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Capital

Tradição nos bairros, procissões reúnem moradores comprometidos com a fé

Faça chuva ou faça, os fiéis enfrentam longos percursos e encenações para relembrar o sofrimento e a morte de Jesus Cristo

Adriano Fernandes e Ronie Cruz | 19/04/2019 19:26
Encontro de Jesus Cristo com sua mãe, Maria, enquanto era torturado. (Foto: Paulo Francis)
Encontro de Jesus Cristo com sua mãe, Maria, enquanto era torturado. (Foto: Paulo Francis)

As celebrações da Sexta-Feira Santa, feriado que relembra o sofrimento e a morte de Jesus Cristo, se tornaram uma tradição que mobiliza centenas de fieis nos bairros da Capital. Todos os anos, faça chuva ou faça, uma multidão se reúne para acompanhar as procissões e assim, manter o costume.

Gente como o senhor Pedro Ferreira do Santos, que há 42 dos 60 anos de vida, participa da Comunidade Nossa Senhora das Vitórias. Na procissão do Bairro Cophavila, esta tarde (19), coube a ele guiar os fiéis durante a caminhada dos coroinhas pelo bairro.

Para ele, as procissões devem ser mantidas para as próximas gerações. “Me sinto um privilegiado. As futuras gerações precisam estar preparadas para o mundo por causa da violência e a procissão transmite essa mensagem de paz”, comentou .

Quem também acompanhou o percurso de 2 quilômetros e sem reclamar, sobre um sol de 31ºC foi a moradora Gislaine Kely de Souza, de 38 anos. “Mesmo no calor forte vale a pena, porque a gente lembra do que Jesus passou. O mundo precisa de Deus”, diz.

Pedro Ferreira do Santos acompanha as procissões todos os anos. (Foto: Paulo Francis)
Pedro Ferreira do Santos acompanha as procissões todos os anos. (Foto: Paulo Francis)
Dona Leonor assistiu a passagem dos fiéis na frente da sua residência. (Foto: Paulo Francis)
Dona Leonor assistiu a passagem dos fiéis na frente da sua residência. (Foto: Paulo Francis)

Feliz da vida, dona Leonor Spat, que hoje em dia não aguenta mais o percurso devido aos seus 86 anos, comemorou a passagem da multidão em frente a sua residência. “Hoje não posso mais sair de casa, mas participei dessas procissões por muitos anos”, lembra sorridente.

A sua filha, Marlene Spat, de 55 anos, também concorda que a tradição deve ser mantida. ““Essa tradição tem que continuar até Jesus voltar”, comentou. Em outro extremo da cidade, nas Moreninhas a tradicional encenação da Via Sacra pelas ruas do bairro foi cancelada, devido a chuva, mas mesmo com o mau tempo, os fieis acompanharam o início da celebração.

Mas o sacrifício começou dias antes, como conta o atendente Gabriel Mendes, de 22 anos. Para encarnar Jesus ele conta ter estudado dez páginas de roteiro e fez questão de sentir as agressões sofridas por Jesus. 

“Apanho de verdade em alguns momentos, levando socos e chicotadas, mas me sinto muito abençoado por representar Jesus. Não é fácil porque tem que conter ansiedade, o nervosismo. É uma responsabilidade muito grande, porque afinal é o papel do nosso salvador”, pontua.

Já o acadêmico de enfermagem, Dalbert de Oliveira 21 anos, iria participar pela terceira vez da Via Sacra. Ele já interpretou um sacerdote, Barrabás e agora o demônio, numa figura ao oposto de Cristo.

Procissão no meio de uma das ruas do Bairro Coophavila. (Foto: Paulo Francis)
Procissão no meio de uma das ruas do Bairro Coophavila. (Foto: Paulo Francis)

“A roupa é da igreja e maquiagem foi eu que fiz. A coroa é feita de cipó com palitos de dente. É maravilhoso participar porque além de evangelizar a gente traz uma mensagem de paz para o mundo”, disse acrescentando que o objetivo é também chamar a atenção dos jovens que estão perdidos no mundo.

Os ensaios para a Via Sacra das Moreninhas começaram há três meses e envolviam 45 pessoas. A representação que estava marcada para às 17 horas começou com meia hora de atraso na Capela São Pedro e São Paulo.

O previsto era que após encenação no pátio da igreja, a Via Sacra que este ano completa 32 anos seguisse até a Paróquia Nossa Senhora Aparecida, que também fica no Bairro Moreninhas. Após aproximadamente uma hora de apresentação foi preciso parar.

A organização tentou continuar a encenação dentro da igreja para que os fiéis pudessem se abrigar, porém, como a chuva não parava e assim impediria a procissão até a paróquia, decidiu-se pelo cancelamento.

Fiéis durante a procissão, desta tarde no Bairro Cophavila. (Foto: Paulo Francis)
Fiéis durante a procissão, desta tarde no Bairro Cophavila. (Foto: Paulo Francis)
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