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Esportes

Brasil terá que ser um time organizado para vencer na Rússia, diz Pelé

O Rei do Futebol conta suas histórias em Copas e faz previsões sobre o futuro da Seleção Brasileira na luta pelo hexa

Paulo Nonato de Souza | 18/04/2018 11:07
O Rei do Futebol em ação com a camisa da Seleção na conquista do tri mundial em 1970 no México (Foto: Arquivo/Divulgação)
O Rei do Futebol em ação com a camisa da Seleção na conquista do tri mundial em 1970 no México (Foto: Arquivo/Divulgação)

“O importante é que o Brasil seja bem organizado, porque não temos mais dois ou três craques para cada posição. O mesmo se aplica à Alemanha, cuja ênfase é toda no coletivo. Antes, eram indivíduos que mais importaram, hoje é o coletivo”.

Esta é a avaliação do Rei do Futebol, o brasileiro Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, em entrevista para o site oficial da FIFA, sobre as chances da Seleção Brasileira Copa do Mundo 2018, na Rússia. Segundo ele, o Brasil tem o que é preciso para ser campeão.

“A organização em campo como grupo é muito importante porque não temos mais dois ou três jogadores de topo para cada posição. Antes, eram indivíduos que mais importavam, mas isso mudou muito. Hoje os elencos são muito semelhantes e o que prevalece é o coletivo”, destacou Pelé.

O Rei do Futebol, que encantou o mundo com sua genialidade aos 16 anos de idade na Copa do Mundo de 1958, na Suécia, credita as eliminações precoces do Brasil em Copas anteriores por falta de tempo de preparação.

“A maioria dos jogadores do Brasil vive no exterior, muito diferente da minha época quando tínhamos muito mais tempo de preparação. Isso torna a vida muito difícil para o treinador, pois é difícil construir uma equipe. As coisas mudaram, não é fácil definir uma equipe titular. Mas, individualmente, não tenho dúvidas de que os melhores jogadores do mundo são brasileiros”, avalia.

Sobre o favoritismo do Brasil, depois do fracasso de 2014, em casa, inclusive com derrota na semifinal para a Alemanha por 7 a 1, Pelé declarou que a Seleção Brasileira será sempre será capaz de vencer a Copa do Mundo, mas recomendou muito respeito aos alemães.

“Você sempre deve respeitar a Alemanha. Mesmo a Rússia, que tem uma equipe forte e terá a vantagem de jogar em casa, e a Argentina tende a ser uma equipe competitiva porque tem o que é preciso para ir até o final, ou seja, a exemplo de Brasil e Alemanha, também tem jogadores de alto nível.

Quanto ao astro Neymar, que se recuperada de uma cirurgia no quinto metatarso, o Rei do Futebol aposta no bom futebol do atacante e diz não ter dúvida de que ele está maduro o bastante para liderar o Brasil na Copa da Rússia não apenas tecnicamente. “Sim, ele está pronto. Neymar é o principal jogador do Brasil. Ele tem que se preparar para isso. E eu iria mais longe: para mim, tecnicamente, o Neymar já é o melhor jogador do mundo. Estou absolutamente certo disso”, declarou.

Para o Rei do Futebol, no Paris Saint Germain, da França Neymar adaptou seu jeito de jogar ao esquema do treinador Tite.

“Neymar mudou a forma como ele joga na Seleção. No Barcelona, ele estava jogando como um atacante do lado esquerdo, enquanto que na Seleção ele joga mais centralizado, como um camisa 10 tradicional. Isso é difícil, mas agora no PSG ele conseguiu adaptar seu jogo”, comentou.

Pelé, no vigor na forma física na disputa da Copa de 1970, no México, sua última Copa do Mundo (Foto: Arquivo Fifa/Divulgação)
Pelé, no vigor na forma física na disputa da Copa de 1970, no México, sua última Copa do Mundo (Foto: Arquivo Fifa/Divulgação)

O GÊNIO DO FUTEBOL E SUAS MEMÓRIAS DE COPA - Quando ele ainda era criança e as pessoas começaram a chamá-lo de Pelé, Edson Arantes do Nascimento não poderia ter imaginado que essas duas sílabas se tornariam sinônimo internacionalmente de grandeza de futebol.

"Meu pai me chamou de Edson depois de Thomas Edison, o grande inventor. E eu estava realmente orgulhoso disso! Eu não queria nada com Pelé”, riu ele. O fato é que o apelido se tornou uma marca mundial e pertence a um dos mais reconhecidos futebolistas do planeta.

Várias décadas depois, e com a conquista de três Copas do Mundo sob seu comando, “O Rei” parece ter feito as pazes com seu apelido. "É curto, fica bem na mente das pessoas", ele admitiu, enquanto olha para trás e vislumbra sobre suas conquistas pessoais no futebol.

Ele pode ter perdido a força e a ginga do seu belo futebol dos tempos do apogeu, mas a companhia de Pelé permanece tão agradável e envolvente como sempre. Ele nos falou sobre os desafios que enfrenta na Seleção Brasileira o atacante Neymar, e o que está no caminho do Brasil na Copa do Mundo FIFA de 2018. Aos 77 anos, anos, seu nome ainda é sinônimo da Copa do Mundo.

Fifa: Você pode resumir o que a Copa do Mundo significou na sua carreira?

Pelé: Eu tenho tantas histórias da Copa do Mundo para contar! Nunca tivemos tudo a nosso favor, mas sempre saímos no topo. Em 1958, na Copa da Suécia, era um sonho: ainda era uma criança, e ninguém pensava que poderíamos chegar na final. Os críticos questionaram o Vicente Feola (treinador), perguntando-lhe como esperava ganhar a Copa do Mundo tendo na equipe um garoto de 17 anos. Mas nós fizemos isso! Em 1962, na Copa do Chile, quando o Brasil estava em boa forma, eu tive uma lesão, mas ainda assim conseguimos vencer o torneio. Na Inglaterra, na Copa de 66, sofri uma lesão de menisco e ficamos pelo meio do caminho, mas joguei todos os jogos na Copa de 1970, no México. Completei um ciclo perfeito para mim: comecei e terminei como campeão.

Fifa: Na final contra a Suécia em 1958 você marcou um gol lendário depois de um “lençol” no zagueiro dentro da área. Foi uma inspiração naquele momento exato?

Pelé: Eu estaria mentindo se eu dissesse que era tudo pré-planejado (risos). Foi espontâneo. Felizmente, essa foi uma das minhas forças como jogador: a improvisação, a capacidade de surgir coisas do manguito. Naquele momento, tive que agir rapidamente. Eu consegui controlar a bola no meu peito, mas, dada a defesa, tive que deslocá-la. Ele veio de Deus. Não tive tempo para pensar!

Fifa: E o gol de cabeça que você marcou contra a Itália na final do México em 1970 com Tostão cobrando o arremesso lateral para Rivelino fazer o passe e você cabecear. Foi a marca de um goleador?

Pelé: Costumávamos trabalhar aquele tipo de jogada durante os nossos treinos. Não todo aquele movimento, obviamente, mas o posicionamento. Sabíamos que, ao invés de jogar apenas com a bola como a maioria dos jogadores, deveríamos jogar com inteligência. Então, quando tivemos aquela jogada de ataque pelo flanco esquerdo, esperei um pouco mais atrás pelo lado direito da área da Itália. Rivelino e eu combinamos a jogada. Na final, a oportunidade surgiu e como já tínhamos trabalho nisso tive a felicidade de concluir em gol.

Fifa: Você consegue lembrar como foi o seu cabeceio na conclusão em gol?

Pelé: Claro. Era algo que eu aprendi em família. Meu pai, que também foi jogador de futebol, marcou muitos gols de cabeça. Eu sempre quis imitá-lo. Nunca fui particularmente alto, mas tive muita força nas minhas pernas. Meu pai costumava me dizer que a maioria dos jogadores fecha os olhos quando eles sobem para cabecear. Ele dizia: Quando a bola está vindo para você, abra seus olhos e escolha o canto fora do alcance do goleiro. Eu trabalhei muito e, consequentemente, fiz muitos gols de cabeça. Você tem que abrir os olhos e cabecear a bola para baixo.

Mas nem sempre dá certo, né? As pessoas ainda se lembram do gol de cabeça que você não fez no goleiro Gordon Banks diante da Inglaterra também na Copa do México em 1970.

Pelé: Absolutamente, foi uma chance semelhante.

Fifa: O Brasil teve uma série de grandes seleções nas Copas realizadas entre 1950 e 1970. Era o efeito Pelé?

Pelé: Foi um período bom para o Brasil com jogadores como Garrincha, Didi e Zito. Lembro bem do Vicente Feola nos dizendo: "Eu sei do que estou falando: sou mais velho do que vocês, eu sou o treinador. Certifique-se de uma coisa, vocês formam a melhor equipe do mundo. Mas é preciso respeitar cada um de seus oponentes. Não pense por um minuto que vai ser fácil. Você tem que sair com a mentalidade de ganhar o respeito de seu oponente. Ainda me lembro de suas palavras hoje; ele era nosso grande professor.

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