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Artes

Alekson saiu do Brasil para aprender inglês e hoje faz filmes na Irlanda

Lucas Arruda | 17/10/2017 07:58
Alekson vive há 7 anos na Irlanda e já esteve na produção de oito obras audiovisuais (Foto: Arquivo Pessoal)
Alekson vive há 7 anos na Irlanda e já esteve na produção de oito obras audiovisuais (Foto: Arquivo Pessoal)

Ele nasceu em Belo Horizonte, mas sempre que o perguntam de onde é ele diz com orgulho que é campo-grandense. Alekson Lacerda Dall’armelina veio para cá em 1987, quando tinha 5 anos. Viveu aqui a maior parte da sua vida, mas há 7 anos, foi morar em Dublin, na Irlanda, para fazer um curso de inglês e alçar voos maiores.

Um mês atrás, foi lançado o filme “Writing Home”, no mais importante festival irlandês, o Galway Film Feadh. A produção faz parte do mestrado do campo-grandense, é co-dirigida por ele, pela libanesa Nagham Abboud e a mexicana Miriam Velasco. O filme recebeu indicações como melhor filme irlandês, melhor primeiro longa-metragem e votação pública. Ele já foi exibido no México e em Luxemburgo.

Alekson e outros integrantes da equipe do filme no festival em que foi apresentado (Steve Wilson)
Alekson e outros integrantes da equipe do filme no festival em que foi apresentado (Steve Wilson)
Alekson falando sobre a produção no Galway Film Fleadh (Steve Wilson)
Alekson falando sobre a produção no Galway Film Fleadh (Steve Wilson)

Mas não foi na Irlanda que Alekson começou a trabalhar com produções audiovisuais. “Minha primeira experiência com cinema foi em 2003, na bienal da Une que rolou em Pernambuco, depois foi num curso básico de cinema com a diretora Laís Bodanski (Bicho de Sete Cabeças) e o produtor Luiz Bolognesi, aí em Campo Grande, realizado pelo Cinecultura. Escrevi um curta chamado 'Amor de Menino' e todos gostaram da proposta. Produzimos, atuei como ator principal. Este curta abriu uma mostra de cinema de Campo Grande e passou em alguns festivais do país”, lembra.

Algum tempo depois ele chegou a trabalhar com documentário também. “Em 2005 co-dirigi o curta documentário Amor Peixe em Corumbá, sobre uma associação de mulheres de pescadores que fazem artesanato com pele de peixe. Foi meu trabalho de conclusão em Jornalismo”, conta.

Na Irlanda o contato com a produção audiovisual não aconteceu logo de cara. Ele foi pra lá por conta de uma amiga que o convenceu e morou com ela quando chegou. “Quando cheguei me dei conta que meu inglês era péssimo e, apesar de estar estudando, decidi procurar emprego”, recorda.

Ele só começou a trabalhar com audiovisual em seu segundo ano na Irlanda (Arquivo Pessoal
Ele só começou a trabalhar com audiovisual em seu segundo ano na Irlanda (Arquivo Pessoal

O primeiro trabalho que conseguiu foi distribuindo panfletos na rua. “Trabalhava umas duas horas por dia e ganhava 10 euros a hora (cerca de R$ 35). Não era suficiente”, afirma. Depois deste primeiro emprego conseguiu trabalhar num badalado pub gay irlandês recolhendo copos, limpando e ajudando no bar.

“Não era nem de perto o emprego dos meus sonhos, mas me garantia um salário melhor do que eu recebia como repórter no Brasil, isso porque trabalhava menos de 20 horas por semana, com horários compatíveis com o curso de inglês”. À medida que seu inglês ia melhorando melhores empregos surgiam.

Quando o inglês já estava bom Alekson teve contato novamente com o audiovisual, só que agora na frente das câmeras. Ele já havia estudado e trabalhado com teatro aqui em Mato Grosso do Sul. “Entrei para uma agência de atores, modelo e figuração. Comecei como figurante em programas de tv e filmes e, eventualmente, trabalhava como modelo para campanhas publicitárias. Cheguei até a ter falas numa novela irlandesa”, pontua.

Mas foi só quando sua cidadania italiana foi reconhecida que ele decidiu mergulhar de vez nesse ramo. Ele fez um curso técnico em produção de televisão e cinema digital. “Dirigi meu primeiro curta. Foi emocionante fazer aquilo”, declara.

Sua professora o convenceu a se matricular num curso que daria um diploma em produção de cinema. Durante este novo curso ele dirigiu outros curtas, trabalhou numa série de outras produções, principalmente como diretor de fotografia, diretor de arte e até mesmo como ator. “Nunca mais parei. Ano passado decidi fazer o mestrado em Mídia Digital – Produção de Cinema oferecido em parceria entre a Universidade do Oeste da Escócia e Filmbase – Irlanda”, onde acabou produzindo o longa que agora começa a circular pelo mundo.

Ele afirma que Campo Grande ainda faz parte de seus planos e pretende voltar um dia pra cá. “Quero produzir/dirigir filmes e documentários no Brasil, gosto demais dos atores brasileiros. Seria bom compartilhar um pouco do que aprendi nesses anos aqui com quem faz cinema na terra, temos que valorizar e divulgar nossa rica cultura”, destaca. “Mato Grosso do Sul tem locações incríveis, beleza incontestável e muito artista que merece ganhar o mundo pelo cinema. É um sonho dirigir pelo menos um longa nessa terra tão querida”, finaliza.

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Confira abaixo o trailer da produção Writing Home, legendado em espanhol:

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