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Capital

PF faz buscas na casa de chefe do Ibama e de dono de criação de jacarés

Marta Ferreira | 07/10/2011 16:19

Operação também apreendeu material no Imasul, na Semac e na Prefeitua de Aquidauana

Policiais federais entram na sede do Ibama, que ficou fechado para operação desencadeada esta manhã. (Foto: Fernando Dias)
Policiais federais entram na sede do Ibama, que ficou fechado para operação desencadeada esta manhã. (Foto: Fernando Dias)

A Operação Caiman, que a Polícia Federal desenvolve desde hoje cedo, está fazendo buscas na sede do Ibama, em Campo Grande, no Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), na Semac (Secretaria de Meio Ambiente, Semac (Secretaria de Meio Ambiente, do Planejamento, Ciência e Tecnologia), na Prefeitura de Aquidauana, e na casa de dois investigados, o superintendente do Ibama no Estado, David Lourenço, e o funcionário aposentado do órgão, Gerson Bueno Zahdi. Em todos os locais, os policiais procuram, com autorização judicial, documentos e materiais que podem servir de provas para apuração de irregularidades envolvendo a pousada e o criadouro de jacarés de Zahdi, em Miranda.

A ação está sendo desenvolvida com base em mandados de busca e apreensão deferidos pela Justiça Federal, acatando pedido da PF e com parecer favorável do MPF (Ministério Público Federal). Sete equipes, totalizando 30 policiais, desenvolvem a operação.

O processo na Justiça Federal que ordenou as buscas e apreensões é sigiloso. Na Polícia Federal, não são fornecidos detalhes da investigação.

O Campo Grande News apurou que nos locais visitados já foram apreendidos documentos, agendas e computadores. No Ibama, a ação chegou a fechar o órgão, e os cerca de 50 funcionários que foram trabalhar não puderam entrar.

Em nota divulgada à imprensa, a PF informa que a investigação é para apurar delitos de venda, exposição, manutenção em cativeiro, depósito ilegal e transporte irregular de espécimes da fauna silvestre nativa do pantanal, principalmente o jacaré.

A corporação informou que, no decorrer das investigações surgiram evidências de envolvimento de servidores públicos, “notadamente do IBama”, como foi acentuado na nota.

O Campo Grande News vem fazendo desde agosto, reportagens sobre a investigação. Segundo a apuração feita até agora, a suspeita da PF é que Zahdi, que atuou durante anos no setor que fiscaliza a atividade desenvolvida comercialmente por ele, foi beneficiado por ser funcionário do órgão. Com isso, enriqueceu explorando a criação de jacarés e a atividade turística tendo nos animais um de seus atrativos. Ele já deu entrevista para jornais e televisões do mundo todo sendo apresentado como exemplo de conciliação entre a atividade comercial e o meio ambiente.

Está sendo investigado, por exemplo, o fato de nunca ter havido fiscalização da forma como deveria no criadouro de jacarés, voltado à comercialização da pele, artigo bastante valorizado no mercado internacional para uso na confecção de sapatos e bolsas.

O Ibama informou, nesta semana, que está fazendo uma espécie de devassa nos procedimentos envolvendo Zahdi. Ele já foi multado pelo órgão em mais de R$ 300 mil e recorreu da multa.

A assessoria de imprensa do órgão afirmou, de manhã, que se houver alguma irregularidade envolvendo funcionários, eles serão punidos.

Em entrevista ao Campo Grande News, em agosto, o funcionário aposentado Gerson Zahdi negou que tenha sido beneficiado por ser funcionário do órgão e disse que sua atividade deveria ser encarada como um incentivo à preservação ambiental. Procurado nesta semana, ele não quis dar entrevista.

O advogado dele, Carlos Alberto Miranda, informou que aguardaria a conclusão do inquérito a respeito, para definir o que fazer sobre o assunto.

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