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Interior

Fogo consome área de preservação em aldeia no Pantanal

Incêndio põe em risco não só a mata e os animais, mas também os cerca de 2 mil moradores da aldeia

Liana Feitosa | 27/07/2022 16:22


Incêndio destruiu mais de 20 hectares de mata de APP (Área de Preservação Permanente) dentro da aldeia Lalima, distante cerca de 55 quilômetros do Centro do município pantaneiro de Miranda, que fica a 208 quilômetros de Campo Grande. As chamas começaram na segunda-feira (25) e já foram controladas por equipe de indígenas brigadistas voluntários da própria comunidade.

De acordo com Gilson Terena, indígena da aldeia Lalima que coordena o trabalho dos brigadistas, a preocupação aumenta durante a temporada de estiagem, quando o clima seco, que vai até agosto, aumenta os riscos de incêndios. Fogo põe em risco não só a mata e os animais, mas também os cerca de 2 mil moradores da aldeia.

Cuidado - “Minha preocupação é grande porque temos uma mata de APP aqui e me preocupa muito que essa área não venha acabar. Falta para nós aqui a logística de transporte, mas o pessoal do Prevfogo ajudou prontamente e conseguimos controlar o fogo. Agora é trabalhar na conscientização da aldeia para prevenir incêndios”, relata Gilson.

Ele conta que o trabalho de prevenção e combate a incêndios por meio de voluntários começou neste ano, “pela vontade de ajudar a preservar, por amor à preservação. Então tivemos essa vontade de montar essa brigada voluntária, com ex-brigadistas e brigadistas da aldeia, entre outros voluntários e com o apoio do Ecoa e do Prevfogo também, que não mediram esforços para nos ajudar”, detalha.

De óculos, Gilson Terena, da aldeia Lalima, durante treinamento de combate a incêndios. (Foto: Victor Hugo Sanches / Ecoa)
De óculos, Gilson Terena, da aldeia Lalima, durante treinamento de combate a incêndios. (Foto: Victor Hugo Sanches / Ecoa)

O Ecoa é uma ONG (organização não-governamental) socioambiental criada em 1989 com atuação prioritária na Bacia do Prata, Pantanal e Cerrado. A entidade desenvolve o trabalho em parceria com o Prevfogo do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), que fornece o treinamento.

Prevenção - “Passamos por capacitação para preservar o território, visando também que futuramente a gente consiga montar uma base do Prevfogo aqui na aldeia também”, compartilha Gilson. Segundo ele, quando se aciona o Prevfogo ou o Corpo de Bombeiros, a ajuda demora a chegar até mesmo pela localização geográfica da comunidade. “Se tem uma base na aldeia, fica muito mais rápido e fácil o atendimento e o combate ao fogo”, completa. Atualmente, a comunidade conta com 6 brigadistas voluntários.

Gilson ainda explica que o trabalho dos brigadistas não se concentra apenas na prevenção a incêndios, mas também tem o objetivo de promover o reflorestamento da área e buscar parcerias em prol da preservação da APP. “Nós estamos rodeados de lavouras, então precisamos preservar esse pouco de floresta que nós temos aqui, e usar o fogo de forma correta, controlada. Queremos que as pessoas consigam enxergar na natureza a agradável sensação que é viver em liberdade”, expõe.

Ele espera que representantes do Município, Governo do Estado e Governo Federal vejam o interesse da comunidade na preservação desse “território sagrado porque hoje vemos muita destruição da natureza”.

“Para nós indígenas é de muita importância o nosso rio, a nossa floresta e nossos bichos. Hoje temos animais que estão voltando para nossa aldeia porque só está sobrando mata dentro da nossa aldeia para eles, por isso também preocupa muito os incêndios. Então tem que ser um trabalho de muito afinco e amor para conscientizar as pessoas para que não venham a estragar nossa natureza, o pouco que nos resta”, finaliza o Terena.

Brigadistas voluntários durante treinamento para combate a incêndios na aldeia Lalima. (Foto: Victor Hugo Sanches / Ecoa)
Brigadistas voluntários durante treinamento para combate a incêndios na aldeia Lalima. (Foto: Victor Hugo Sanches / Ecoa)


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