscas. Lá, eles concentravam o produto e retiravam uma parte para adubar a plantação de cana, enquanto outra parte volta em água para usina.

Já o gás metano que sobra é queimado para gerar energia para a usina Acodeagro, que adotou o sistema. "Em dois ou três anos, o investimento feito na tecnologia para viabilizar o processo, é resgatado”, destacou o produtor rural.

(Com informações da assessoria)

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