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Capital

Em depoimento marcado por contradições, jornalista diz que foi agredido

Aline dos Santos e Nadyenka Castro | 29/11/2011 11:39

Um dos pontos com versões diferentes foi o momento em que a arma foi carregada

Em julgamento, Agnaldo afirma que não sabia que crianças estavam na caminhonete. (Foto: João Garrigó)
Em julgamento, Agnaldo afirma que não sabia que crianças estavam na caminhonete. (Foto: João Garrigó)

Visivelmente mais magro e com fala hesitante, o jornalista Agnaldo Ferreira Gonçalves, de 61 anos, que está sendo julgado hoje pela morte do menino Rogerinho em uma briga de trânsito, fez um depoimento marcado por contradições. Ele falou por 40 minutos, sendo interrogado pelo juiz, acusação e defesa.

Um dos pontos com versões diferentes foi o momento em que a arma foi carregada. Inicialmente, ele disse que o revólver já estava carregado dentro do carro. Para, em seguida, relatar que após a discussão com Aldemir Pedra Neto, tio do menino, parou o carro no semáforo da avenida Mato Grosso com a Rui Barbosa, pegou o revólver, que estava debaixo do banco, e municiou.

A confusão entre os motoristas começou na avenida Ernesto Geisel, esquina com a Mato Grosso. A caminhonete L200 demorou a sair após o semáforo abrir, e o jornalista, que conduzia um Foz, buzinou. Ao promotor Fernado Zaupa, o jornalista relatou que a buzinada foi suave. “Só encostei”. Ele contou que no dia do crime estava preocupado, porque seu filho estava em uma cirurgia.

Ele alega que Aldemir o agrediu com um tapa no rosto, empurrões, agressões verbais e ameaçou buscar uma arma na caminhonete. Por sua vez, Aldemir relata que Agnaldo o empurrou primeiro. “Ele disse que era jornalista e tinha poder na polícia”, afirma o tio do menino.

As versões só concordam em um ponto: João Alfredo Pedra avô de Rogerinho, tentava a todo instante apaziguar a situação. Ele foi baleado no queixo.

Susto - Sobre os disparos, o réu afirma que atirou a esmo. “Não tinha intenção de matar, não sabia da criança”, assegura o jornalista. Agnaldo afirma ter se arrependido. “A coisa que mais gosto é criança. Mantinha um lar com 250”, disse. Ainda sobre o porque de ter atirado, ele justificou que queria dar um susto. “Fazer alguma coisa”.

Assistente da acusação, o advogado Ricardo Trad questionou por que os disparos não foram para o alto. “Pro alto não, queria atingir o veículo, que era jogado para cima de mim”, respondeu Agnaldo. Ele não tinha porte da arma, só registro. Depois dos disparos, ele seguiu em frente e jogou os projéteis no lixo.

Já o avô e o tio garantem que o jornalista sabia da presença de crianças dentro da caminhonete. E que o fato de Rogerinho e a irmã Ana Maria estarem no veículo foi usado como argumento para acabar com a briga.

O jornalista classificou o caso como uma tragédia. “Não sou nenhum bandido, nenhum marginal”.

Farsa - No depoimento, Agnaldo rebateu a acusação de que forjou uma separação para escapar da ação que cobra indenização de R$ 1,3 milhão. De acordo com ele, o processo de separação começou antes do fato, e, posteriormente, foi descoberto um filho dele fora do casamento.

Quanto não ter informado a justiça sobre a mudança de endereço, ele alega que veio a Mato Grosso do Sul para vender uma fazenda em Miranda e logo retornaria a Praia Grande, no litoral de São Paulo.

Depois do crime, ocorrido em 18 de novembro de 2009, o jornalista chegou a ficar 80 dias preso. Depois, teve nova prisão decretada, sob a alegação de que forjou uma separação. Mesmo sem ter sido preso, Agnaldo obteve habeas corpus no TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).

No ano passado, a prisão preventiva foi decretada porque o jornalista não foi encontrado no endereço informado à justiça. Ele está preso desde setembro de 2010.

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