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Cidades

Família aciona Justiça para garantir kit covid a paciente com câncer

Eliane Pereira está internada desde dia 9 de setembro e foi para UTI; hospital teria se negado a ministrar hidroxicloroquina

Silvia Frias | 22/09/2020 11:14
Mulher faz tratamento contra câncer há dois anos e está internada na Santa Casa desde dia 9 de setembro (Foto/Arquivo: Kisie Ainoã)
Mulher faz tratamento contra câncer há dois anos e está internada na Santa Casa desde dia 9 de setembro (Foto/Arquivo: Kisie Ainoã)

A família de uma aposentada de 49 anos, internada na Santa Casa de Campo Grande, entrou na Justiça para que a mulher seja medicada com o kit covid, o que teria sido negado pelo hospital. Eliane Rodrigues Pereira está na UTI, intubada e com suspeita de ter contraído o novo coronavírus depois da internação.

Embora a Justiça tenha negado em caráter liminar, foi determinado que a Santa Casa anexe prontuário da paciente em prazo de 24 horas, apontando se há diagnóstico positivo para covid-19 e o tratamento ministrado.

Eliane mora com a filha, a acadêmica de Psicologia, Sara Fernandes, 24 anos, em Aquidauana, a 140 quilômetros de Campo Grande e faz tratamento contra câncer de medula há dois anos.

Sara contou ao Campo Grande News que chegaram no dia 9 de setembro para consulta

Eliane, internada na Santa Casa (Foto/Reprodução)
Eliane, internada na Santa Casa (Foto/Reprodução)

Na Santa Casa, porém, com base no resultado dos exames, a médica resolveu internar a aposentada para acompanhamento do quadro clínico.

“Depois de uma semana ela começou a sentir falta de ar”, disse Sara, que permaneceu no hospital com a mãe, como acompanhante. Segunda ela, os exames apontaram quadro de pneumonia. No domingo (20), a aposentada foi submetida a tomografia.

“Ontem uma das médicas veio falar comigo, disse que a suspeita era de covid e que ela iria para o isolamento”, disse a estudante. Eliane foi intubada e está internada na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo).

Sara disse que a informação de paciente com covid já constaria no prontuário, mas que a confirmação oficial somente sairia hoje. Na ocasião, a jovem pediu que fosse ministrado o kit covid que contém, entre outros medicamentos, Hidroxicloroquina e Ivermectina, de uso contestado pelas sociedades brasileiras de Infectologia e Pneumologia.

A resposta, segundo Sara, é que o hospital não fazia uso da hidroxicloroquina no tratamento. “Tem estudos que comprovam a eficácia, eu prefiro arriscar: nunca ouvi falar de ninguém morrer de hidroxicloroquina, mas, de covid, tem um monte”.

A ação foi protocolada ontem e tramita na 16ª Vara Cível de Campo Grande. O advogado, Juliano Quelho entrou com tutela antecipada em caráter de urgência devido a gravidade do quadro clínico de Eliane. No pedido, não constam informações do prontuário da paciente, pois a filha não teve acesso aos documentos, que somente seriam liberados hoje.

Ontem mesmo, no fim da tarde, a juíza Mariel Cavalin dos Santos, considerou temerário conceder tutela antecipada sem alguns elementos, como a anuência da paciente, o que seria impossível devido ao coma induzido. “justifica-se por ora a necessidade de cautela já que estaria admitindo que uma pessoa fizesse escolha que poderia custar a vida de outra”.

A magistrada considerou que, apesar de constar a presença de sintomas compatíveis com a covid-19, ainda não há documento apontando diagnóstico seguro.

Por isso, mesmo negando a tutela antecipada, determinou que a Santa Casa anexe, em prazo de 24 horas, cópia do prontuário médico dando conta do diagnóstico para covid-19 e o tratamento prescrito. Designou médico oncologista Henrique Ascenço como perito para avaliar o caso.

A reportagem entrou em contato com assessoria da Santa Casa para atualizar qual o procedimento adotado pelo hospital em relação ao kit covid e sobre o quadro clínico da aposentada e ainda aguarda retorno.

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