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Capital

Só mudança de comportamento pode reduzir mortes e acidentes no trânsito

Flávia Lima | 18/08/2015 14:14
Fiscalizações serão intensificadas para ajudar no combate às infrações. (Foto:Fernando Antunes)
Fiscalizações serão intensificadas para ajudar no combate às infrações. (Foto:Fernando Antunes)
Celular ao volante é uma das principais infrações. (Foto:Fernando Antunes)
Celular ao volante é uma das principais infrações. (Foto:Fernando Antunes)

Dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2013, divulgada pelo IBGE em maio deste ano, indicam que Mato Grosso do Sul está na décima maior proporção no ranking nacional de acidentes. Já em relação aos acidentes com motos, o Estado ocupa o sétimo lugar em mortes envolvendo motociclistas, segundo o Ministério da Saúde.

A taxa de mortalidade no estado é de 11,3 para cada 100 mil habitantes. O índice supera a média nacional, que é de 6,3 por 100 mil habitantes.

Mesmo com a intensificação de campanhas educativas e de blitze, que resultaram em uma redução de 43% no número de acidentes na Capital, as autoridades de trânsito do Estado ainda consideram preocupantes o índice de motoristas que cometem infrações, apesar das ações de conscientização e punitivas.

Pensando nesse público, o Detran de Mato Grosso do Sul lançou, nesta terça-feira (18), um pacote de ações que será desenvolvido ao longo da Semana Nacional de Trânsito, que este ano acontecerá entre os dias 18 e 25 de setembro, com o tema a mudança de comportamento do próprio cidadão e, principalmente, dos motoristas, focando a redução de acidentes.

A semana será comemorada entre os dias 18 e 25 de setembro e através do tema "Seja Você a Mudança no Trânsito", tem a finalidade de conscientizar a sociedade da importância de uma mudança de postura como fator essencial para reduzir os índices de mortes e feridos em ruas e rodovias brasileiras.

O tema surgiu após reunião entre o Contran (Conselho de Trânsito Brasileiro) e órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito. Conforme a diretora do setor de Educação do Detran-MS, Marilena Rondon, o objetivo das ações é mostrar que o trânsito é uma questão de cidadania e que integra a rotina de todas as pessoas, independente de possuir um veículo. “Queremos levar a sociedade a refletir sobre a importância de um comportamento mais responsável, que promova mudanças de atitude”, ressalta.

Para isso, o Detran, em parceria com a Agetran (Agência Municipal de Trânsito), além de entidades filantrópicas, escolas e moto-clubes vai realizar palestras, abordagens educativas, gincanas, corridas de rua e até a participação no Dia Mundial sem Carro, que acontece em 22 de setembro. Nesta data, na Capital, serão realizadas atividades na Praça Aquidauana, na Rua Barão do Rio Branco, que vai culminar com uma caminhada no final da tarde pelas ruas do Centro.

A abertura da Semana Nacional contará com palestra do filósofo e professor Mario Sérgio Cortella, que vai abordar a temática do trânsito na Câmara Municipal.

Para o especialista em trânsito, Carlos Alberto Pereira, além das ações educativas, é importante que os governos invistam na melhoria do transporte público, tirando o número excessivo de carros das vias, além de facilitar a aquisição da CNH pela população de baixa renda. “Muitas pessoas dirigem sem habilitação porque o processo de formação é custoso”, enfatiza.

Nesse sentido, a diretora-presidente da Agetran, Elizabeth Félix, lembra que no Estado existe o projeto Formação do Jovem Condutor, implantado há cinco anos, durante sua passagem pelo Detran e ainda na ativa. Através dele, alunos do Ensino Médio tem a oportunidade de frequentar 150 horas/aula referentes as leis e temas relacionados ao trânsito. Após o curso, os alunos que desejarem tirar a habilitação, não precisam assistir as aulas teóricas nas auto escolas, passando diretamente às práticas. Além disso, eles tem desconto nas taxas cobradas pelo Detran.

Na opinião de Elizabeth Félix, o investimento em ações educativas é primordial para ampliar o respeito às leis de trânsito. “É um processo a longo prazo, mas necessário. Se a geração mais antiga de motoristas tivesse essa abordagem na escola, seria mais consciente”, ressalta.

Ela revela que só na Capital existem pelo menos 500 mil motoristas e apesar de não possuir dados quanto ao percentual que dirige sem CNH, ela afirma que o número é grande devido às infrações cometidas, que levam às suspensões do documento. “Temos motoristas suspensos com 200 pontos na carteira. Isso é um absurdo. Tem gente que reduz a velocidade em uma lombada e depois acelera o carro, mesmo em frente uma escola”, diz.

Impunidade - Segundo a diretora-presidente da Agetran, os motoristas que cometem infrações têm uma falsa sensação de impunidade, mesmo com as blitze diárias. A afirmação pode ser comprovada na Avenida Afonso Pena, uma das principais vias da Capital, onde o limite de velocidade é de 50 km/h. Bastam alguns minutos de observação em frente ao shopping Campo Grande, para verificar a grande quantidade de veículos que passam acima do limite permitido, mesmo com as sinalizações.

Segundo dados do Detran-MS, além do excesso de velocidade, entre as principais infrações está dirigir alcoolizado e sem habilitação. Esse conjunto de imprudências gerou 6.420 acidentes em todo o Estado no primeiro semestre, sendo que na liderança estão os motociclistas.

O diretor-presidente do Detran-MS, Gerson Claro Dino, aposta também no rigor do processo de formação do condutor, com a ampliação das horas/aula nos cursos, uso dos simuladores e utilização de GPS nos veículos das auto escolas para monitorar os alunos. “Dirigir não é direito, é uma concessão do Estado. Temos que tornar o curso para adquirir a CNH mais rigoroso, por isso durante a Semana Nacional queremos envolver o maior número possível de entidades para promover uma ampla discussão que torne o trânsito mais seguro”, afirma.

Apoio – O rigor na cobrança das leis tem o apoio de motoristas e motociclistas ouvidos pelo Campo Grande News.
Na opinião do mototaxista Luciano Sandim, o grande problema é a rivalidade instaurada nas vias entre os condutores de motos e de veículos. “Eles fecham a gente, por isso acabamos invadindo faixas para evitar acidentes”, justifica.

No entanto, ele concorda que uma grande parcela de motociclistas também abusa, através de ultrapassagens indevidas. “As ações educativas ajudam muito, mas é preciso ampliar a fiscalização”, acredita.

O aposentado Ivan Vagner e a agente administrativa Delma de Matos explicam as imprudências devido a falta de uma educação básica. “Tem que começar nas escolas o trabalho porque já vi muitas crianças chamarem a atenção dos pais e serem ignoradas. A esperança de uma paz no trânsito está nas gerações futuras”, diz Ivan.

Já Delma reclama da falta de acessibilidade, fator que, segundo ela, contribui com os acidentes. “É importante cobrar da população, mas também é preciso oferecer condições de segurança. Nem sempre conseguimos respeitar as leis porque quando vamos descer do ônibus, nem sempre há local adequado para o cadeirante trafegar”, destaca.

Diretor-presidente do Detran, Gerson Claro, aposta no rigor da formação dos condutores como meio de conscientização. (Foto:Fernando Antunes)
Diretor-presidente do Detran, Gerson Claro, aposta no rigor da formação dos condutores como meio de conscientização. (Foto:Fernando Antunes)
Diretora-presidente da Agetran, Elizabeth Félix, diz que motoristas tem "falsa sensação de impunidade". (Foto:Fernando Antunes)
Diretora-presidente da Agetran, Elizabeth Félix, diz que motoristas tem "falsa sensação de impunidade". (Foto:Fernando Antunes)
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