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Capital

Para quem está nas ruas, trânsito já tem momentos "infernais"

Paula Maciulevicius e Viviane Oliveira | 13/11/2012 09:44
Com 439 mil veículos em Campo Grande, trânsito passou de caótico para infernal nos últimos anos, dizem motoristas. (Foto: Minamar Júnior)
Com 439 mil veículos em Campo Grande, trânsito passou de caótico para infernal nos últimos anos, dizem motoristas. (Foto: Minamar Júnior)

“Um inferno. Dá para imaginar como vai ser daqui 15 anos? Das 4 da tarde em diante então... E quando chove?” O que o vendedor João Vicente Ferreira, 52 anos, relata é o que a maioria dos campo-grandenses quem tem de passar por aqui sente na pele. Ou melhor no volante: o caos que o trânsito na Capital se tornou, principalmente na região Central.

De uns anos para cá a justificativa é sempre o aumento da frota de veículos. Os números não mentem: são 439 mil veículos ou seja, um automóvel para cada 1,8 morador. Mas para os motoristas falta, além de fiscalização, organização no trânsito, educação e paciência de quem divide as ruas e avenidas.

De quem tira o sustento na direção até quem usa o veículo por necessidade de ir e vir, é unânime quem sofra durante os horários de pico. Logo no início da manhã, das 6h30 até 7h30, que corresponde a entrada de escolas ou começo de expediente mesmo, intervalo das 11h30 às 13h, pelo almoço e no final da tarde, congestionamento, buzinas e quem pela demora para se chegar em casa, até acende os faróis porque o sol já caiu.

O vendedor João Vicente Ferreira acha que se hoje está assim, imagina daqui mais de década? (Foto: Minamar Júnior)
O vendedor João Vicente Ferreira acha que se hoje está assim, imagina daqui mais de década? (Foto: Minamar Júnior)

O taxista Nelson Almeida, 37 anos, fala que do trajeto que faz por toda cidade entre idas e vindas com passageiros, o ponto mais crítico é a rotatória da avenida Gury Marques. “Demoro mais de 10 minutos pra passar por ali tanto no sentido bairro centro, como no outro. É preciso que mude urgentemente alguma coisa. Organização de sinalização, eles modernizam as vias, mas precisa reorganizar”, diz. No fim das contas, ele fala, é o passageiro quem sai pagando.

O Campo Grande News passou por pontos que costumam ser tumultuados e que remetem ao motorista a comparação de que o inferno está ali, resumido no trânsito.

“É caótico sim. Eu acho que o trânsito não foi muito organizado. O fluxo aumentou e precisava alargar a avenida, está muito apertado para os carros. O horário de pico é quase toda hora, está tudo mal programado pelo número de carros”. O desabafo é do funileiro José Silveira, 44 anos. O ‘caótico’ sai da boca com ênfase. Muitas vezes ele até troca o carro pela moto, na tentativa de sentir o trânsito fluir mais.

Ele ainda ressalta ainda outra questão, a fiscalização. “Tem muitas pessoas desabilitadas e que estão dirigindo aí”, completa.

Paulo Roberto Vargas, motorista contabiliza aumento de 25 minutos em determinados trajetos. (Foto: Minamar Júnior)
Paulo Roberto Vargas, motorista contabiliza aumento de 25 minutos em determinados trajetos. (Foto: Minamar Júnior)

O motorista Paulo Roberto Vargas, 29 anos, descarrega águas minerais. O sofrimento está em, além de trafegar pelas vias do centro, encontrar estacionamento. “O que antes eu fazia em 15 minutos, de chegar, achar vaga e descarregar, hoje não levo menos de 40 minutos até sair do centro”, relatou.

Para ele, falta fiscalização de policiamento e dos próprios condutores em se ‘cuidarem’ para o trânsito fluir melhor. “Na faixa de pedestre, a gente tem que parar para eles passarem, não adianta ficar buzinando. Está vendo tudo congestionando e continua buzinando. Acho que a paciência é uma virtude que precisa ter aqui no centro”.

Na região da Cabeça de Boi, onde já foi rotatória e hoje é um conjunto de semáforos, o motorista de ônibus Cleiton da Silva resume que o problema está nos próprios motoristas. “Precisava de um corredor de ônibus, se tivesse a gente ia só neles, como não tem, é difícil trafegar com carros estacionados, por exemplo” diz.

Coordenador de ponto de mototáxi há 12 anos, Elísio da Silva ainda acredita que o inferno é feito por cada motorista. (Foto: Minamar Júnior)
Coordenador de ponto de mototáxi há 12 anos, Elísio da Silva ainda acredita que o inferno é feito por cada motorista. (Foto: Minamar Júnior)

O ‘inferno’ para um mototaxista há 12 anos é definido de outra maneira. Calmamente ele lia o jornal no ponto onde coordena, na esquina das ruas 14 de Julho com Barão do Rio Branco. “A verdade é que o inferno quem faz é a própria pessoa, que não se respeita e não se dá o respeito”, descreve.

Para ele, pelo fato de Campo Grande ser uma capital ele ainda considera que está longe dos transtornos de metrópoles, porque o fluxo de veículo apesar de crescente, ainda não é tanto comparado ao de São Paulo.

“É um processo de cultura, tem muitos que não se habilitaram e estão conduzindo veículos. Às vezes você está trafegando numa via e o trânsito não flui e estão seis carros apenas. Tem gente que para pra fazer o embarque e desembarque que não condiz com o dia-a-dia no trânsito. Não é só uma questão de escola, é educação de berço”.

Para o especialista em trânsito do Sest/Senat, Herivelto Moisés, o trânsito de Campo Grande ainda não pode ser considerado infernal, porém em alguns pontos são bem complicados em horários de picos.

Sem tirar a responsabilidade do poder público, o especialista observa que o estrangulamento visto nas avenidas Duque de Caxias, Afonso Pena, Eduardo Elias Zahran, Mato Grosso, entre outras são reflexo do hábito do motorista não se planejar.

Ele ressalta que um planejamento por parte dos condutores pode facilitar o trânsito em horários de maior congestionamento. “A maioria das pessoas deixam tudo para última hora e acabam utilizando sempre o mesmo percurso congestionando uma via só”, destaca, acrescentando que o caminho mais curto, nem sempre é o que economiza mais.

O crescente aumento de veículos, afirma, teve acompanhamento da engenharia de tráfego, tendo em vista principalmente a região central com o recapeamento de avenidas e o uso da tecnologia. “Nós podemos fazer a diferença no trânsito para dar valor naquilo que mais temos de importante: a vida.

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