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Economia

Produção de orgânicos reforça aposentadoria e renda de famílias

Caroline Maldonado | 19/09/2014 14:55
Produção farta é motivação para produtores que querem participar do projeto (Foto: Marcelo Victor)
Produção farta é motivação para produtores que querem participar do projeto (Foto: Marcelo Victor)

Mesmo com a calmaria da chácara no distrito de Rochedinho, a 20 quilômetros de Campo Grande, a vida não era fácil para a aposentada Zenir de Souza, 74 anos. A aposentadoria dela era a principal fonte de renda da família, que também produzia e vendia queijos. O filho, Jeremias Curado, 28 anos, foi para a "cidade", se formou em Turismo, trabalhou na área, mas voltou para a chácara quando percebeu que o cultivo de orgânicos era a oportunidade para expandir a renda e até mesmo o tamanho da família.

A esposa dele, Heloísa Curado, 26 anos, uma goiana também formada em Turismo abraçou o projeto, que hoje triplicou a renda de todos. “É muito melhor viver e trabalhar aqui, tanto pela renda quanto pelo tempo maior que tenho para cuidar minha filha de um ano. Até a decisão de ter um filho foi a partir da estabilidade financeira”, conta a moça, que espera agora o segundo filho.

Parte das frutas, legumes e hortaliças cultivadas sem agrotóxico nos 39 hectares são vendidas para restaurantes e na feira de orgânicos em Campo Grande, que ocorre pela manhã as quartas-feiras na praça do Rádio Clube e aos sábados no Paço Municipal. Outra parte da produção vai para escolas de Campo Grande, por meio do Pnae (Programa Nacional de Alimentação Escolar) e PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), ambos do Governo Federal.

Zenir se orgulha do empenho da família na produção  de frutas, legumes e hortaliças (Foto: Marcelo Victor)
Zenir se orgulha do empenho da família na produção de frutas, legumes e hortaliças (Foto: Marcelo Victor)
"Horta de fundo de quintal" virou principal fonte de renda de família em Rochedinho (Foto: Marcelo Victor)
"Horta de fundo de quintal" virou principal fonte de renda de família em Rochedinho (Foto: Marcelo Victor)

Desafios - Tudo começou em 2009, quando a “horta de fundo de quintal” de Zenir foi ampliada com ajuda de instrutores e técnicos da prefeitura e do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), que junto ao Banco do Brasil desenvolvem o projeto Pais (Projeto de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável) para 300 famílias em Mato Grosso do Sul.

O Escort velho que até deixava peças pelo caminho, relata Zenir, era o veículo usado para levar os produtos à feira. Mesmo com auxílio do projeto que ensinou como manejar as diferentes culturas, o trabalho não era simples. Para o cultivo sem uso de agrotóxico ou insumo industrializado, eles passaram a produzir ali mesmo o adubo orgânico e os produtos para controle de pragas.

Jeremias deixou o emprego e voltou à chácara para cultivar orgânicos (Foto: Marcelo Victor)
Jeremias deixou o emprego e voltou à chácara para cultivar orgânicos (Foto: Marcelo Victor)

Conquistas – Em meio aos desafios, o retorno financeiro foi aumentando e a família adquiriu um carro melhor em 2011, além de um trator no ano seguinte, financiado pelo Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar).

Orgulhosa com empenho do filho e da nora, Zenir fala da alegria de ver todos desfrutando da vida tranquila da chácara sem nenhuma dificuldade financeira. “Eu admiro muito minha nora que veio e topou trabalhar aqui e até a minha netinha já sabe diferenciar a hortaliça da erva daninha”, conta.

A história da família que já planeja aumentar e diversificar a produção é exemplo para os produtores de assentamentos e outras regiões do Estado, que se reuniram nesta sexta-feira (19) na propriedade da família, durante o “Dia de Campo da Produção Orgânica”. Apresentando as vantagens da produção orgânica aos assentados, os instrutores querem fortalecer e ampliar o projeto.

“A produção orgânica é vantagem também para o consumidor, que adquire um produto de qualidade direto do produtor. Eles criam até uma relação de amizade na feira e os preços não diferem muito dos produtos convencionais”, afirma a superintendente de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Turismo e Agronegócio, Karla Bethania de Nadai.

Zenir e a família cultivam alface, repolho, alho poró, alho comum, acelga, cenoura, beterraba, mandioca, tomate cereja, cebolinha, salsa; além de frutas como laranja, ponkan, abacate e banana. Hoje eles têm até um funcionário para dar conta do serviço que só aumenta junto com a satisfação pelo sucesso do negócio.

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