Embrapa apresenta amanhã resultado de estudo em duas aldeias de MS
A Embrapa apresenta amanhã (17) os resultados da pesquisa realizada durante três anos em duas aldeias indígenas de Mato Grosso do Sul. A reunião será às 8h no Centro Comunitário da Aldeia Brejão.
Os resultados fazem parte do projeto "Contribuição para a etnossustentabilidade de comunidades indígenas Terena de Mato Grosso do Sul", decorrentes de estudos conduzidos, de 2008 a 2011.
Foram selecionadas as aldeias indígenas que são pólos regionais de referência para condução dos ensaios experimentais: Babaçu (Posto indígena Cachoeirinha) em Miranda/MS, e Água Branca em Nioaque/MS.
Um dos pilares do projeto foi o envolvimento da comunidade indígena nas atividades como forma de proporcionar o desenvolvimento sustentável nas aldeias. Entre outros trabalhos, foram realizados experimentos, em que a cultura de milho em monocultivo, sistema usual das comunidades indígenas, foi comparada à cultura consorciada com diferentes espécies de adubo verde inoculadas com bactérias fixadoras de nitrogênio.
Uma das conclusões do estudo é de que a área do milho em monocultivo precisa ser até quatro vezes maior que a da cultura consorciada para obter o mesmo rendimento de grãos. Essa comparação foi calculada através do Índice de Equivalência de Área (IEA), que é a relação entre a área cultivada em consórcio e aquela em monocultivo.
Para o agricultor indígena e cacique da Aldeia Taboquinha, João da Silva, acompanhar e participar do projeto desde o início foi gratificante. "Antes, a gente não colhia quase nada e agora a produtividade aumentou e tem sucesso na lavoura.", disse o cacique.
Segundo o chefe geral da Embrapa Agropecuária Oeste, Fernando Mendes Lamas, o grande desafio das comunidades indígenas é garantir sua segurança alimentar.
"Esse projeto proporciona condições das comunidades melhorarem a produtividade, otimizando os recursos existentes na propriedade, além de respeitar o ambiente, a cultura e as tradições", destaca.
Rendimentos - Durante os três anos de pesquisa, os rendimentos da cultura do milho em consórcio com as espécies de guandu e crotalária, em Miranda, e com guandu, crotalária e feijão-de-porco, em Nioaque, mostraram-se superiores ao monocultivo de milho, alcançando ganhos de até 305% na receita em uma única safra.
O resultado da pesquisa em números mostra que a menor receita bruta foi obtida no monocultivo de milho, sendo R$ 236 e R$ 1.137,20, nos municípios de Nioaque e Miranda, respectivamente.
Na região de Nioaque, a receita bruta mais elevada foi verificada no consórcio com crotalária (R$ 956,00), seguido por guandu (R$ 830,40), feijão-de-porco (R$ 542,80) e mucuna-preta (R$ 327,60).
Já na região de Miranda, a receita bruta variou entre R$ 1.186,00 e R$ 1.900,40 por hectare, nos consórcios de milho com mucuna-preta e guandu, respectivamente. Isso demonstra que a prática do consórcio da cultura do milho com adubos verdes, inoculados com batérias fixadoras de nitrogênio eficientes e adaptadas às condições locais, traz grande vantagem do ponto de vista agronômico.