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Capital

Na rota da folia, moradora "pena" para consertar muro que foi quebrado

Ela relata ter dificuldades em conseguir autorização para restaurar residência, que está em local tombado como patrimônio histórico

Mayara Bueno e Mirian Machado | 12/02/2018 12:03
Fachada da casa de Eunice, na Calógeras com
a rua Tesmitocles.(Foto: Mirian Machado).
Fachada da casa de Eunice, na Calógeras com a rua Tesmitocles.(Foto: Mirian Machado).

Moradora da região do Complexo Ferroviário, em Campo Grande, Eunice Nunes França de Campos Miranda, 59 anos, tenta há um ano reparar a mureta de sua casa, que foi quebrada durante o Carnaval passado. A casa dela fica na esquina da avenida Calógeras com a rua Temistocles. Além da estrutura que cerca a residência, a moradora tenta outras reformas na estrutura há pelo menos seis anos. 

Contudo, por se tratar de local tombado como patrimônio histórico, há restrições para intervenções no local - deve-se sempre manter as características de construção originais, por exemplo. Nestes casos, há necessidade de autorização do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). 

Ela afirma que já entrou com processo, mas até agora não obteve autorização. Conforme Eunice, o principal motivo da reforma é para reforçar a segurança. A casa é cercada por uma mureta pequena e o portão de madeira foi emprestado e provisório, colocado por causa do Carnaval de rua deste ano.

Durante uma briga no Carnaval passado, algumas pessoas quebraram a mureta ao subirem na estrutura e arrancaram madeiras do portão. Dias depois, uma camionete bateu e derrubou o portão.

Além disso, Eunice afirma que tenta há seis anos colocar cobertura na lavanderia. Para conseguir arrumar o telhado, outros três anos. "Não estou em discordo, mas as regras têm de favorecer ambos os lados", reclama.

Muro e portão improvisados da casa. (Foto: Mirian Machado).
Muro e portão improvisados da casa. (Foto: Mirian Machado).
Lavanderia na casa com remendos. (Foto: Mirian Machado).
Lavanderia na casa com remendos. (Foto: Mirian Machado).

Outro lado - De acordo com a superintendente do Iphan em Mato Grosso do Sul, Maria Clara Scardini, no caso de Eunice, foi orientado a ela que fosse colocado um gradil - uma espécie de grade. O material não comprometeria a "ambiência" - conjunto das características. Porém, afirma que a dona não procurou mais o Instituto para dar continuidade ao processo.

Ainda de acordo com a superintendente, todos os pedidos de restauração dos moradores são analisados dentro do prazo para o Iphan. O que acontece muitas vezes, afirma, é que o morador desiste de fazer a reforma depois de serem informados que o projeto precisa de adequações.

A superintendente explica que reformas são sempre bem vindas, até porque, do contrário, ao longo do tempo as casas ficam velhas. "E quando vão mexer fica caro. Isso ocorre bastante em Corumbá. E as pessoas acham que é impossível construir coisas modernas dentro de área tombada, mas não é. A nossa postura é orientar o morador até onde ele pode ir de maneira que resolva o seu problema, mas atenda à legislação".

Complexo - Na área tombada, há 135 edifícios, de acordo com o Iphan. Todos são de madeira e alvenaria e são imóveis de antigos funcionários da extinta estação ferroviária.

O Complexo Ferroviário, em Campo Grande, foi inscrito no Livro do Tombo Histórico e no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico em outubro de 2014. Mas foi em 2009, quando o complexo ferroviário estava sob tombamento provisório, que o processo começou.

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