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Capital

Estudante que matou segurança admite em audiência ter tomado champanhe

Mariana Lopes | 13/08/2012 20:58
Richard assumiu que bebeu antes do acidente (Fotos: Minamar Júnior)
Richard assumiu que bebeu antes do acidente (Fotos: Minamar Júnior)

Na audiência de hoje do processo por homicídio, Richard Gomide Lima, de 22 anos, assumiu que bebeu uma taça de champanhe na madrugada em que atropelou e matou o segurança Davi Del Valle Antunes, 31 anos, na avenida Afonso Pena. Ele confessou também que estava no motel com um amigo e uma garota de programa.

De barba feita, camisa listrada, calça e sapato social, o réu respondeu a todas as perguntas do juiz Aluízio Pereira dos Santos, do promotor de Justiça Humberto Lapa Ferri e do advogado de defesa, José Roberto Rodrigues da Rosa.

Salvo algumas controvérsias, Richard sustentou a versão contada pela ex-namorada, Gabriela de Barros Paes, e pelo amigo que estava com ele no motel antes do acidente, Argeu Amorim Silveira.

Sem as algemas que usou durante parte da audiência, Richard iniciou o depoimento explicando ao juiz o motivo de duas passagens criminais que constavam na ficha dele, sendo uma por dirigir sem habilitação, em maio de 2008, quando era menor de idade, e a outra de lesão corporal, em novembro de 2011.

Richard assumiu o primeiro fato, dizendo que aquela foi a única vez que dirigiu sem habilitação. Sobre a lesão corporal, ele alegou ter registrado o boletim de ocorrência quando foi agredido por seguranças na festa de sua formatura do 3° ano do ensino médio.

No churrasco que ofereceu aos amigos, na noite do acidente, no prédio onde mora com a irmã, Richard negou que tivesse ingerido bebida alcoólica. Ele confirmou que disse à namorada que o encontro seria somente para homens, e que as namoradas que foram apareceram sem ser combinado.

Ele afirmou que durante o churrasco Gabriela ligou para ele e os dois discutiram. Depois do jogo, por volta da meia-noite, ele teria que levar Argeu em casa e, então, resolveram dar uma volta na cidade para ver o movimento. Pararam em frente à Valey Pub, mas como era tarde, decidiram se divertir com garotas de programa, pois ele queria se “distrair”, como relatou em depoimento.

Richard contou que Argeu procurou um site de programas pela internet do celular e ligou para pedir duas prostitutas. Seguiram para o motel e aguardaram as garotas, mas somente uma apareceu.

Segundo Richard, o amigo levou de casa uma garrafa de champanhe, que estava guardada no carro desde o início da noite, quando eles ainda estavam na casa de Richard.

No motel, segundo o depoimento de Richard e Argeu, foi o réu quem abriu a garrafa de champanhe e acabou derramando o líquido em seu colo. Richard acredita que o espumante derramou em excesso por estar quente e ter sido agitado durante o trajeto dentro do carro.

Na sala de audiência, Richard acompanhou os depoimentos das testemunhas de defesa ao lado da irmã, da tia e da funcionária da família que ajudou a criá-lo
Na sala de audiência, Richard acompanhou os depoimentos das testemunhas de defesa ao lado da irmã, da tia e da funcionária da família que ajudou a criá-lo

Ainda segundo os dois amigos, por a bebida estar quente, Argeu pegou no motel outra garrafa da mesma bebida. Confuso ao ser questionado pelo juiz, Richard disse que não se lembra se bebeu a champanhe gelada ou a quente.

Enquanto Argeu estava com a garota de programa, Richard disse que foi dormir na ante-sala do quarto e depois foi para a banheira, versão contada também pelo amigo dele, exceto a parte que ele dormiu.

Em nenhum momento da audiência Richard disse que teve relações com a prostituta. O réu disse que enquanto estava na banheira, ouviu a discussão no quarto. Ele assumiu ter jogado o celular dela na parede, mas disse que foi para ganhar tempo, pois ela ameaçou ligar para alguém que iria resolver o problema.

Com medo de ela chamar algum agenciador, Richard disse que só pensava em sair do motel e ficou nervoso com a situação. O réu contou que a prostituta saiu do quarto antes deles e em seguida os dois seguiram para a guarita de saída para pagar a conta e ir embora.

Conforme acertado entre os amigos, Argeu pagou o programa e Richard a conta do motel. No depoimento de Argeu, ele disse que o amigo deu um tapa na cabeça dele, de brincadeira, na hora que soube que ele tinha pegado a champanhe. No depoimento de Richard, ele contou que sabia da bebida.

Durante o depoimento, Argeu olhava sempre para o advogado após cada resposta que dava ao promotor, como quem esperava uma aprovação do que dizia. Para o promotor de Justiça, os depoimentos dos amigos de Richard foram contraditórios em vários momentos.

Amigos-Foram ouvidos na audiência de hoje amigos e pessoas que faziam parte da vida de Richard. Entre as testemunhas, prestaram depoimento Rodrigo Alves Shimit e Rafael Martins Miranda, que estavam no churrasco realizado na casa do acusado na noite anterior à madrugada do acidente. Os dois afirmaram que Richard não consumiu bebida alcoólica e que o jovem não costuma beber cerveja, somente bebida destilada.

O ex-sogro de Richard, Sérgio Luiz Campos Paes, também prestou depoimento e, assim como os amigos, disse que o jovem não bebe, tampouco costuma dirigir depois de consumir bebida alcoólica. Ao final de sua declaração, ele disse que “a sociedade tem que dar uma chance para Richard, pois ele é um menino bom”.

No final da audiência, Richard chorou ao receber o abraço dos familiares e dos amigos. Ele saiu da sala escoltado pelos policiais e algemado.

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