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Capital

A 5 dias do desfile, trabalho não tem hora para acabar em escolas

Integrantes das escolas de samba contam que precisam se "virar nos 30" para garantir beleza das escolas na avenida

Maressa Mendonça | 19/02/2020 15:11
Janaína Feitosa e Moacir Feitosa trabalham na confecção de fantasias (Foto: Kisie Ainoã)
Janaína Feitosa e Moacir Feitosa trabalham na confecção de fantasias (Foto: Kisie Ainoã)

A menos de uma semana para o desfile das escolas de samba de Campo Grande e o ritmo é acelerado nos barracões. Com horário para chegar e não para sair, os voluntários se desdobram para terminar a montagem de fantasias e carros alegóricos. E esses trabalhos intensos não são exclusivos do período pré-festa. Acostumados com a liberação dos repasses “em cima da hora”, eles garantem que precisam trabalhar “pesado” o ano inteiro se quiserem fazer bonito na avenida.

Na tarde de terça-feira (18), a reportagem do Campo Grande News percorreu três barracões de escolas de samba: a Deixa Falar, Igrejinha e a Unidos da Vila Carvalho. Em todas elas o mesmo ritmo intenso.

O carnavalesco Francis Fabian resume ser “difícil fazer Carnaval” na Capital de Mato Grosso do Sul, mas reconhece que, aos poucos a realidade está mudando. As dificuldades citadas por ele tem relação, dentre outras coisas, com a falta de patrocínio privado. Sem investimento de empresas, resta a ajuda do Governo do Estado e da Prefeitura, mas os repasses são sempre muito próximos à data do desfile. Para dar conta, eles fazem promoções durante todo o ano.

“A gente tem que fazer tudo calculado senão se frustra”, conta Fabian, pensando no orçamento das escolas e lembrando também dos imprevistos.

Este ano, por exemplo, ele e outros carnavalescos foram até São Paulo comprar matéria-prima para realização do Carnaval e acabaram chegando na cidade em meio a chuvas intensas, quando vários bairros ficaram completamente alagados.

Voluntário da Deixa Falar trabalha na confecção de fantasia (Foto: Kisie Ainoã)
Voluntário da Deixa Falar trabalha na confecção de fantasia (Foto: Kisie Ainoã)
Costureira faz últimos ajustes em fantasia (Foto: Kisie Ainoã)
Costureira faz últimos ajustes em fantasia (Foto: Kisie Ainoã)

Parte do dinheiro arrecadado para compra dos materiais teve de ser usado para garantir mais um dia de estadia do carnavalesco na cidade, mas ele e os outros profissionais conseguiram voltar para casa com toda a matéria-prima em mãos.

Tanto a Deixa Falar, quanto a Igrejinha e a Unidos da Vila Carvalho trabalham com confecção própria. Eles não compram as fantasias que sobram das escolas de outros estados e preferem começar do zero. O resultado é muito trabalho, mas eles parecem não se incomodar, conforme conta Carlinhos da Cruz, da Igrejinha.

“Daqui para frente é trabalho direto. A gente não consegue nem dormir direito”, diz. Segundo Carlinhos, são horas e mais horas de trabalho antes da escola sair na avenida, mas “aquele momento compensa tudo. É uma emoção muito grande”.

A emoção é tanta que parece ser impossível se acostumar. Isto vale até para quem “vive” o Carnaval há 46 anos. Este é o caso do vice-presidente e mestre de bateria da Vila Carvalho, Wlauer Castro Carvalho. “A gente chega aqui de dia e só vai embora à noite”.

Carlinhos da Igrejinha também coloca a mão na massa (Foto: Kisie Ainoã)
Carlinhos da Igrejinha também coloca a mão na massa (Foto: Kisie Ainoã)
Confecção de fantasias exige concentração (Foto: Kisie Ainoã)
Confecção de fantasias exige concentração (Foto: Kisie Ainoã)

Wlauer conta que os problemas são inúmeros e não exclusivos de Campo Grande. “O que muda é a proporção, mas no Rio de Janeiro e em São Paulo acontecem as mesas coisas”, diz.

Falando especificamente dos repasses, ele diz que “não dá pra esperar”. Eles usam o dinheiro apenas para pagar serviços já contratados e não ficar com dívidas. E com tantos impasses não é difícil entender o porquê de ele insistir na festa. “Carnaval é isso. Não tem que só gostar. Tem que amar”.

Às vezes o amor ao Carnaval e ao trabalho envolvido gera até frutos, como é o caso de “Valentina”, filha da cantora Janaína Feitosa, de 38 anos, e o marido dela Moacir Feitosa, de 28 anos, que se conheceram durante a correria pré desfile da Vila Carvalho e estão nunca mais se separaram.

Montando as fantasias da escola, Janaína conta ser uma “loucura” todo esse trabalho, mas diz gostar. “Quando acaba fica todo mundo triste”.

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