Ministros do Mercosul criam comissão contra o crime organizado nas fronteiras
Proposta é contar com a cooperação com os países vizinhos; MS é zona-chave do narcotráfico, segundo pesquisa
Ministros e representantes de nove países sul-americanos criaram a Comissão da Estratégia do Mercosul contra o Crime Organizado Transnacional. O objetivo é guiar e otimizar a articulação do Mercosul no combate às organizações criminosas que atuam em mais de um país.
RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
Ministros e representantes de nove países sul-americanos estabeleceram a Comissão da Estratégia do Mercosul contra o Crime Organizado Transnacional. A iniciativa, liderada pelo ministro Ricardo Lewandowski durante a presidência brasileira do bloco, visa otimizar o combate às organizações criminosas que atuam em múltiplos países. O encontro contou com a participação de Argentina, Paraguai, Uruguai, Bolívia, Chile, Colômbia, Peru e Panamá. A comissão reconhece a segurança pública como prioridade regional, destacando a necessidade de cooperação entre os Estados Partes e Associados na prevenção, investigação e repressão do crime organizado e narcotráfico.
O encontro foi realizado em Brasília, sendo solicitado pelo ministro Ricardo Lewandowski. Contou com a participação de Argentina, Paraguai, Uruguai, Bolívia, Chile, Colômbia, Peru e Panamá e teve a assinatura formalizada ontem (13). Neste momento, o Brasil exerce a presidência do grupo.
- Leia Também
- Zona-chave do crime, MS é rota de 80% da maconha e da cocaína que entram no País
- MS ganha destaque em seminário sobre segurança internacional e Rota Bioceânica
De acordo com o documento, a luta contra o crime organizado transnacional é uma questão prioritária do bloco econômico, além de refletir a crescente atenção dedicada à agenda da segurança pública, tanto no âmbito interno dos estados como de forma regional.
Ainda segundo o instrumento, o Mercosul conta com mecanismos ágeis de relacionamento e cooperação entre as autoridades competentes dos Estados Partes e Estados Associados na prevenção, investigação e repressão do crime organizado e do narcotráfico, entre outros crimes.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, presidiu a reunião com os demais ministros do Mercosul e afirmou que o combate ao crime organizado deve transcender as fronteiras. “O ambiente de segurança pública cria condições propícias para o desenvolvimento, mas a criação de um ambiente de segurança pública requer a superação de um desafio global, que é o combate ao crime organizado transnacional. O crime afeta todos os países, independentemente do nível de desenvolvimento de regiões geográficas, de visões políticas ou ideológicas”, disse.
No Brasil, ainda de acordo com Lewandowski, o combate ao crime organizado transnacional começa nas fronteiras, sobretudo na cooperação com os países vizinhos. “Queremos integrar o plano doméstico com uma estratégia regional construída com os nossos parceiros prioritários”, ressaltou.
O ministro do Interior do Paraguai, Enrique Riera Escudero, afirmou que a segurança pública é um direito essencial de todo o cidadão. “Um Estado onde não tem segurança, não há nada. Se torna inviável aplicar qualquer política pública. Ela não é apenas uma das políticas públicas, e sim a primeira e a mais importante. Não existe saúde e educação sem segurança”, concluiu.
Mato Grosso do Sul é descrito no Atlas da Violência 2025 como o principal entreposto logístico de drogas e armas do Brasil. A pesquisa, divulgada pelo Ipea Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e pelo FBSP Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostra que o território é rota estratégica do tráfico internacional, por onde passam cerca de 80% da cocaína e da maconha que entram no país.
A Rota Bioceânica, que será novo corredor de escoamento da produção do Brasil, passando por MS, também é fator de preocupação. Com maior circulação de veículos de carga e passageiros, cresce a possibilidade de que drogas, armas e mercadorias ilegais sejam ocultadas em meio a cargas regulares e cruzem fronteiras com menor risco de detecção.
A PRF Polícia Rodoviária Federal informou que haverá criação de uma nova Unidade Operacional da corporação em Porto Murtinho, ponto de entrada da rota no país. A base servirá para ampliar o controle do trânsito de cargas e passageiros, mas também atuará diretamente na fiscalização de crimes transfronteiriços.
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.
Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.


