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Economia

Leilões ficam para dezembro e produtores reforçam que “panela pode explodir”

Lidiane Kober | 08/11/2013 18:35
Para produtores, governo federal e estadual é omisso e trata categoria como "imbecil" (Foto: João Garrigó)
Para produtores, governo federal e estadual é omisso e trata categoria como "imbecil" (Foto: João Garrigó)

Produtores rurais vão esperar até o dia 30 de novembro para começar a realizar leilões e arrecadar dinheiro a fim de se proteger de eventuais invasões de terras. O Governo Federal prometeu anunciar, até o final do mês, uma solução para o conflito em Mato Grosso do Sul. Se mais uma vez adiar medidas, os índios prometem retomar com força total as invasões.

“Até agora, nem o governo estadual e nem o federal fez algo, então, precisamos nos unir para se proteger”, disse o presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Chico Maia. Segundo ele, o a ideia é reunir bens de todos os produtores para realizar os leilões e arrecadar recursos para contratar seguranças e bancar ações de mobilização.

“Quem tiver gado, doa, que tiver grão, doa, se não tiver nenhum dos dois, doa cavalo, carneiro, galinha, enfim o que tiver”, comentou Maia. Ele frisou que, antes de começar as ações, os produtores vão esperar pela resposta do governo, apesar do descrédito no sentido de aparecer uma solução. Questionado sobre o montante que pretendem arrecadar, ele evitou falar em estimativas.

Presente da reunião dos produtores na tarde desta sexta-feira (8), na Acrissul, o deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM) corroborou o sentimento de descrédito com o poder público. “Só atuam após crises, espero que não precise morrer mais alguém para algo ser feito”, declarou.

Cansado de esperar por medidas, o produtor rural Pio Queiroz Silva considera que o governo trata a categoria como “imbecil”. “O ministro da Justiça (Eduardo Cardozo) veio aqui e, com o celular na mão, disse que a presidente (Dilma Rousseff) prometeu por telefone começar a pagar as indenizações, mas, até agora, só marcam reunião e reunião e nada é resolvido. Tratam a gente como imbecil”, desabafou.

Tensão - Para o presidente da Acrissul, o resultado é a tensão no campo. “A panela de pressão está no máximo, ainda não explodiu, mas pode explodir a qualquer momento”, alertou.

Com área invadida há seis meses, o produtor rural Nilton Carvalho da Silva Filho reforçou a preocupação com novas invasões e eventual confronto. “Em Aquidauana, por enquanto, só minha fazenda está invadida, mas a Funai considera outras 17 áreas indígenas”, comentou. “São centenas de fazendas ameaçadas, fora as 74 invadidas”, completou Chico Maia para reforçar a possibilidade de confronto por terras.

Ele ainda pediu a compreensão e o apoio da sociedade. “Imagine você estar na sua casa, os cachorros começarem a latir e você se deparar com pessoas desconhecidas que invadem sua casa e te expulsam de lá. Daí você liga para a polícia, chama o delegado e o juiz e ninguém te ajuda”, exemplificou para dimensionar a falta de alternativas para os produtores recuperarem suas terras.

Nilton, por exemplo, tem escritura da Fazenda Esperança, há 140 anos. No período, viu sua familiar se desenvolver lá e criar raízes. “É duro deixar tudo prá trás”, comentou. “A gente não tem nada contra índio, pelo contrário, meus funcionários são índios, o que a gente não aceita é a omissão do Estado”, afirmou.

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