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Capital

Gaeco mira juiz e advogado em investigação sobre venda de sentença

Ação contra esquema milionário que envolve integrantes do Judiciário e advogados foi deflagrada nesta manhã

Anahi Zurutuza, Silvia Frias, Clayton Neves e Fernanda Palheta | 18/10/2019 11:40
Gaeco esteve na casa do magistrado, que fica no Residencial Damha 2, em Campo Grande (Foto: Henrique Kawaminami)
Gaeco esteve na casa do magistrado, que fica no Residencial Damha 2, em Campo Grande (Foto: Henrique Kawaminami)

O Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) cumpriu mandados de busca e apreensão nesta sexta-feira (18) em ação contra esquema milionário que envolve integrantes do Judiciário e advogados na venda de sentenças judicias. A Operação Espada da Justiça esteve na casa do juiz Aldo Ferreira da Silva Junior, em condomínio de luxo no Bairro Tiradentes.

O magistrado era lotado em uma das Varas de Família e Sucessões de Campo Grande e está afastado do cargo desde novembro do ano passado. A decisão foi tomada pelo TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) em julgamento a portas fechadas, sem detalhes sobre a fundamentação.

O Gaeco divulgou em nota que a operação “apura eventuais delitos de corrupção e associação criminosa, supostamente praticados em autos de inventário, durante período de atividade funcional de membro do Poder Judiciário em Vara de Família e Sucessões da Capital, e outros desdobramentos”.

O advogado Wilson Tavares de Lima também foi alvo da força-tarefa. O cumprimento do mandado de busca e apreensão nos endereços referentes ao profissional foi acompanhado pela advogada Silmara Salamaia, como represente da OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil).

O presidente da entidade, Mansour Elias Karmouche, disse que aguarda o compartilhamento de provas para eventual abertura de processo ético disciplinar, caso haja indícios de irregularidades no exercício da profissão.

Juiz Aldo Ferreira e a mulher, Emmanuelle, durante festa (Foto: Arquivo)
Juiz Aldo Ferreira e a mulher, Emmanuelle, durante festa (Foto: Arquivo)

O juiz – Uma inspeção do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) em 2014 no setor de precatórios já havia resultado em afastamento do juiz Aldo Ferreira da Silva Júnior. Três anos depois, em 2017, o conselho puniu o magistrado com censura – ficou impedido pelos próximos dois anos de concorrer ao cargo de desembargador.

Ele é casado com a advogada Emmanuelle Alves Ferreira da Silva, suspeita de planejar golpe milionário em processo de inventário. Ela foi presa em julho do ano passado.

O golpe envolve a negociação de uma propriedade rural em Tangará da Serra (MT), na qual Emmanuelle foi citada como advogada do suposto proprietário da fazenda, que executou a vítima usando o nome falso de João Nascimento dos Santos.

Contudo, o “proprietário” se tratava de José Geraldo Tadeu de Oliveira, um dos suspeitos de participar do golpe. O negócio teria envolvido promissórias com assinaturas falsas da vítima. Até carimbos do cartório foram falsificados, conforme apontam as apurações.

A vítima descobriu o golpe no fim do ano passado, quando teve R$ 5,5 milhões bloqueados em sua conta. Do Rio, ele acionou sua advogada para apurar a fraude. No entanto, um recurso judicial derrubou o bloqueio e direcionou o dinheiro par a uma conta que seria de Emmanuelle. Depois, os valores foram distribuídos para outras contas.

Autor da decisão que liberou os pagamentos, o juiz Paulo Afonso de Oliveira, da 2ª Vara Cível da Capital, disse em entrevista coletiva que havia sido “enganado”.

A operação – De acordo com o Gaeco, a Espada da Justiça cumpriu mandados em Campo Grande, Aquidauana e Rochedo. O nome da operação “faz alusão à ideia da coragem de cortar na própria carne quando necessário”, diz a nota enviada à imprensa.

Equipes que foram às ruas começaram a chegar à sede do órgão, no Parque dos Poderes, no fim desta manhã. Um delas desceu de caminhonete com pastas nas mãos.

Chegada de equipe de buscas à sede do Gaeco (Foto: Fernanda Palheta)
Chegada de equipe de buscas à sede do Gaeco (Foto: Fernanda Palheta)
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