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Comportamento

Rumo ao Peru, Elieth diz ter enfrentado 3 monstros: feiura, velhice e dureza

Ela partiu namorando com destino ao Peru, mas logo de saída terminou o relacionamento e teve de começar uma viagem interna

Guilherme Henri | 23/03/2019 08:33
Elieth já em Machu Picchu depois de 15h de caminhada (Foto: Acervo Pessoal)
Elieth já em Machu Picchu depois de 15h de caminhada (Foto: Acervo Pessoal)

Elieth Lopes começou uma viagem para Machu Picchu (Peru) com a namorada em dezembro do ano passado, mas no meio do caminho se viu solteira. Mesmo assim, a viagem continuou em dupla, algo bem que parece mais civilizado que na conjuntura de realações líquidas e descartáveis. Ao final, além da nova amizade, de quebra Elieth aprendeu a se amar “em um nível mais profundo”, conta, porque até então se achava feia, velha e pobre para viver aventuras.

As duas traçaram todo o trajeto juntas, mas Elieth idealizou uma viagem com significado e transformadora de alguma maneira. Por isso, entrou em uma dieta alimentar vegana, para estar na mesma sintonia que a namorada ao chegar em Machu Picchu.

Além da dieta, as duas resolveram abrir mão de alguns “luxos” de, por exemplo, embarcar em um avião e pousar o mais próximo possível do destino. “Fomos no ‘dedão’ daqui até o Peru”, conta a aventureira.

No percurso, claro, as duas passaram alguns perrengues. “De carona chegamos a Santa Cruz, ainda em dezembro, porém estava de madrugada, não tinha nada aberto e precisávamos esperar ali, em meio ao nada, um ônibus para seguir viagem”, detalha.

Paisagem da trilha para Machu Picchu (Foto: Acervo Pessoal)
Paisagem da trilha para Machu Picchu (Foto: Acervo Pessoal)

Preocupado, o motorista resolveu esperar com as duas moças até que elas conseguissem embarcar em um ônibus. “Quando se viagem dessa maneira o medo vai junto com a bagagem”, diz.

As meninas então seguiram viagem e no meio do trajeto trocaram o ônibus por uma Kombi. O dentinho era um hostel vegano de frente para o lago Titicaca, onde passariam a virada do ano juntas.

Mas as 24 horas juntas levaram ao conflito e o resultado é comum na história de muitos casais. “Estávamos do lado do motorista, na Kombi lotada. Ali, entraram em desacordo e sem brigar decidimos terminar o namoro”, revela. O motivo, do término, Elieth preferiu não comentar.

Agora, o cenário era o de Réveillon, o problema é que todo mundo estava em clima de festa, menos Elieth. “Passei a virada de luto pelo fim do relacionamento e foi quando comecei a de fato me conectar de uma maneira mais profunda comigo mesma. Refletia em como a vida mudava. Há horas eu estava namorando e depois não”, diz.

Caminho da hidrelétrica a Águas Calientes (Foto: Acervo Pessoal)
Caminho da hidrelétrica a Águas Calientes (Foto: Acervo Pessoal)

Como só estavam as duas, a melhor e mais sensata saída para situação um tanto constrangedora foi a de abraçar a “amizade” e seguir viagem. “Deixamos nossa bagagem no hostel e seguimos apenas com mochilas em outra Kombi, com demais turistas agora rumo ao tão esperado destino. Inocentes, mal sabíamos o que nos aguardava antes”.

Elieth se referia as cerca de 8 horas de descida ingrime em um desfiladeiro perto da cidade de Águas Calientes - fica abaixo de Machu Picchu e é a última parada do trem antes da cidade sagrada dos Incas.

“Foi uma das experiências mais inexplicáveis. Um misto de adrenalina e medo. Coisa de loco mesmo. Você acha que vai morrer. Depois que conseguimos finalmente chegar na estrada, mais uma vez você sente como a vida é frágil", explica.

Grupo de turistas chegando em Machu Picchu (Foto: Acervo Pessoal)
Grupo de turistas chegando em Machu Picchu (Foto: Acervo Pessoal)

3 montros - Foi a penúltima etapa da viagem interna que estava fazendo, analisa. "Neste trajeto encarei três monstros: a feiura, a velhice e a pobreza”, descreve a viajante sobre o as limitações do corpo e estado de espirito evidenciadas ali.

“Já não queria tirar foto e esse sentimento foi crescendo, até quando finalmente chegamos veio um vazio. Não consegui mais pensar em nada a não ser contemplar a beleza daquele lugar. E por esse silêncio, consegui me conectar com meu eu mais profundo e entender que minhas amarras estavam nestes padrões materiais”, conta.

A volta com a então amiga ainda foi cercada de outros perrengues, semelhantes aos da ida, contudo, muita coisa deixou de perturbar Elieth. “Voltei me amando em um nível muito mais profundo do que o próprio amor próprio”, afirma.

Já no Brasil, a ex-namorada chegou a manter contato com Elieth, mas a amizade não durou sem o vínculo da viagem e as duas não conversam desde janeiro.

Com muitas expressões e emoções, Elieth vai dividir mais detalhes da viagem no evento chamado “Bacalhau Filosófico”, que será realizado a partir das 19h deste sábado (23), no Ateliê 118, localizado na Avenida Mato Grosso. A entrada custa R$ 35 com bebidas a parte.

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Cidade sagrada dos Incas Machu Picchu (Foto: Acervo Pessoal)
Cidade sagrada dos Incas Machu Picchu (Foto: Acervo Pessoal)
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