ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MARÇO, TERÇA  19    CAMPO GRANDE 25º

Capital

Preso por atear fogo na mulher diz que estava “bêbado e drogado”

Gilson Ferreira da Silva prestou depoimento e permaneceu detido graças a pedido de prisão preventiva registrado pela Deam no mesmo dia do crime

Humberto Marques e Geisy Garnes | 13/12/2017 16:38
Gilson prestou depoimento e permaneceu detido graças a pedido de prisão preventiva feito pela Deam. (Fotos: André Bittar)
Gilson prestou depoimento e permaneceu detido graças a pedido de prisão preventiva feito pela Deam. (Fotos: André Bittar)

Gilson Ferreira da Silva, 39, o homem que no domingo (10) jogou gasolina e ateou fogo na mulher, Adriele de Fátima Soares Silva, 27, afirma que cometeu o crime em meio a um “surto”, pois estava “bêbado e drogado”. As declarações foram dadas à delegada Ariene Murad, da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher). O autor, que é alvo de prisão preventiva, vai responder à Justiça por tentativa de feminicídio com dois agravantes.

Na tarde desta quarta-feira (13), Gilson foi apresentado pela Deam. Ele havia se apresentado no dia anterior na 4ª Delegacia de Polícia Civil da Capital, que o transferiu para a Delegacia da Mulher, onde prestou depoimento e permaneceu sob custódia. Ariene explicou que, já no dia do crime, havia sido apresentado pedido de prisão preventiva contra o homem, que foi aceito pela Justiça.

O crime ocorreu na madrugada de domingo no Residencial Ramez Tebet. A mulher foi encaminhada para a Santa Casa em estado greve, quando o marido se evadiu do local do crime.

Em depoimento, segundo a delegada, Gilson afirmou que ele e a mulher consumiam bebidas alcoólicas e pasta-base de cocaína. A droga teria acabado, e Adriele teria pedido que ele comprasse mais. O homem afirma que não tinha dinheiro, ouvindo a sugestão de vender “vinagre e pimenta” que tinham em casa. Diante da negativa dele, teria começado uma discussão.

Questionado sobre a briga com a mulher, o homem afirma que “teve um surto” enquanto estava “bêbado e drogado”. Segundo ele, quando se deu conta, Adriele já tinha fogo sobre o corpo. “Apaguei o fogo dela, estava desesperado, não sei o que aconteceu”, afirmou.

Sobre a origem da gasolina, Gilson disse que atua como jardineiro, e o combustível era usado em uma máquina de cortar grama. O homem ainda afirmou às autoridades que estava arrependido de ter cometido o crime. Na delegacia, teria perguntado várias vezes sobre o estado da mulher que dizia amar. Sua ficha, porém, apontou apenas um registro de ocorrência por vias de fato, ocorrido há um ano.

Ariene Murad trabalha com a tese de que vítima estava dormindo quando foi alvo da tentativa de feminicídio.
Ariene Murad trabalha com a tese de que vítima estava dormindo quando foi alvo da tentativa de feminicídio.

Premeditado – Para a Polícia Civil, porém, as alegações de Gilson não influenciaram suspeitas de que a ação foi premeditada. Conforme Ariene Murad, ele teria aguardado Adriele dormir para cometer o crime. Embora o autor afirme que ambos estavam acordados, a hipótese acabou reforçada pelo depoimento do vizinho que socorreu a mulher.

A delegada informou que, em depoimento, essa testemunha havia ouvido Adriele gritar por socorro, dizendo que o companheiro queria a matar. “Eu acordei pegando fogo”, teriam sido as palavras da mulher ao vizinho, ainda conforme Ariene Murad.

Gilson será denunciado por tentativa de homicídio com dois qualificadores: motivo fútil (a suposta briga por conta do uso de drogas) e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima. A delegada informou, ainda, que pretende usar o laudo médico de Adriele Silva como exame de corpo de delito “indireto”, até que ela se recupere e possa passar pelo Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal).

Neste ano, a Deam registrou 6 feminicídios e 19 tentativas de feminicídios e Campo Grande –contra 7 crimes com morte e 38 tentativas em 2016. No Estado, são 16 mortes e 51 tentativas ao longo de 2017.

Nos siga no Google Notícias