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Capital

Apesar de reclamações, poucos profissionais vão em reunião sobre enfermagem

Audiência nesta sexta-feira debateu cargas exaustivas, falta de estrutura, agressões e até suicídios em torno da profissão

Mayara Bueno | 22/03/2019 15:57
Profissionais da Enfermagem durante audiência nesta sexta-feira (dia 22), na Câmara Municipal de Campo Grande. (Foto: Mayara Bueno).
Profissionais da Enfermagem durante audiência nesta sexta-feira (dia 22), na Câmara Municipal de Campo Grande. (Foto: Mayara Bueno).

Cargas exaustivas, condições precárias e suicídios de profissionais de Enfermagem, motivaram a audiência pública na Câmara Municipal de Campo Grande, que ocorre nesta sexta-feira (dia 22). Apesar das reclamações constantes, o plenário da Casa de Leis contou com cerca de 30 enfermeiros.

Lotada na unidade de saúde da Vila Fernanda, a enfermeira Ythala de Araújo relatou agressões sofridas por ela e por médico, além da falta de efetivo suficiente para atender a demanda de pacientes.

A saúde pública é alvo constante de queixas por parte da população que reclama da demora e condição de atendimento. Contudo, os profissionais também apontam falta de estrutura, jornada de trabalho extensa e má educação dos pacientes.

“Não temos como atender todo mundo”, relata a enfermeira. Falta de segurança no posto de saúde, que só ano passado recebeu um guarda municipal, é outro ponto preocupante.

Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Enfermagem de Campo Grande, Ângelo Macedo os recursos humanos estão reduzidos, algumas materiais básicos faltam para atendimento e a ausência de um plano de cargo e carreira desmotivam a categoria.

“Lidar com pessoas com dor ou pessoas que estão preocupadas com ente é delicado, mas não podemos perder o bom senso”, afirmou o presidente Lázaro Santana, do Sindicato dos Trabalhadores de Enfermagem do Estado.

O dirigente afirma que a profissão do enfermeiro é a terceira que mais sofre acidente de trabalho, no Brasil. Muitos profissionais cumprem plantão de 12 horas e depois entram em outro serviço de 6 horas. O somatório de horas quase desumano para ser cumprido em um dia só causa acidentes, afirma.

Vazio - Com o plenário de quase 400 lugares preenchido, no máximo, por 30 profissionais, o vereador Valdir Gomes (PP) afirmou que pouco adianta uma audiência vazia, na qual não apresentava representantes da Sesau (Secretaria de Saúde) ou dos hospitais.

Para o parlamentar, seria necessária a presença do secretário Marcelo Vilela ou a adjunta, Andressa de Lucca Bento, que, inclusive, é enfermeira.

Proponente da discussão, o vereador Hederson Fritz (PSD) disse que muitos não conseguiram vir porque a direção de unidades de saúde resolveu fazer reunião nesta tarde. Esta é a segunda reunião pública aberta para debate do assunto. “Em uma terceira quem sabe vamos conseguir”.

Suicídios – O vereador Eduardo Cury (SD) disse que os profissionais da saúde sofrem “carga negativa ao executar o serviço” e é preciso olhar com atenção para casos que começam a afetar a saúde mental do profissional.

“Enfermeiros estão se suicidando, médicos se dopando porque precisam ficar acordados ou para poderem dormir”.

Em 2 de janeiro, a enfermeira Janaína Silva e Souza, 39 anos, foi encontrada morta na casa onde vivia na Vila Flório, em Campo Grande. Ela foi encontrada ao lado de frascos de medicamentos e uma seringa - também, conforme a investigação, cometeu suicídio.

A morte causou comoção entre colegas de profissão, que aproveitaram para denunciar cargas horárias exaustivas como um dos fatores que pode ter contribuído para depressão de Janaína.

No mesmo mês, no dia 25, o corpo do técnico de enfermagem William Flávio Corrêa Franco, 37 anos, foi encontrado por volta das 5h no banheiro do CTI (Centro de Terapia Intensiva) da Santa Casa. O profissional cometeu suicídio utilizando seringa com alta dose de medicamento.

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