Preso que comandava tráfico em presídio se gabava de "sistema muito organizado"
Criminoso comandava a entrada de drogas, celulares e objetos proibidos no presídio com a ajuda de servidores
Apontado como o líder de uma organização criminosa especializada no tráfico de drogas, Kleyton de Souza Silva é o principal alvo da Operação Blindagem, deflagrada no dia 7 de novembro pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado). Mesmo preso, o criminoso mantinha um “sistema muito organizado” dentro do Estabelecimento Penal de Aquidauana, onde cumpre pena.
RESUMO
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Kleyton de Souza Silva, apontado como líder de uma organização criminosa de tráfico de drogas, é o principal alvo da Operação Blindagem, realizada pelo Gaeco em 7 de novembro. Mesmo preso no Estabelecimento Penal de Aquidauana, ele mantinha um sistema organizado de tráfico, atuando em Mato Grosso do Sul e outros oito estados. As investigações revelaram que Kleyton coordenava a entrada de drogas e objetos proibidos no presídio, contando com a ajuda de agentes públicos. A operação, que visa desmantelar a organização criminosa, resultou em 76 mandados de prisão e busca, incluindo alvos como sua companheira e outros membros do Primeiro Comando da Capital.
Interceptações telefônicas mostram Kleyton se gabando do “profissionalismo” do grupo. Em conversa com Selma Nunes Roas, conhecida como Barby e também alvo da operação, ele afirmou: “Tenho uma vida nesse negócio e zelo pelo meu nome. Meu sistema é muito organizado”, disse o criminoso.
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As investigações revelaram que Kleyton era quem comandava a rede de tráfico, com atuação em Mato Grosso do Sul e outros oito estados: São Paulo, Santa Catarina, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia, Acre, Maranhão e Goiás. O grupo também é investigado por lavagem de dinheiro e agiotagem.
Kleyton já é conhecido das forças de segurança. Em 2012, ele foi apontado pela Denar (Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico) como líder de um bando preso com 800 quilos de maconha. Dois anos antes, havia sido detido em São Paulo com cocaína ligada às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), sendo condenado a 10 anos de prisão.
Em 2018, conseguiu o livramento condicional, mas foi novamente preso em 2019, durante a Operação Balcão de Negócios, por ter comprado 100 quilos de cocaína furtados da 1ª Delegacia de Aquidauana. Desde então, seguia articulando o tráfico de dentro da penitenciária.
Expansão do tráfico – Segundo o Gaeco, o criminoso comandava a entrada de drogas, celulares e objetos proibidos no presídio com a ajuda de agentes públicos, entre eles o ex-diretor da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), Alírio Francisco do Carmo.
Para escoar as drogas para outros estados, Kleyton criou um “consórcio” com outros traficantes, compartilhando cargas e lucros “como forma de otimizar a distribuição e reduzir riscos operacionais”. Ele cobrava entre R$ 150 e R$ 700 por quilo transportado.
O grupo também mantinha operações de varejo, com venda direta de entorpecentes em pequenas quantidades, e usava Sedex para enviar drogas a outros estados, disfarçadas em cargas de alimentos não-perecíveis com documentação regular.
Estrutura sofisticada - Kleyton chegou a instalar sistema de rastreamento em um caminhão Volvo com fundo falso, usado para ocultar as drogas. Mesmo de dentro do presídio, ele acompanhava o deslocamento das cargas até a entrega e contratava motoristas fixos para atuar no esquema e contava com "setor de inteligência" para cruzamento de dados.
O Gaeco destacou, em relatório, que o preso “expandiu e aperfeiçoou sua atuação criminosa, desenvolvendo diversas frentes de atuação, o que demonstra sua persistência e sofisticação nas atividades ilícitas”.
Operação - A ação foi deflagrada com apoio do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e do Batalhão de Choque, para cumprir 76 mandados de prisão e busca. O objetivo é desmantelar a organização criminosa armada responsável pelo tráfico interestadual de drogas e armas.
Entre os alvos estão ainda a companheira de Kleyton, Lana da Silva Gonçalves; Thiago Gabriel Martins da Silva, o "Especialista do PCC", e sua companheira, a advogada Aline Gabriela Brandão; além de Thiago Paixão Almeida, entre outros membros da facção Primeiro Comando da Capital e laranjas.




