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Capital

No reduto de escritórios, garagens e até rotatória viram estacionamento

"Preferem agir de forma errada do que tirar do bolso", reclama morador

Aline dos Santos | 28/03/2016 13:05
Placa do "Proibido Estacionar" é ignorada em garagem na rua Piratininga. (Foto: Marcos Ermínio)
Placa do "Proibido Estacionar" é ignorada em garagem na rua Piratininga. (Foto: Marcos Ermínio)
Renata deixa o veículo em rua perto do trabalho. “Acho que as pessoas tem preguiça de andar”, diz. (Foto: Marcos Ermínio)
Renata deixa o veículo em rua perto do trabalho. “Acho que as pessoas tem preguiça de andar”, diz. (Foto: Marcos Ermínio)

Na rua Piratininga, próximo ao cruzamento com a Bahia, o condutor tem duas opções para estacionar o carro. Do lado direito, há um estacionamento com custo de R$ 1 por 15 minutos; do lado esquerdo, garagens, onde a “parada” pode render multa de R$ 127 e pontos na carteira.

Morador no local, o jornalista Victor Barone, 48 anos, garante que muitos preferem fechar a garagem de sua casa. A cena repete o cotidiano de quem mora ou trabalha em endereços que passam de residencial para comercial, como as ruas Piratininga e da Paz, no Jardim dos Estados. De um lado, os moradores sofrem com os excessos, enquanto quem está de passagem sofre sem vagas.

“Preferem agir de forma errada do que tirar do bolso. Para quem está em casa, é um transtorno. Uma vez só, a gente entende. Mas vira regra. Toda semana a entrada da garagem é obstruída. O que faço? Vou batendo em todos os escritórios, falo o modelo do carro. Não temos o que fazer”, diz Barone. Ele já acionou a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) e relata demora de até 1h30 para chegada do agente. Período em que o condutor pode, simplesmente, ir embora.

Do outro lado da rua, a lanchonete/estacionamento Rota do Suco foi aberta há um mês. Na manhã de segunda-feira (dia 28), eram apenas três veículos no pátio, enquanto quadras abaixo, nem a rotatória da Piratininga com a Osvaldo Cruz escapou de virar vaga.

O estacionamento tem capacidade para 30 veículos, mas ainda não alcançou a lotação máxima. De acordo com o atendente Willian da Rocha, 19 anos, o local recebe os veículos de pessoas que vão à consultórios, escritórios, hospital e até do Fórum, localizado na Rua da Paz.

Localizadas no Jardim dos Estados, as ruas Piratininga e da Paz viram a transformação de endereços residenciais em comerciais. Com o surgimento de clínicas, escritórios e escolas, as vagas de estacionamento se tornaram escassa, nas mesma proporção em que o desrespeito ao CTB (Código de Trânsito Brasileiro) se tornou abundante.

Na Piratininga com a Osvaldo Cruz, rotatória é usada como estacionamento. (Foto: Marcos Ermínio)
Na Piratininga com a Osvaldo Cruz, rotatória é usada como estacionamento. (Foto: Marcos Ermínio)
Estacionamento foi aberto há um mês na rua Piratininga. (Foto: Marcos Ermínio)
Estacionamento foi aberto há um mês na rua Piratininga. (Foto: Marcos Ermínio)
Na Rua da Paz, parquímetro chegou em 2009 perto do Fórum. (Foto: Marcos Ermínio)
Na Rua da Paz, parquímetro chegou em 2009 perto do Fórum. (Foto: Marcos Ermínio)

Na rua Piratininga, próximo à rua Zezé Flores, ter a garagem obstruída por veículo é rotina em uma clínica de fisioterapia. A maior parte é de pessoas que buscam atendimento no local. “Mas tem também quem para e vai ao consultório do lado”, conta a fisioterapeuta Renata Evangelista Villarino, 33 anos.

Ela afirma que deixa o veículo em ruas próximas, enquanto a maioria até burla a legislação em nome da comodidade. “Acho que as pessoas tem preguiça de andar”, diz.

Há 30 dias trabalhando em um escritório de advocacia, a secretária Cristiane Tabosa, 37 anos, já identificou as agruras do trecho da rua Piratininga em que há duas escolas. “Não tem como estacionar, tem que dar voltas e voltas. Quando as crianças saem, tem fila dupla, tripla. Carro em cima da calcada”, relata.

Na Rua da Paz, próximo da Alagoas, a faixa de aluga-se é vista como convite para estacionar em frente à garagem. Na msma via, próximo ao Fórum, foi preciso instalação do parquímetro para aumentar a rotatividade nas vagas. A cobrança chegou em 2009.

A última expansão da Flexpark, empresa que administra as vagas, foi em 2013, quando a cobrança foi levada à rua Maracaju. Enquanto as vagas do parquímetro estacionaram em 2.200, a frota de veículos em Campo Grande cresceu 10% entre 2013 e 2016.

De acordo com estatística do Detran/MS (Departamento Estadual de Trânsito), a frota era de 472.922 veículos em dezembro de 2013. Em fevereiro deste ano, o total chega a 520.883.

Estudo – De acordo com o diretor-presidente da Agetran, Elidio Pinheiro Filho, as vagas de estacionamento na Capital são alvos de estudo. “Estamos reestudando não só as vagas, mas toda a questão da tecnologia utilizada hoje, esses postinhos na rua”, afirma. A previsão é que a análise seja concluída em 40 dias. O contrato da prefeitura com a Flexpark foi prorrogado em 2012. A parceria foi prolongada por dez anos.

Conforme a BPTran (Batalhão de Polícia Militar de Trânsito), obstruir a garagem pode ser classificado como estacionar em desacordo, com multa de R$ 127 e cinco pontos na CNH (Carteira Nacional de Habilitação) pela infração média.

Também na Rua da Paz, placa de "aluga-se" é convite para estacionamento irregular. (Foto: Marcos Ermínio)
Também na Rua da Paz, placa de "aluga-se" é convite para estacionamento irregular. (Foto: Marcos Ermínio)

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