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Artes

A Garota Dinamarquesa não deve estrear mesmo por aqui e nem adianta pressão

Naiane Mesquita | 06/03/2016 10:44
Filme fala da primeira transexual a fazer cirurgia de mudança de sexo.
Filme fala da primeira transexual a fazer cirurgia de mudança de sexo.

Não é de hoje que os campo-grandenses reclamam da programação dos cinemas locais. Na hora de decidir quais filmes serão exibidos na cidade, sempre são priorizados blockbusters, ou seja, as produções com forte apelo comercial e que tem mais chances de serem um sucesso de bilheteria. Nesse meio, nem mesmo os que concorrem ao Oscar ganham notoriedade.

Recentemente, uma das novas polêmicas é o lançamento do filme A Garota Dinamarquesa, que relata a história de vida de uma das primeiras transexuais a fazer cirurgia de mudança de sexo no mundo e que garantiu a indicação de Eddie Redmayne ao prêmio de melhor ator, que ele perdeu para Leonardo Di Caprio. Mesmo assim, com todo o marketing da produção, o filme não foi exibido em Campo Grande na estreia, 11 de fevereiro, e provavelmente não será mais.

De acordo com os cinemas locais, o que entra ou deixa de entrar na programação é uma decisão do alto escalão da empresa e as distribuidoras do filme, no caso, a Universal Pictures. Segundo a assessoria de imprensa do Cinemark, a rede é a maior exibidora do filme A Garota Dinamarquesa, mesmo assim não há previsão da produção estrear aqui. O rodízio das cópias depende da aprovação da distribuidora com a rede Cinemark.

O site Adoro Cinema estipula que o filme esteja em exibição em 74 cinemas atualmente, pouco em comparação com o blockbuster Deadpool, que está em 288 salas do país, inclusive em Campo Grande. Outro oscarizado, O Quarto de Jack também não chegou a Campo Grande e está no mesmo número de salas que A Garota Dinamarquesa, enquanto 
Brooklin, também indicado a três Oscar, estreou apenas em sete cinemas. Em comum, todos são dramas, ao contrário de Deadpool que é sobre um super herói.

Os únicos que ainda continuam firmes e fortes na programação é O Regresso, com o astro Leonardo Di Caprio e o vencedor de melhor filme, Spotlight, que saiu da grade e após o anúncio do prêmio retorna para as telas.

A rede Cinépolis, informou por meio também da assessoria de comunicação “que o filme já teve estreia faz um tempo, portanto não irá estrear em Campo Grande. Quem determina o filme que irá passar em cada praça é a distribuidora com a nossa área de programação, que tem uma estratégia em cada praça”. O UCI também deu uma justificativa semelhante.

Em algumas cidades do País, grupos chegaram a acusar as redes de preconceito com o filme. Uma Associação em Defesa dos Direitos Humanos com Enfoque na Sexualidade, Adeh, em Florianópolis conseguiu por meio de protesto que o filme estreasse e ainda realizou uma sessão aberta e gratuita para a população transexual.

Pressão - Esse tipo de intervenção da comunidade na programação de cinemas não é antigo. Em Campo Grande, vários cinéfilos já fizeram isso. A presidente do cineclube Cinema de Horror, Carolina Sartomen, 27 anos, organizou em 2014, uma campanha pelo filme Olho Nu, do diretor Joel Pizzini. “Ele foi incluído na programação do Cine Cult, do Cinemark. . A princípio, agendado para duas sessões, em dois dias de uma semana. Como houve bastante público, dobraram o número de sessão”, relembra Carolina.

Essa abertura com a rede de cinemas possibilitou que Carolina viabilizasse junto com o coordenador geral do Cine Cult na época Roberto Nunes, a exibição de filmes escolhidos pela comunidade. “Depois o coordenador do cinecult propôs a ideia de a programação do cinecult ser conduzida pela comunidade local. Ai o publico ia escolhendo os filmes opinando pelo Facebook. O projeto funcionou enquanto o coordenador do Cinecult esteve vivo. Morreu pouco tempo depois e por isso parou o projeto. Durou três meses essa parceria”, indica.

Agora, apesar da legenda CC Cine Cult ainda existir no Cinemark, não há nenhum filme na programação de Campo Grande. “Ele viu que quando a comunidade escolhia, ela ia até o cinema assistir. Foi uma pena não ter ido para a frente”, relata Carolina.

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