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Artes

Antigo Cine Acapulco, na 26 de Agosto, é reformado para receber teatro e cinema

Aline Araújo | 14/11/2014 06:23
Fachada na rua 26 de Agosto. (Foto: Adriano Fernandes)
Fachada na rua 26 de Agosto. (Foto: Adriano Fernandes)

O prédio branco, feio, com janelas quebradas, tapumes e uma arquitetura antiga, no meio da 26 de Agosto, vai ressurgir da cinzas depois do incêndio que acabou com o "Cine Acapulco". Será repaginado para se tornar uma fundação, com aulas de teatro e de cinema, gratuitas. A ideia é deixar tudo pronto até o próximo aniversário da cidade, em 2015.

Os operários trabalham pesado na reconstrução do que foi um espaço lotado na década de 70, com exibições do que hoje são clássicos do cinema. Atualmente, quem passa pela frente nem imagina o muito de beleza que ainda está ali, escondida pela sujeira de cimento e dos resquícios do tempo.

A estrutura do local permanece intacta, apesar do fogo que destruiu o mobiliário e obrigou a empresa a fechar as portas. A avaliação estrutural é de Aírton Bernardino Leite Jr, sobrinho de Bernardo Lahdo, escritor, cineasta e dono do prédio.

Na entrada, o chão preserva o mosaico de azulejos. O hall, onde ficavam os baleiros, agora ganhará um café. As escadarias também são recuperadas para a volta da movimentação nas salas do piso superior.

A instituição será uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), com o objetivo de promover a cultura. O lugar também ganhará um novo nome: Fundação cineasta Abud Lahdo, uma homenagem ao artista hoje com 83 anos.

Na parede, ainda estão os espaços para os cartazes dos filmes em exibição. (Foto: Adriano Fernandes)
Na parede, ainda estão os espaços para os cartazes dos filmes em exibição. (Foto: Adriano Fernandes)

As paredes com chapisco e pedras mantêm a acústica. O recurso para garantir a qualidade do som há década será originalmente preservado. O telhado já havia passado por reforma e a fachada receberá vidros. Mas a promessa é de que arquitetura histórica será mantida. A tecnologia deve chegar sem perder o charme de décadas passadas.

Como muito se perdeu durante o incêndio, várias peças vão virar decoração, como os esquipamentos de projeção antigos, enfeites de luxo para contar o tempo passado. Para as turmas que serão formadas, os planos são para compra de projetores modernos.

Em frente à tela principal, um espaço será o palco para garantir que o auditório com 200 lugares vire também um teatro, tanto para apresentações, como para as aulas de interpretação. Os lugares, hoje tomados pela grama, vão ganhar poltronas novas.

Os recursos para a grande reforma, que promete transformar o lugar, serão particulares, tudo em nome da paixão da família Lahdo pelo cinema.

Já para os programas, além de buscarem recursos federais, a instituição pretende manter uma produtora de vídeos, um jeito de garantir o dinheiro suficiente para manter os projetos no terceiro setor.

Em cima serão as salas de aula e em baixo hall de entrada para o teatro e cinema. (Foto: Adriano Fernandes)
Em cima serão as salas de aula e em baixo hall de entrada para o teatro e cinema. (Foto: Adriano Fernandes)
O chão é todo em mosaico. (Foto: Adriano Fernandes)
O chão é todo em mosaico. (Foto: Adriano Fernandes)

A história - O prédio é a prova dessa paixão e da importância na história cinematográfica de Mato Grosso do Sul. A família é parte fundamental nesse quesito. Bernardo Lahdo escreveu e Abud dirigiu o primeiro longa metragem produzido em Campo Grande, "Paralelos Trágicos", em 1965.

Em 1969, surgiu a Lahdo Produções Cinematográficas e os cinemas da companhia se espalharam pela cidade, além do interior de São Paulo e Paraná.

O Cine Acapulco marcou a história de muitos namoros que começaram por ali, com sucessos como o filme Love Story de 1970, que ficou em cartaz por três meses, com sessões sempre lotadas.

Mas o grande sucesso e recorde de público foi o filme "O Exorcista", de 1972. Foram mais de seis meses de exibições, e com mais de uma sessão diária. “O sucesso era por causa das estratégias de marketing do meu tio, ele contratava ambulância, gente passando mal, tudo de mentira, para fazer propaganda do filme”, comenta Junior.

O prédio também tem algumas surpresas, bem no fundo, atrás do telão, está uma das nascentes que desaguam no córrego Prosa, a resistência da natureza bem simbólica diante das condições atuais do prédio que pode voltar a ser vivo.

As fotos de hoje, em obras, são um exercício de imaginação para quem acredita que a cultura de Campo Grande vai ganhar um belo incentivo as artes. Agora, feche os olhos e imagine às luzes acessas que em breve, se todos os planos derem certo, tem filme produzido aqui em cartaz na Rua 26 de Agosto.

Os detalhes originais serão mantidos. (Foto: Adriano Fernandes)
Os detalhes originais serão mantidos. (Foto: Adriano Fernandes)
Os espaços tomados pelo mato vão ganhar poltronas e a tela será moderna.
Os espaços tomados pelo mato vão ganhar poltronas e a tela será moderna.
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