Na Rua dos Amigos, histórias de violência como a de "Mil Grau" impõem silêncio
Na noite de domingo, rua no Bairro Anache foi cenário de mais um homicídio
Na teoria o nome da Rua dos Amigos pode até parecer sinônimo de simpatia e afeto, mas na prática, o silêncio domina a região onde moradores colecionam histórias de violência e criminalidade, mas evitam comentar a realidade que vivem por medo de entrar para a lista de vítimas do crime.
Na noite deste domingo (9), a rua no Bairro Anache foi cenário da morte de Osvando Batista Lemes, 34 anos, conhecido como ''Mil Grau". Ele foi atropelado e esfaqueado três vezes após briga. Na manhã desta segunda-feira (10), as marcas do crime ainda podem ser vistas no asfalto da via que abriga casas simples e é rota do ônibus que passa no bairro.
”Ouvi um barulho de batida e quando saí pra ver, ele estava caído com um homem em cima dele, enquanto outro esperava no carro”, conta único morador que aceitou falar com nossa equipe de reportagem, sob condição de anonimato.
Veterano na região, o morador diz já ter perdido as contas de quantas vezes presenciou episódios violentos na área. Pela manhã, observava as manchas de sangue no asfalto como quem parecia já estar acostumado com a brutalidade.
“É uma região muito perigosa, já morreu muita gente por aqui. Só Deus para nos proteger mesmo”, conta o morador fazendo apelo por mais segurança e policiamento onde mora.
Tentamos conversar com moradores e comerciantes da região, mas a negativa, motivada pelo medo, foi comum a todos os que foram abordados por nossa equipe.
Questionamos a Polícia Militar sobre a situação no Bairro e fomos informados que o policiamento na área do Jardim Anache é feito pela 11ª Companhia Independente de Polícia Militar, e conta com reforço das unidades e especializadas como o Batalhão de Choque, Bope, Cavalaria e GPA (Grupamento de Policiamento Aéreo).
‘São realizadas ações preventivas/ostensivas em toda região, distribuídas com base nas estatísticas geradas através dos chamados 190, registros de boletins de ocorrência e atendimentos comunitários”, informou a PM.
Para ajudar no trabalho dos agentes, a Polícia Militar reforça a importância de que os moradores façam registro dos fatos suspeitos ou delitos ocorridos no bairro. “Ainda que sejam crimes de menor potencial ofensivo, para que os dados produzidos retratem o mais próximo da realidade e assim possamos direcionar o trabalho ao problema real”, explica.
*Matéria editada às 10h24 para acréscimo de informações
