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Capital

Para especialista, falha em sistema antichamas explica gravidade de incêndio

Para especialista, série de erros poderiam ter sido evitados se equipamentos de combate ao fogo tivessem funcionado

Lucia Morel | 14/09/2020 18:31
Ainda esta noite, bombeiros combatem novos focos de incêndio que começaram a queimar. (Foto: Marcos Maluf)
Ainda esta noite, bombeiros combatem novos focos de incêndio que começaram a queimar. (Foto: Marcos Maluf)

Pelo menos quatro erros foram cometidos pela administração do Atacadão da Avenida Duque de Caxias, em Campo Grande, que foi consumido pelo fogo ontem. Engenheiro especialista em segurança contra incêndio analisou imagens que correram as redes sociais e afirma que o fogo não foi controlado a tempo por falta de manutenção do sistema de combate.

Mário Borges é engenheiro civil e presta consultoria na implantação em sistema de segurança contra incêndio. Para ele, houve uma sequência de falhas que culminaram na destruição do prédio, que foi inaugurado em março de 2012.

A primeira que salta aos olhos é a baixa pressão da mangueira de incêndio que é usada para conter as chamas, como mostra vídeo filmado por cliente que estava no local no momento do fogo. “A bomba não acionou em nenhum momento”, afirma.

Ele explica que ao ligar a mangueira, imediatamente – em no máximo oito segundos – a bomba que dá pressão à água já é acionada. “Pelo que a gente vê ali, com aquela baixa pressão, é água que veio da caixa ou da própria mangueira, que restava de algum procedimento anterior”.

Outro detalhe que conforme Mário chama atenção, é que em nenhum vídeo divulgado há alarme de incêndio soando, o que denota que o sistema desse serviço também falhou. Ao haver fumaça, o alarme deveria ser acionado automaticamente.

Mario Borges, especialista em segurança para edificações. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)
Mario Borges, especialista em segurança para edificações. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)

“Se houvesse alarme, a evacuação poderia ser feita de forma imediata, o que pode ter atrasado a saída de algum cliente que não entendia o que estava acontecendo”, analisa.

Além disso, assim como o alarme deveria ser acionado no primeiro sinal de fumaça, os chuveiros automáticos, chamados sprinklers, também deveriam ter começado a jorrar água com o avanço do fogo, o que não aconteceu. O especialista afirma que o local contava com esse sistema, mas ele não funcionou.

“O fogo poderia ter sido controlado no início, de forma mais simples, se tivesse havido manutenção dos equipamentos”, destaca, pelo que pôde perceber nas imagens que rodaram a internet.

Outro ponto levantado pelo engenheiro é de que a brigada de incêndios de construções como a do Atacadão, que ultrapassa os 2 mil metros quadrados, deve ser treinada de maneira frequente e periódica.

“Aquele brigadista que aparece nas imagens, da forma como ele estava, parece que tentava naquele momento fazer algo sem ter muita experiência anterior com o equipamento”, sustenta.

Segundo o Tenente-Coronel Fernando Carminati, do Corpo de Bombeiros, a empresa afirmou  à corporação que a bomba da mangueira demorou para funcionar, mas em algum momento, funcionou. No entanto, o fogo já havia se alastrado de forma a impossibilitar o combate.

Também comentou que brigadistas são treinados para tentar conter incêndios em seu início, e de baixas proporções. Como as chamas não puderam ser contidas no momento em que começaram, o trabalho acabou não dando conta.

Por fim, afirmou que o material onde o fogo começou – setor de produtos de limpeza, álcool e perfumaria – é altamente inflamável, o que deu condições para que as chamas de propagassem rapidamente. Carminati lembrou ainda que na parte mais alta do local onde o fogo começou, havia estoque de papel higiênico, facilitando ainda mais a propagação.

Ainda hoje, durante todo o dia, era possível ver a fumaça preta que continuava saindo do local, apesar do fogo ter sido contido. Agora à noite, bombeiros continuavam jogando água no prédio com auxílio da escada Magirus, para conter novos focos que acenderam.

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