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Artes

Público recomenda: "Que horas ela volta" é programão para este domingo

Lucas Arruda | 20/09/2015 10:07
Filme causou polêmica e mostra também relação entre mãe e filha (Foto: Reprodução)
Filme causou polêmica e mostra também relação entre mãe e filha (Foto: Reprodução)

O filme “Que Horas ela Volta?”, da cineasta Anna Muylaert, estreou esta semana em dois cinemas campo-grandenses, no UCI e Cinemark, depois de se tornar um fenômeno popular no Brasil, graças a familiaridade de todos nós com um tema tratado de forma original, para fazer refletir sobre a sociedade brasileira.

Depois de muita polêmica sobre a imposição do uniforme branco para as babás, ainda usado como instrumento de ostentação, agora o debate é sobre a exploração que leva uma pessoa a se sentir menos merecedora de respeito.

Por aqui, a impressão que ficou no público foi a de um filme que realmente merece estar cotado para ser o representante na categoria Melhor Filme Estrangeiro, do Oscar 2016.

O longa é protagonizado pela veterana Regina Casé, a pernambucana Val. Ela se mudou para São Paulo a fim de dar melhores condições para sua filha Jéssica (Camila Márdila), mesmo morando longe. Treze anos depois, a menina lhe telefona pedindo para ir à São Paulo, para prestar vestibular. Os chefes de Val a recebem de braços abertos, só que quando ela deixa de seguir o protocolo, circulando livremente, como não deveria, a situação complica.

A diretora costuma resumir o roteiro dizendo que é a história da "empregada que, graças ao reencontro com a filha que chega de longe, deixa de se sentir como uma cidadã de segunda classe".

Anna Muylaert fala de tantas mulheres que dedicam décadas aos cuidados dos patrões, deixando de lado muitas vezes a própria família.

A diretora fala de uma relação de cumplicidade, muitas vezes sórdida. Mas diz que tentou fazer um trabalho sem julgamentos, mostrando que esse jogo é violento, mas também de afeto, para que o público visse seus próprios erros com compaixão.

Aquela história do "é como se fosse da família", tão reproduzida por patrões Brasil afora, é escancarada no filme. Val, que serve de parente nos momentos de necessidade da família rica e incapaz de pegar até um copo de refrigerante na geladeira, vai perdendo a sensação de pertencimento ao se deparar com a condição da filha.

São detalhes em uma relação de dedicação unilateral. Em um dos pontos mais agressivos do longa, a dona da casa manda esvaziar a piscina, para que a filha da empregada não desfrutasse mais do "luxo".

O casal Leonardo e Anny gostaram do filme e disseram que ele foge dos clichês nacionais
O casal Leonardo e Anny gostaram do filme e disseram que ele foge dos clichês nacionais

O filme tem recebido boas críticas e caiu no gosto do público, principalmente, por falar de um Brasil que pouco não se vê nos cinemas.

Em exibições na Europa, críticos de cinema brasileiros dizem que tiveram de responder perguntas do tipo  "Mas é verdade que no Brasil tem gente que não levanta para pegar um copo de água?" "É verdade que existe empregada que não pode sentar na mesa?". E olha que o caso em questão nem é de uma família poderosa, e sim uma de classe média, como tantas por ai.

Para a funcionária pública Anny Santana ele foge dos clichês que os longas tupiniquins utilizam.

“Ele foca mais na personagem principal, que é empregada doméstica e o resto é mais um pano de fundo, é diferente do que temos visto ultimamente aqui”, afirma. “Eu também me surpreendi, ele merece estar cotado para representar o Brasil no Oscar”, emenda o namorado de Anny, Leonardo Vieira, editor de livros.

Já a jornalista Amanda da Silva acredita que ele mexe na ferida de muitas famílias "burguesas" do Brasil. “Achei sensacional, é um tapa na cara de muita gente, mas retrata a realidade. Muitas pessoas tem conceitos superficiais, se acham superiores, o filme mostra isso. Espero que isso mude”, reflete.

O filme continua em cartaz no UCI com sessões às 15h45 e às 19h50 até quarta-feira (23). No Cinemark ele será exibido às 16h15, às 19 horas e 21h45, também até quarta.

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