Réu do 8/1 diz ser perseguido e pede salvo-conduto para evitar nova prisão
Corretor alega ter sido alvo de retaliação após fazer denúncias e se lançar pré-candidato à Presidência

O corretor de imóveis e ativista Glaudiston da Silva Cabral, morador em Ponta Porã, a 313 km de Campo Grande, tenta se antecipar a possíveis decisões judiciais de prisão e de busca judicial. No habeas corpus que impetrou no TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), ele alega ser perseguido por várias instituições.
RESUMO
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O corretor de imóveis Glaudiston da Silva Cabral, réu em processos relacionados aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, busca na Justiça um habeas corpus preventivo alegando perseguição de autoridades. Morador de Ponta Porã (MS), ele ficou preso entre abril e outubro deste ano após romper monitoramento eletrônico. Cabral enfrenta múltiplos processos judiciais, incluindo casos de calúnia e difamação contra autoridades federais. O Ministério Público Federal solicitou avaliação de sua sanidade mental devido a comportamentos incomuns em audiências. Em sua defesa, ele alega que as ações judiciais são retaliações por suas denúncias contra corrupção em instituições públicas.
Em abril deste ano, Glaudiston foi preso e liberado no mês de outubro. Antes disso, ficou foragido ao romper o sistema de monitoramento eletrônico.
Em uma de suas investidas mais recentes, enviada por ele ao Campo Grande News, Glaudiston informa que impetrou um habeas corpus preventivo na Justiça Estadual de Ponta Porã, alegando estar sob "risco real, atual, concreto e iminente de nova prisão arbitrária". O pedido de salvo-conduto objetiva proteger sua liberdade de um suposto "padrão persecutório" que atribui a autoridades locais, como o Comandante da Polícia Militar e o Prefeito Municipal.
Decisão preliminar do plantão judiciário do TJMS recusou-se a apreciar o pedido em caráter de urgência, alegando que o caso exige uma "aprofundada análise fático-jurídica" que extrapola a competência do juízo plantonista.
Isso porque, em 16 de abril deste ano, em cumprimento de mandado de prisão relativo a 8 de janeiro de 2023, caso no qual é réu, Glaudiston atuava como vigilante patrimonial da Prefeitura de Ponta Porã e resistiu. Ele nega qualquer reação ou resistência, mas responde pela situação na Justiça Federal.
Solto em 15 de outubro de 2025, o corretor tem usado ativamente suas redes sociais, publicando vídeos de suas audiências, inclusive de casos que tramitam em segredo de justiça. Recentemente, teve seu acesso ao sistema de processos judiciais suspenso, o que ele também classifica como "perseguição".
Nas postagens mais recentes, de quatro dias atrás, ele divulgou gravações de audiências de seus processos em Sinop (MT), em que responde por calúnia e difamação contra um juiz do trabalho e um policial federal. Apesar de seu canal no YouTube estar inacessível, os vídeos ainda podem ser acessados individualmente. No Instagram, sua página também foi removida.
Pesquisas da reportagem mostraram que Glaudiston foi alvo, em 2007, de operação da Polícia Federal denominada "Bolas de Fogo", contra organização criminosa de contrabando de cigarro liderada por Hyran Georges Delgado Garcete. O corretor, entretanto, teve sua punibilidade extinta no caso.
Atos antidemocráticos - O corretor é réu em um dos inquéritos que apuram os atos antidemocráticos e a incitação a crimes contra os Poderes da República. No âmbito da Petição 12.278, sob relatoria do Ministro Alexandre de Moraes, no STF (Supremo Tribunal Federal), ele responde por associação criminosa e incitação ao crime, após ter proferido críticas e ofensas graves ao próprio ministro.
A sua prisão estava ligada a este caso, por descumprimento de medidas cautelares. Em agosto deste ano, o Campo Grande News relatou o caso e mostrou que chamou o ministro de satanista em publicação nas redes sociais.
Os processos de Sinop são ações penais na Justiça Federal por acusações relacionadas a ataques a autoridades federais. Uma das ações envolve um servidor da Polícia Federal como ofendido, e a outra, um subprocurador-geral do Ministério Público do Trabalho, seguindo um padrão de ataques verbais a servidores públicos.
Insanidade - O comportamento de Glaudiston nas audiências criminais de Sinop levou o MPF (Ministério Público Federal) a solicitar a instauração de um incidente de insanidade mental, em razão da conduta incomum apresentada pelo réu. Em uma de suas manifestações registradas e agora divulgada em vídeo, o ativista se recusou expressamente a se submeter ao exame e acusou seu próprio advogado de "patrocínio infiel".
Ele alegou que o advogado seria apenas um "assistente jurídico" e não um "tutor ou curador", insistindo em exercer o direito de autodefesa, inclusive citando o Pacto de San José da Costa Rica. Glaudiston chegou a solicitar que sua situação fosse comunicada à Corte Interamericana de Direitos Humanos e ao Tribunal Penal Internacional. Em outra, ele alega que foi preso depois de se lançar como pré-candidato independente à Presidência da República.
O histórico de acusações públicas de Glaudiston também resultou em uma condenação na esfera cível. Em sentença proferida pela Justiça Federal de Sinop, ele foi condenado a pagar R$ 28 mil por danos morais à Caixa Econômica Federal e a três de seus funcionários.
A Justiça considerou que Glaudiston abusou da liberdade de expressão ao fazer acusações graves e infundadas de corrupção no programa Minha Casa, Minha Vida em vídeos, determinando a remoção definitiva dos conteúdos do YouTube e Facebook.
Em sua defesa, Glaudiston Cabral alega que as múltiplas ações judiciais e prisões são parte de uma retaliação por suas denúncias contra a corrupção e os abusos cometidos por instituições públicas.
Ele ainda se autointitula presidente da ANSP (Associação Nacional da Soberania Popular) e autor do Dossiê Impeachment Geral e do Caso OTP-CR-273/2018 junto ao Tribunal Penal Internacional. O réu também afirma ser especialista em MCMV (Minha Casa, Minha Vida).
Resposta - À reportagem, Glaudiston fala dos abusos sofridos, afirmando que foi preso ilegalmente, ter tido seu acesso ao sistema de justiça bloqueado (e-SAJ) e ter sido alvo de uma tentativa de imputação psiquiátrica arbitrária, que ele classifica como "tortura psicológica" conforme a classificação da ONU.
Sustenta ainda que o caso não é mais um "fato isolado" e agora integra um procedimento internacional na OEA (Organização dos Estados Americanos), na ONU e no TPI (Tribunal Penal Internacional). Ele afirma que os abusos já foram preliminarmente reconhecidos pela OEA e pelo TPI e que a prioridade é garantir que os fatos cheguem intactos a essas instâncias, onde o Estado é o investigado, e não ele.
Sobre o habeas corpus preventivo em Ponta Porã, ele afirma que o pedido se destina apenas a garantir seu direito de proteção, o acesso ao sistema e a prevenção de novos abusos. Por fim, destaca que enviou documentos à imprensa por envolverem tratados internacionais, citando bloqueios injustificados e a necessidade de proteger a integridade de todos os envolvidos.
Em relação a não ter advogados e fazer sua autodefesa, afirma que sua defesa é técnica e já estaria documentada há anos em organismos internacionais. Atuar em jus postulandi (em causa própria) no âmbito estadual faz parte da estratégia processual, e não se deve à ausência de defesa.
O ativista finaliza dizendo ter "sobrevivido à prisão ilegal, à tentativa de descredibilização e ao isolamento institucional", garantindo que "a verdade continua intacta".
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