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Capital

Conselho de Pastores conta 31 líderes religiosos infectados pelo coronavírus

Levantamento preliminar feito pelo Conselho de Pastores indica que há 31 infectados atualmente

Izabela Sanchez | 11/08/2020 13:04
Culto vazio na igreja Evangélica El Shaddai na Avenida Mato Grosso em Campo Grande (Foto: Marcos Maluf)
Culto vazio na igreja Evangélica El Shaddai na Avenida Mato Grosso em Campo Grande (Foto: Marcos Maluf)

Com os cultos funcionando na fase mais aguda da pandemia em Campo Grande, as igrejas evangélicas já representaram três óbitos  de líderes religiosos  entre as vítimas da covid-19 na Capital. Levantamento realizado pelo Conselho de Pastores, entidade que representa 5 mil pastores na Capital, aponta 31 líderes religiosos diagnosticados com a covid em cinco meses de pandemia, entre 465 consultados.

O número abrange somente Campo Grande e contempla apenas as igrejas que fazem parte da organização. Diversos templos menores entre os cristãos protestantes, especialmente nos bairros, não fazem parte do Conselho.

Presidente da associação e pastor da 1ª Igreja Batista, Ronaldo Leite aponta que o número representa levantamento preliminar. São 465 pastores, bispos, apóstolos, missionários e “obreiros” e, desse total, conforme o pastor, 31 estão infectados.

O pastor nega que as igrejas que estão associadas ao Conselho descumpram as regras e afirma que o contágio é maior em templos autônomos. Ainda assim, cita que os bairros surpreendem ao indicarem pequenas comunidades religiosas sem contágio nenhum. Ele não cita quais são essas igrejas.

O Campo Grande News mostrou que no Jardim Centro-Oeste, bairro distante do centro da Capital e quase fora da cidade, a Igreja “Pai, Filho e Espírito Santo” ficou famosa Brasil afora depois que o pastor Paulo Ferreira, fundador da igreja, ameaçou a fiscalização até com barra de ferro ao recusar fechar as portas. Hoje, vizinhos até atravessam a rua por temerem contágio em cultos que dizem estarem lotados "diariamente”.

A igreja não faz parte do Conselho, segundo o presidente. Ronaldo diz que “uma boa parte” das igrejas funciona apenas com 30% de lotação nos cultos e, também, com redução no número de reuniões religiosas. A regra da prefeitura permite até 60% de lotação da capacidade do espaço nos cultos.

“Uma boa parte delas ainda funciona só 30%, uma boa parte das igrejas batistas por exemplo. A 1ª batista tem cinco cultos no final de semana. Antes de começar esse crescimento vertiginoso dos contágios, mudamos para dois cultos presenciais, no sábado da juventude e no domingo às 17h. Os outros três, das 8h, 10h e das 19h, são completamente online”, comenta Ronaldo.

A promotora titular da 32ª Promotoria de Justiça de Campo Grande, que atende questões de saúde pública, Aparecida Depolito Fluminhan, ingressou com ação contra a permissão de abertura das igrejas no final de março, mas foi derrotada judicialmente.

Na decisão, o juiz David de Oliveira Gomes Filho, da 2ª Vara de Direitos Coletivos e Individuais Homogêneos de Campo Grande, comentou, ao indeferir o pedido de suspensão de um decreto municipal, que diante da gravidade da doença atender ao isolamento é um ato de “consciência e não de imposição”.

Ronaldo cita que além da redução, “líderes de pequenos grupos religiosos”, as chamadas células, suspenderam as reuniões. Ele nega que as contaminações ocorram nos cultos, ainda que diversas vezes o Campo Grande News tenha recebido imagens com lotação dentro e fora dos templos e mensagens com relatos de funcionamento irregular.

“Obviamente não estão contaminadas pela prática religiosa, tenho líder que é um tapeceiro por exemplo”, citou.

“As igrejas que caminham dentro de um conselho estão cumprindo. Tinha muitas igrejas que foram contra aquele começo de fechar tudo. A gente não abriu arbitrariamente. Através de uma ação fomos conversar com as autoridades, foram várias conversas com o MP, agimos organizadamente. Algumas igrejas dentro do conselho ficaram até bravas. A igreja que caminha sozinha não temos como interferir, não temos como contagiar com ideia cuidadosa”, comentou Ronaldo.

*inicialmente a reportagem havia publicado que eram 465 líderes religiosos infectados. Trata-se do número total consultado. O conselho aponta 31 infectados.

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