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Educação e Tecnologia

Telecentro democratiza mundo virtual, mas falta de verba é ameça

Lidiane Kober | 06/09/2014 11:10
Terceira idade ganhou chance de descobrir os segredos dos computadores (Foto: Divulgação)
Terceira idade ganhou chance de descobrir os segredos dos computadores (Foto: Divulgação)

Idealizados para incluir a terceira idade e os estudantes no mundo virtual, os telecentros se dividem entre duas realidades, em Campo Grande. Em uma, idosos têm a chance de conhecer os segredos dos computadores, mas, na outra ponta, há queixas de falta de investimentos e até de descaso. Usuários reclamam da ausência de manutenção nas máquinas, monitores sofrem com salários atrasados e teve gente que desistiu do projeto de tanto esperar pela montagem dos computadores.

No centro comunitário da Associação de Moradores do Parque Maria Aparecida Pedrossian, desde 2012, 11 máquinas estão disponíveis, em sala com ar condicionado, à população no Telecentro. Para instalar os equipamentos e começar um projeto de sucesso, o presidente da entidade, professor Jânio Batista de Macedo, precisou “mexer os pauzinhos”.

Cansado de esperar pela prefeitura para montar os computadores, ele aproveitou viagem a Brasília para cobrar providências. “Contei que estava com o equipamento e faltava gente para instalar”, relatou. Pouco tempo depois, veio um técnico do Governo Federal e fez o serviço. “Era um rapaz franzino”, lembrou Jânio.

Carlos Roberto se diverte pesquisando no Google e aconselha o curso (Foto: Marcelo Calazans)
Carlos Roberto se diverte pesquisando no Google e aconselha o curso (Foto: Marcelo Calazans)

Superado o problema, a associação abriu curso de computação para a terceira idade. Atualmente, 40 pessoas frequentam as aulas gratuitamente. É o caso do aposentado Carlos Roberto Pereira, de 72 anos. “Sempre pedia para meus filhos me ensinar a mexer no computador, mas ninguém tinha paciência. No curso, temos uma ótima professora e gosto muito de entrar no tal do Google para pesquisar”, contou.

A dificuldade, segundo ele, é dominar o teclado e o mouse. “Trabalhei muitos anos com eletricidade, acho que minha mão ficou pesado e todo hora perco a setinha (do mouse) e fico igual doido procurando”, disse Carlos Roberto. Para ele, mais gente deve aproveitar a oportunidade e não faltar em nenhuma aula. “Aconselho o curso, é bom e é de graça”, destacou.

Alerta - O presidente da associação se alegra com a felicidade da terceira idade, mas não deixa de citar a necessidade de melhorias. De acordo com Jânio, não há manutenção das máquinas por parte da prefeitura. “Recentemente, a associação precisou desembolsar R$ 720 para arrumar umas máquinas. Imagine tanta gente mexendo, acaba dando problema, principalmente, por causa de vírus”, ponderou.

Outra reivindicação dele é mais atenção com o salário dos monitores. “Há três meses, nossa professora está com o salário atrasado”, revelou professor Jânio.

Além do curso para o idosos, a associação disponibilizou o espaço para o Senai oferecer cursos profissionalizantes. Por enquanto, a entidade não abriu aos estudantes por temer estragos. “Não temos uma pessoa para ficar cuidando o tempo todo e os alunos têm computadores nas escolas”, observou Jânio.

Jânio se alegra com a felicidade dos idosos, mas ressalta que projeto precisa melhorar (Foto: Marcelo Calazans)
Jânio se alegra com a felicidade dos idosos, mas ressalta que projeto precisa melhorar (Foto: Marcelo Calazans)

Ele ainda faz questão de ressaltar que a associação foi a primeira a abrir o Telecentro, em Campo Grande. “Teve associação que, de tanto esperar pela montagem dos equipamentos, devolveu à prefeitura os computadores por medo de eles serem furtados”, revelou.

O outro lado – Titular da Sedesc (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Turismo e Agronegócio), Edil Albuquerque confirmou que nem todos os Telecentros previstos na Capital estão de portas abertas. “O projeto prevê a instalação de mais de 20, mas não inauguramos todos porque realmente há o temor de furto por falta de segurança em alguns pontos. Fora isso, estamos com problemas na instalação de redes”, explicou.

O secretário ainda informou que o projeto sofreu com certo “esquecimento”, durante a gestão do prefeito Alcides Bernal (PP). “Quando assumimos precisamos colocar tudo em dia e organizar”, disse. Agora, é foco retomar o programa e abrir mais 13 unidades para oferecer computador e internet à população.

Os pontos escolhidos, conforme ele, saíram de análise do Governo Federal, que priorizou comunidades carentes, adensamento populacional e a segurança. O projeto prevê ainda a contratação de um monitor para cuidar das salas e orientar os frequentadores. “Temos o cuidado de bloquear sites de jogos e pornográficos”, frisou Edil.

Além do Parque Maria Aparecida Pedrossian, estão com Telecentros, de acordo com o secretário, os bairros Novo Amazonas, Portal Caiobá I e Coophamat. “Em breve vamos inaugurar outros no centro comunitário do Arnaldo Estevão de Figueiredo e nas Comunidade Quilombola Tia Eva e Buriti. Até o final do ano inauguramos todos”, finalizou Edil.

Por enquanto, prefeitura não teria disponibilizado verba para a manutenção dos computadores (Foto: Marcelo Calazans)
Por enquanto, prefeitura não teria disponibilizado verba para a manutenção dos computadores (Foto: Marcelo Calazans)
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