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Capital

Por R$ 20 milhões, 2ª fase de asfalto no Nova Lima deve começar em abril

Prefeitura divulgou empresa vencedora de licitação para obra de pavimentação, drenagem, passeio e sinalização no bairro Nova Lima

Izabela Sanchez e Clayton Neves | 11/02/2020 10:30
Moradora aponta situação da Rua Abdar Nassar no Bairro Nova Lima (Foto: Henrique Kawaminami)
Moradora aponta situação da Rua Abdar Nassar no Bairro Nova Lima (Foto: Henrique Kawaminami)

A etapa B de obras de pavimentação, drenagem, passeio com acessibilidade e sinalização do Bairro Nova Lima, região norte de Campo Grande, vai sair por R$ 20,2 milhões, valor bem menor que o estimado a princípio, fixado em R$ 24 milhões. A Equipe Engenharia venceu a licitação que foi disputada por 5 empreiteiras.

As empresas que concorreram. têm 5 dias para apresentarem recursos. Se a licitação não for questionada, a obra deve começar em abril, segundo o secretário de obras da Prefeitura, Rudi Fioresi. O secretário afirma que todas as intervenções devem levar 18 meses para ficarem prontas.

O projeto, conforme o memorial descritivo da licitação, é de 2013. Ou seja, foram necessários 7 anos e mudança na gestão de Campo Grande para destravar as obras em um dos bairros mais carentes de infraestrutura na Capital. Segundo o projeto do complexo B, vão receber pavimentação 27 vias entre ruas e avenidas do Nova Lima.

A Etapa A, já concluída, contemplou a Avenida Zulmira Borba entre Avenida Cônsul Assaf Trad e a Rua Jerônimo de Albuquerque. Além disso, o Nova Lima também recebe obras do Complexo José Tavares, com frentes de trabalho para construir 1,1 km da rede de drenagem no trecho inicial da Rua Francisco Pereira Coutinho, da Avenida Zulmira Borba até a Rua Martim Afonso. Nessa área, está programada uma rotatória com duas pistas, uma delas, específica para quem mora no Residencial Oscar Salazar.

O Complexo José Tavares também contempla pavimentação da Avenida Francisco Pereira Coutinho, em extensão de 1,3 km (entre a Martim Afonso de Souza e a Avenida Zulmira Borba). Será asfaltada, segundo a Prefeitura, a Rua Tocuma (prolongamento da Rua Martim Afonso de Souza), que vai se conectar com a Avenida Marquês de Herval, o Corredor do Nova Lima.

As obras de pavimentação e drenagem dessas regiões integram projeto de R$ 301 milhões do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), recurso cedido desde 2014. Os valores são financiados pela Caixa Econômica Federal.

Confira o mapa de pavimentação da etapa B do Nova Lima:

Mapa indica as frentes de pavimentação da Etapa B do Nova Lima (Mapa: Ricardo Gael)
Mapa indica as frentes de pavimentação da Etapa B do Nova Lima (Mapa: Ricardo Gael)

Etapa B – O projeto incluso na licitação prevê a pavimentação na Avenida Zulmira Borba; Avenida Dona Carlota Joaquina; Rua Francisco Pereira Coutinho; Rua Agenor Pinto; Rua Abdar Nassar; Rua Alcebíades Barbosa; Rua Professora Antonia Capile; Rua John Kenedy; Rua dos Pracinhas; Rua Alfredo Borba; Rua Assunção Borba; Rua Eugênio Silvério; Rua Botafogo; Rua Silvério Faustino; Rua Martin Afonso de Souza; Rua Julio Prestes; Rua Randolfo Lima; Rua Guilherme de Almeida; Rua Eugênia Lima; Rua Santo Inácio de Loiola; Rua Dom Sebastião Leme; Rua Michimy; Rua Leonardo Nunes; Rua Jorge Mascarenhas; Rua Lourenço Veiga; Rua Claudio Manoel da Costa e Rua Alberto da Veiga.

Já o projeto de drenagem será dividido em duas frentes e compreende, segundo o documento anexo à licitação, 72 trechos de galerias tubulares. A intervenção é na Bacia do Segredo em 74,27 hectares. Uma frente prevê 57 trechos de galerias em 60,10 hectares, sistema interligado ao que já existe no Jardim Presidente e na obra de controle de erosão na Mata do Segredo.

Já a outra frente contempla 9,60 hectares em 11 trechos com destino à bacia de amortecimento que será implantada em área pública do loteamento Oscar Salazar no na obra do Complexo José Tavares. Segundo o projeto, a bacia de retenção vai impedir a água da chuva alcance o Parque Estadual Mata do Segredo.

A Etapa B ainda prevê obras de passeio com acessibilidade, a exemplo de calçadas e sinalização viária.

Este trecho da Rua Abdar Nassar não precisa nem de descrição (Foto: Henrique Kawaminami)
Este trecho da Rua Abdar Nassar não precisa nem de descrição (Foto: Henrique Kawaminami)
O técnico de refrigeração Valdinei, de 31 anos, perdeu um dedo da mão direita por conta de obra abandonada no passado.  (Foto: Henrique Kawaminami)
O técnico de refrigeração Valdinei, de 31 anos, perdeu um dedo da mão direita por conta de obra abandonada no passado. (Foto: Henrique Kawaminami)

Nova Lima – Além das reivindicações antigas dos moradores que sofrem com as condições quase impossíveis de trânsito no bairro, o executivo enxerga, nessa região, grande potencial de desenvolvimento. O projeto afirma que a proximidade de empreendimentos como polo industrial, Shopping Bosque dos Ipês, Leroy Merilin e Condomínio Aplhaville tornam a região ainda mais competitiva.

O Bairro Nova Lima foi implantado em 1964 às margens da Avenida Cônsul Assaf Trad, um dos maiores loteamentos de Campo Grande, com 6610 lotes distribuídos 390 quadras. Em três Ruas onde moradores sonham com o projeto que deve sair do papel em abril, parte da sobrevivência inclui conviver com crateras monumentais.

Na Rua Agenor Pinto, as crateras gigantes são preenchidas com todo tipo de material para facilitar o trânsito, de entulhos a árvores. A diarista Lucimara de Mendonça, 49, vive ali desde os 6 anos de idade e o desespero é latente ao pedir asfalto e melhores condições. Além disso, a rua torna ainda mais difícil a vida da mãe dela, de 86 anos, cadeirante.

Na Rua Agenor Pinto moradores colocaram um pedaço de madeira para sinalizar motoristas (Foto: Henrique Kawaminami)
Na Rua Agenor Pinto moradores colocaram um pedaço de madeira para sinalizar motoristas (Foto: Henrique Kawaminami)
. A diarista Lucimara de Mendonça, 49 espera o asfalto desde os 6 anos de idade (Foto: Henrique Kawaminami)
. A diarista Lucimara de Mendonça, 49 espera o asfalto desde os 6 anos de idade (Foto: Henrique Kawaminami)

“Desde sempre a gente sofre com esses buracos. Já não era sem tempo, pelo amor de Deus, é muito buraco”, disse ela, que contou sobre um acidente sofrido pelo irmão, que bateu o carro na parede da casa na impossibilidade de uma manobra simples de estacionar. “Toda vez que chove aumenta ainda mais. Tentamos colocar entulho para auxiliar”, comentou ela.

As memórias também são da época em que a rua onde mora “era a principal” por ser uma das poucas povoadas e onde surgiu a primeira mercearia do Nova Lima. “O bairro foi se expandindo, mas ficamos esquecidos”, finalizou.

Na Abdar Nassar, o mesmo horizonte, incluindo as muitas pedras que dividem espaço com a terra e os buracos.

O técnico de refrigeração Valdinei da Silva Rodrigues, 31, conta que nos 20 anos que vive no bairro sofreu pessoalmente por conta das condições das ruas. Ele teve parte de um dos dedos da mão direita amputado, ao tentar remover mangueira deixada no passado por uma frente de obras abandonada. "Ao tentar retirar a mangueira que enroscou na motocicleta, a corrente da moto atingiu meu dedo", disse.

Na Rua John Kenedy, a aposentada de 53 anos Ângela Maria de Souza Silva, espera o asfalto há 34 anos. “Vai ser muito bom, está precisando, quando chove estraga muito e a gente vai tampando com cascalho. Pessoas caem, motoristas atolam em buracos. Motoristas de aplicativo não descem no bairro”, contou.

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