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Capital

Após denúncia de tortura, Adepol diz que vai processar advogado de serial killer

Após o defensor afirmar que o cliente sofreu "agressões físicas e psicológicas" vários órgãos ligados a polícia se manifestaram

Geisy Garnes e Marta Ferreira | 27/05/2020 17:59
Cleber de Souza Carvalho durante as buscas por corpos das vítimas (Foto: Henrique Kawaminami)
Cleber de Souza Carvalho durante as buscas por corpos das vítimas (Foto: Henrique Kawaminami)

A Adepol (Associação dos Delegados de Policia Civil de Mato Grosso do Sul) afirmou que vai entrar com medida judicial contra o advogado Jean Carlos Careira , que acusou policiais civis e militares de cometeram “agressões físicas e psicológicas” contra o serial killer Cleber de Souza Carvalho, assassino confesso de sete pessoas em Campo Grande.

Em nota, a Adepol lamentou a postura do advogado sobre suposta tortura durante o período em que ficou preso nas delegacias da Capital. A associação também criticou as declarações feitas pelo defensor à imprensa. Em uma delas, Jean relatou que os policiais "são treinados para agredir, sem deixar lesões aparentes”.

Diante da situação, a associação reforçou que “os trabalhos da Polícia Civil foram realizados em conformidade com a lei” e por isso vai entrar com medida judicial, nas áreas cível e criminal, contra as afirmações feitas pelo advogado.

O Sinpol-MS (Sindicato dos Policiais Civis de Mato Grosso do Sul) também garantiu que vai tomar as “devidas   providências legais contra o advogado”. “Todo o trabalho dos policiais civis envolvidos no caso e dos demais agentes da segurança pública foi pautado nas normais legais, buscando o esclarecimento dos crimes confessados pelo acusado, e todo o procedimento adotado na investigação policial está em conformidade com a lei”.

Outros órgãos ligados à polícia também se manifestaram após as falas de Jean Carlos. Em nota, a própria Polícia Civil repudiou as acusações contra a instituição e reforçou que as ações dos policiais são “calcadas na lei”. Lembrou ainda que todas as equipes se submetem ao controle interno da Corregedoria e externo, pelo Ministério Público Estadual.

A fiscalização das ações policiais também foi lembrada pelo coronel Alírio Villasanti Romero, presidente da AOFMS (Associação dos Oficiais Militares Estaduais de Mato Grosso do Sul), para defender as equipes envolvidas na prisão do serial killer. “A instituição tem vários mecanismos de controle das ações dos seus integrantes como a Seção de Justiça e Disciplina que funcionam nas próprias Unidades da PM, a Corregedoria e a própria Justiça Militar Estadual, além do controle externo que é exercido pelo Ministério Público”.

Nas declarações públicas, o advogado de Cleber condenou até mesmo a participação do cliente nas buscas aos restos mortais das vítimas. Segundo ele, no primeiro dia o cliente já apresentava “fadiga física e mental” e por isso foi orientado parar de colaborar com a polícia, mas ainda assim foi levado para as diligências do dia seguinte.

“A Polícia Civil do Mato Grosso do Sul é referência nacional e coleciona os melhores índices de resolução de homicídios do país. Este resultado é fruto de um trabalho profissional, pautado no comprometimento dos policiais civis que incansavelmente se dedicam em bem cumprir sua missão de servir e proteger a sociedade”, divulgou a Polícia Civil em resposta as críticas.

Cleber ficou conhecido como “Pedreiro Assassino” após ser preso pela morte do comerciante José Leonel Ferreira dos Santos, de 61 anos, e confessar outros seis assassinatos. A pedido de Jean Carlos, que defendeu a medida como tentativa de frear as supostas agressões, o suspeito foi transferido para uma cela do Instituto Penal de Campo Grande, onde está isolado dos outros presos.

Jean Carlos trabalha da defesa do "Pedreiro Assassino" e afirmou que o cliente sofreu agressões físicas e psicológicas (Foto: Kísie Aionã)
Jean Carlos trabalha da defesa do "Pedreiro Assassino" e afirmou que o cliente sofreu agressões físicas e psicológicas (Foto: Kísie Aionã)

Entenda – A série de assassinatos cometidos pelo pedreiro foi descoberta durante investigações sobre o desaparecimento de José Leonel.

Junto com a mulher e a filha, Roselaine Tavares Gonçalves e Yasmim Natacha Souza de Carvalho – de 40 e 19 anos – Cleber matou a vítima e se mudou para a casa dela. Depois de saber da situação e não conseguir contato, a família de José Leonel procurou a polícia.

Equipes da delegacia especializada foram ao endereço e encontraram o corpo do comerciante enterrado no quintal. Roselaine e Yasmim foram presas no dia 7 de maio por envolvimento do crime, Cleber só foi encontrado no dia 15.

Preso, o pedreiro confessou o assassinato do comerciante e ainda relevou outros seis homicídios. Em depoimento, contou os casos com riqueza de detalhes. José Leonel foi à última vítima de Cleber e é o primeiro caso a chegar à justiça. O comerciante foi assassinato com um golpe de barra de ferro na cabeça, na madrugada do dia 2 de maio, na Vila Nasser.

As outras vítimas, todas homens, foram identificadas como José Jesus de Souza, de 45 anos, Roberto Geraldo Clariano, 50 anos, Hélio Taíra, 74 anos, Flávio Pereira Cece, 34 anos, Claudionor Longo Xavier de 47 anos e o aposentado Timóteo Pontes Romã, de 62 anos.

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