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Interior

Irmão de prefeito integra quadrilha presa com 2.500 quilos de maconha

Valeriano Odair Arévalo Garcia é irmão de Alexandrino Garcia (PR), que também responde processo por tráfico internacional

Helio de Freitas, de Dourados | 26/06/2017 11:28
Fardos de maconha encontrados em chácara onde foi preso irmão do prefeito de Aral Moreira (Foto: Divulgação/DOF)
Fardos de maconha encontrados em chácara onde foi preso irmão do prefeito de Aral Moreira (Foto: Divulgação/DOF)

O irmão do atual prefeito de Aral Moreira, Alexandrino Arévalo Garcia (PR), está entre os cinco homens presos ontem (25) pelo DOF (Departamento de Operações de Fronteira) com 2.526 quilos de maconha em uma chácara no distrito de Vila Marques, perto da fronteira com o Paraguai. A cidade fica a 364 km de Campo Grande.

Valeriano Odair Arévalo Garcia,35, foi preso junto com Altamir Rodrigues de Oliveira, 39, Ramão Oliveira da Silva, 60, Lucas Ramos Gonçalves, 18, Luiz Carlos Zocca, 48.

Eles foram flagrados após uma denúncia anônima feita ao DOF. Na chácara, os policiais encontraram uma carreta Scania com placa de Toledo (PR), com tabletes de maconha escondidos no fundo falso da carroceria, como mostra o vídeo abaixo.

Outros fardos da droga foram localizados escondidos no mato, embaixo de lonas. Uma caminhonete Toyota Hilux com placa do Paraguai também foi apreendida.

Valeriano e os outros quatro acusados foram autuados em flagrante na Defron (Delegacia Especializada de Repreensão a Crimes de Fronteira), em Dourados. Detalhes dos depoimentos deles não foram divulgados.

Prefeito réu – Eleito com 2.558 votos no ano passado, Alexandrino Garcia, 41, é réu por tráfico internacional de drogas em ação penal que tramita na 5ª Vara da Justiça Federal em Campo Grande.

No dia 2 de fevereiro de 2016, Alexandrino, então vereador em Aral Moreira, foi preso durante a Operação Materello, da Polícia Federal, junto com outras 19 pessoas, algumas ligadas a ele em Ponta Porã. Um empresário de Dourados também foi preso.

Na ação, além de Alexandrino são réus Aley Araji Goulart, Rosana de Oliveira Ferraz, Nicolas Habib, Ivan Carlos Mendes Mesquita, Carlos Alexandre da Silva Neto, Nivagner Dauzacker de Mattos e Jorge Ari Wider da Silva.

De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal, Alexandrino era o responsável em apontar a “melhor época” para a chegada da maconha vinda do Paraguai e a cocaína trazida da Bolívia.

Conversas telefônicas interceptadas durante as investigações da Operação Materello mostram Alexandrino conversando com outros membros da quadrilha, como Nivagner e Jorge Ari.

Apelidos – Nas gravações, o político era chamado de “Poroú”, mas ele também usava outros apelidos, entre os quais “Comedor”, “PR”, “Mister M” e “Guerreiro”.

“As menções de Aldo referindo-se à apreensão de cocaína da quadrilha, com o posterior acerto de futuras remessas de chá (possivelmente maconha) são indicativos de que as conversas travadas têm cunho criminoso. E, ao que indicam as tratativas, Alexandrino seria ator essencial na consecução os planos criminosos, na medida em que a remessa de drogas para Brasília (DF)”, afirmou o MPF na denúncia contra a quadrilha.

O atual prefeito é citado como o canal de informação de outros envolvidos, como Nivagner e Jorge Ari. “Em uma conversa possivelmente tratando sobre fiscalização policial na rota por onde a droga teria passagem, Jorge Ari faz menção ao apelido de Alexandrino, para esclarecer que ele teria mandado vir, o que revela a mensagem de que o trecho estaria livre para passagem da mercadoria criminosa”, diz trecho da ação.

Prefeito Alexandrino Garcia responde processo por tráfico (Foto: Divulgação)
Prefeito Alexandrino Garcia responde processo por tráfico (Foto: Divulgação)

“Famoso” - Segundo a decisão do desembargador do TRF (Tribunal Regional Federal) José Lunardelli, que no dia 4 de março do ano passado negou habeas corpus a Alexandrino Garcia, as conversas interceptadas mostravam até os membros da quadrilha comentando sobre uma foto do atual prefeito que saiu em um jornal de Ponta Porã, quando ele presidiu a Câmara de Aral Moreira.

Além de gravações telefônicas, a investigação descobriu que os integrantes do bando usavam um sistema de troca de mensagens do dispositivo Blackberry, no qual o atual prefeito tinha como nickname o apelido “Mister M”.

Caminhão amarelo - Em uma das trocas de mensagens, Mister M cita a palavra “amarelo”. Outros investigados também citaram a palavra “caminhão amarelão”. No dia 18 de abril de 2013, um caminhão amarelo foi apreendido em Recife (PE) com 526 quilos de maconha.

Com a apreensão, foram identificados Cícero Thiago Cavalcante como o usuário do apelido “Tubarão Free”, e Odair Moreira da Silva, o “Puff”, que trocavam mensagens com Alexandrino. Odair era casado com Eliane Mioti da Silva, titular de uma conta bancária mencionada nos diálogos interceptados e que seria usada para receber o dinheiro da venda de droga.

“Dos diálogos de Alexandrino com Aley Araji fica claro que os negócios de que tratam têm ligações com agentes sediados no exterior (especificamente a Bolívia) e provavelmente envolvem pagamento de quantias referentes ao tráfico de entorpecentes. Afinal, não há qualquer elemento negocial lícito ligando Alexandrino (que é vereador), Aley (cuja profissão é desconhecida, mas cujos indícios apontam para a prática de atos de traficância) e Jorge, que opera a partir da Bolívia”, diz trecho da ação.

Entretanto, Alexandrino novamente recorreu à Justiça e após três meses conseguiu deixar a prisão para disputar a eleição e ser eleito com 2.558 votos. Além de prefeito de Aral Moreira, ele faz parte da atual diretoria da Assomasul (Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul), ocupando o cargo de 2º tesoureiro.

Alexandrino Garcia foi procurado hoje, mas seu telefone celular estava desligado e ele não respondeu às mensagens deixadas através do aplicativo Whatsapp.

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