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Esportes

Após Patagônia, ciclista que já deu 'volta ao mundo' está em Campo Grande

Helton Verão | 08/01/2014 19:06
Ciclista aventureiro está voltando a sua terra natal, em Macapá e ficará em Campo Grande até segunda-feira (13) (Foto: Helton Verão)
Ciclista aventureiro está voltando a sua terra natal, em Macapá e ficará em Campo Grande até segunda-feira (13) (Foto: Helton Verão)

O ciclista aventureiro Vinícius da Silva, 28 anos, conquistou recentemente o feito de chegar a Patagônia argentina pedalando. Natural do Macapá, no estado do Amapá, esse foi mais um desafio ‘fichinha’ para ele, afinal em 2009 ele deu a ‘volta’ ao mundo sob duas rodas. Agora ele está de passagem por Campo Grande, onde se prepara para voltar a sua terra natal.

Deixado por sua família biológica na porta de uma casa, ele foi adotado por aquela família, que o criou até seus 13 anos, quando um naufrágio matou as únicas pessoas que tinha, pais, três irmãos e avós, naquela que foi um das maiores tragédias da Amazônia, no Rio Madeira, em 1999. Mais de 50 pessoas morreram e outras centenas ficaram feridas.

A partir daí ele aprendeu andar de bicicleta, montou em uma e saiu para rodar o mundo, prometendo ir até o ‘fim do mundo’. Após 15 anos na estrada, ele brinca que já ‘alcançou’ seu objetivo. “Na Patagônia tem uma placa escrito ‘Fim do Mundo’. Passei a andar de bicicleta para fugir da solidão”, revela Vinicius.

Hoje com 28 anos, ele conta que sobrevive a base de doações de alimentos, dinheiro e espaço para passar os dias em suas paradas. “Já passei por momentos difíceis por alimentação, mas sempre no fim alguém de bom coração ajuda”, conta o aventureiro.

Vinicius próximo da divisa com o Uruguai (Foto: Arquivo pessoal)
Vinicius próximo da divisa com o Uruguai (Foto: Arquivo pessoal)
O aventureiro no nordeste brasileiro, a beira do Mar da Barra (Foto: Arquivo pessoal)
O aventureiro no nordeste brasileiro, a beira do Mar da Barra (Foto: Arquivo pessoal)

Entre todos esses anos de viagens, ele já passou por momentos difíceis que vão além da necessidade por alimentação e estadia. Como toma banho, lava roupas, carrega sua bagagem? O ciclista conta que em cada local que dorme aproveita para lavar, cuidar da higiene, se não conseguir local para ficar, carrega em sua ‘leve’ bagagem de 110 quilos, com barraca roupas e toda estrutura para a chuva não molhar suas coisas.

A atual bicicleta do rapaz, é nada menos que sua 24ª. Isso mesmo, ao longo de suas viagens ele teve 23 bicicletas roubadas. “Já tive várias vezes a bicicleta roubada, mas sempre consigo uma nova a base de doações. Vou a rádios, bicicletarias e jornais para pedir ajuda”, conta da Silva.

No roubo de sua primeira bicicleta ocorrida no município de Bacabau (MA), ele teve que deixar o município a pé com destino a Terezina (PI), percorrendo mais de 300 km a pé onde acabou tendo apoio de um jornal diário na aquisição de uma bicicleta nova.

Em outros dois municípios, Vinicius não teve a mesma sorte. Ele que teve mais duas bicicletas furtadas, nos municipios de Ribeirão Preto (SP) e Francisco Sá (MG), acabou não tendo a sofrendo a pior. Neles, além do roubo, o jovem acabou sendo espancado

Além das bikes, teve seu Net book, GPS e diversos celulares furtados também. “Não utilizo mapas, vou pedalando e me localizando seguindo as placas das cidades. Até peço ajuda se alguém tiver ou quiser me doar um GPS me ajudaria muito”, solicita o rapaz.

Já se acidentou e visualizou diversos acidentes na estrada. Mas com ele nunca nada de grave. Pelo menos que ele acha. “Já aconteceram vários acidentes leves, carro acabar me tocando, carreta me fechando e eu cair em ribanceira abaixo, de 30 a 40 metros, graças a Deus foi só isso”, minimiza (só isso?), o ciclista que sempre leva consigo um kit de primeiros socorros.

Na estrada em uma das aventuras que já duram 15 anos
Na estrada em uma das aventuras que já duram 15 anos

Próximo desafio – Após seus dias de repouso, ele pretende iniciar uma nova pedalada, desta vez até Washington, capital dos Estados Unidos. “Quero ir até Washington e depois que voltar pretendo dar um tempo, fazer alguns cursos, quem sabe me formar em biologia. Sempre foi meu sonho. A beira da estrada e por onde paro sempre dei atenção aos animais”, traça Vinicius.

Sua passagem por Campo Grande irá durar até a próxima segunda-feira (13), quando coloca a bike na estrada novamente, rumo a sua terra natal, para duas semanas de repouso.

Ele pede ajuda dos campo-grandenses para doações, como é muito improvável ele estar em um ponto fixo, ele oferece o número de sua conta corente. Banco do Brasil, Agência 3395-2, Conta Poupança18561-2.

Durante toda a entrevista Vinicius demonstra simplicidade e muitas palavras com fé em Deus. Em seu perfil do Facebook fotos e publicações de suas aventuras e animais que encontra e cuida pela estrada.

Quando vai parar? Ele fala que até quando sua saúde permitir. “Após um dia quem sabe eu me formar em Biologia, pretendo começar fazer tudo que fiz em cima de uma moto. Essa é outra paixão minha”, revela o aventureiro.

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