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Capital

Ciptran diz que Capital ainda não enfrenta engarrafamento, apenas pontos de entravamento

Paula Vitorino | 26/09/2011 14:00

Motoristas já sentem as consequências do aumento da frota de veículos na Capital, que hoje passa de 400 mil, e afirmam que engarrafamento se tornou frequente

Fila de veículos na Joaquim Murtinho ultrapassa rotatórias da Ceará e Zahran. (Fotos: João Garrigó)
Fila de veículos na Joaquim Murtinho ultrapassa rotatórias da Ceará e Zahran. (Fotos: João Garrigó)

Podem até mudar o seu nome – congestionamento, entravamento -, mas não tem jeito, o engarrafamento já está presente no fluxo do trânsito de Campo Grande. É só arriscar passar de veículo pelas principais vias nos horários de pico e pronto, é ter paciência e contar com a sorte para não perder o horário do compromisso.

A desculpa do “cheguei atrasado por conta do trânsito” se tornou uma constante verdadeira. “É difícil para conseguir dirigir no horário de entrada e saída do trabalho. O engarrafamento nas principais vias atrasa o percurso”, diz o motorista Durval de Almeida.

Mas para o comandante da Ciptran (Companhia Independente de Polícia de Trânsito), tenente-coronel Alírio Vilassanti, engarrafamento não existe na Capital. Ele substitui a palavra pela explicação de que na verdade o que acontece são pequenos pontos de entravamento, que prejudicam a fluidez do trânsito.

“São pequenos entravamentos, congestionamentos momentâneos. Em poucos minutos o motorista já consegue seguir pela via de novo”, afirma.

Entre os pontos críticos, estão a Mato Grosso com a Via Park, 14 de Julho com Afonso Pena, Joaquim Murtinho com Eduardo Elias Zahran e Ernesto Geisel na região central.

Pelas vias da Capital hoje circulam pouco mais de 400 mil veículos, o que equivale a um veículo para cada duas pessoas do total de 800 mil habitantes. Apesar de contar com vias largas e ter ocupado em 2008 a 14ª posição na proporção entre veículos e habitantes no país, o trânsito da Capital parece não estar dando conta do crescente número da frota, que em conjunto com outros fatores está “entupindo” as vias.

“Está muito complicado o trânsito. A cidade está crescendo, o número de veículos também, mas a engenharia de trânsito não acompanha. O sistema de tráfego é mal feito”, avalia o motorista Arleon Stelini, de 54 anos.

O professor Carlos Alberto Filho, de 41 anos, lembra que há pouco tempo, cerca de 5 anos, o cenário do trânsito da Capital era outro. “Aumentou muito o número de veículos, principalmente motocicletas. Há pouco você não via engarrafamento, hoje é só passar pelas vias de maior fluxo para ficar preso em um congestionamento”, afirma.

Motorista lembra boom no tráfego de veículos e chama a atenção para a falta de educação.
Motorista lembra boom no tráfego de veículos e chama a atenção para a falta de educação.

Ele avalia que as facilidades para a compra de um veículo são um dos motivos para o boom na frota. Mas também ressalta que o número de veículos não é justificativa para os problemas no trânsito, já que em outras cidades com o dobro de frota a situação é diferente.

“As pessoas são mal educadas, dirigem mal em Campo Grande. Se tivesse mais educação no trânsito a fluidez consequentemente seria melhor. Já morei em cidades de São Paulo e mesmo com muitos veículos os motoristas mantinham a educação”, frisa.

Rapidez nem de moto - Até para os motociclistas, que são conhecidos por conseguir driblar os congestionamentos, a lentidão do trânsito já é sentida.

“É todo dia, sempre que estou indo e vindo de casa fico em algum congestionamento”, diz Paulo Dantas, de 43 anos.

Ele diz que mesmo de moto só consegue fazer o percurso mais rápido se “costurar” os veículos. “Mas não pode, é perigoso. Se parar atrás do carro, sem passar pelo meio, o tempo de trajeto dá o mesmo”, garante.

Alternativas - O comandante Vilassanti acredita que o trânsito da Capital ainda não tenha chegado ao estado alarmante, mas aponta algumas medidas que precisam ser tomadas para prevenir mais problemas.

Para ele, as alternativas são a conscientização e educação dos motoristas, investimentos no transporte público, ciclovias e as obras de mobilidade no transporte.

“Acredito que os projetos municipais de mobilidade vão melhorar a fluidez. O corredor de ônibus e as novas avenidas ligando os bairros ajudam na fluidez, com rotas alternativas. A onda verde também vem melhorando a fluidez”, diz.

No entanto, ele afirma que a Capital está crescendo e que o motorista tem de ter consciência de que não irá mais fazer o trajeto no mesmo tempo em que fazia há alguns anos.

O projeto do PAC Mobilidade Urbana, que aguarda aprovação do Ministério das Cidades, prevê 280 milhões de investimento no transporte da Capital. Serão R$ 20 milhões destinados à construção de cinco terminais; R$ 7,5 milhões para reforma de sete unidades; R$ 160 milhões para construção de 68,4 quilômetros de corredores de transporte coletivo.

Além de R$ 9,7 milhões para implantar 56 quilômetros de ciclovias; R$ 4,5 milhões para modernização do sistema de controle eletrônico; R$ 67,3 milhões para intervenções viárias e R$ 9,5 milhões para estações de pré-embarque.

Segurança - O comandante ainda ressalta que a prioridade da Ciptran é garantir a segurança no trânsito.

“Temos que melhorar a conduta e o número de vítimas no trânsito”, frisa.

Esta também é a opinião da chefe de divisão de educação da Agetran, Ivanise Rotta. “O que é inadmissível são as mortes”, diz.

Ela também reafirma que a Capital não tem engarrafamentos, e sim, entravamentos.

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