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Capital

Sem poder provar nenhuma peça, muitos desistem de comprar roupas no Centro

Para poderem reabrir, lojas precisam cumprir regras sanitárias, entre elas, a de não permitir que os clientes experimentes roupas

Lucia Morel e Liniker Ribeiro | 07/04/2020 16:53
Porvador interditado asssustou muitos clientes que desconheciam o decreto que impede provar roupas em tempos de covid-19. (Fotos: Kisie Anoiã)
Porvador interditado asssustou muitos clientes que desconheciam o decreto que impede provar roupas em tempos de covid-19. (Fotos: Kisie Anoiã)


Com decreto municipal em vigor que proíbe que clientes experimentem, nas lojas, as roupas que pretendem comprar, quem foi às ruas para garantir uma peça nova no armário, acabou desistindo.

A auxiliar administrativo Marivone Teodoro, 29 anos, diz que com essa medida, não tem como comprar roupas. “Não tem como comprar sem experimentar. Eu vim dar uma olhadinha, mas não me arrisco em comprar, porque vai que precisa trocar”, afirma.

Anelise desistiu de comprar e pretende escolher novas peças somente quando "esse momento passar".
Anelise desistiu de comprar e pretende escolher novas peças somente quando "esse momento passar".

Anelise Duarte, de 16 anos, é estudante e foi ao centro junto com a mãe para comprar roupas. Para ela, o decreto é “uma medida razoável e específica para esse momento”, mas desistiu de fazer qualquer compra. “Prefiro esperar esse período passar, daí eu volto”, falou.

Para ela, o fato de não poder experimentar as peças faz sentido porque “você não sabe se a pessoa que experimentou antes tossiu ou espirrou”.

Também no centro de Campo Grande, mãe e filha levaram um susto ao verem o provador de uma loja lacrado. Flávia Ramires de 42 anos e a filha Giovana de 11, olhavam algumas peças e ao se dirigirem ao provador, viram que estava interditado.

Giovana afirma que medida tem lados "bom e ruim".
Giovana afirma que medida tem lados "bom e ruim".

Nenhuma delas sabia do decreto e afirmaram que foram pegas de surpresa. “Não sei nem o que falar. Mas assim, se tiver que levar alguma coisa, nós vamos”.

A pequena mocinha também deu sua opinião e avalia a medida da prefeitura como “boa e ruim” ao mesmo tempo. “Ruim porque você compra uma peça e talvez não fique do tamanho certo”.

Já o lado bom, para ela, não tem nada a ver com qualquer redução no risco de contágio com o novo coronavírus. “É boa porque você pode ficar na dúvida e sua mãe levar mais de uma roupa”, disse sorrindo. A mãe, por sua vez, aos risos, afirmou que “ah, não é assim não”.

E por incrível que pareça, há sim quem compre roupas e não se importa em experimentá-las ou não. Marileide Souza, 31 anos, é dona de casa e para ela, a medida municipal não faz diferença.

“Eu já não gosto de experimentar porque um experimenta, vem outro e prova também. Fora a questão do coronavírus agora. Você não sabe quem tem ou não a doença”, afirma.

Mesmo diante da possibilidade de queda nas vendas, o gerente de uma loja de departamento no centro, Kleverson Yoshimura, diz que ainda não foi possível sentir qualquer redução e avalia que “é preciso ter paciência”.

Sobre os provadores lacrados, ele afirma que além de lacrar, colocou o número do decreto para que os clientes estejam cientes. “Ás vezes o cliente questiona, então a gente mostra que não é uma medida da empresa”.

Sobre aumento no número de trocas de peças nos casos em que a compra seja efetuada e a roupa não fique do agrado ao chegar em casa, o gerente assegura que o sistema de trocas, ao menos em sua loja, vai ser normal.

“Mas as roupas que forem trocadas, assim que chegam, são higienizadas com álcool 70 e separadas. Elas são repostas somente no dia seguinte”, garantiu.

Segundo o decreto, além da não poder provar peças como roupas e calçados, as lojas devem seguir outra normas da OMS (Organização Mundial de Saúde), como distância adequada entre clientes e funcionários, limpeza da máquina de cartão e até lacrar bebedouro de pressão.

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