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Comportamento

Para espantar a solidão, Gabriel sai por aí beijando e abraçando desconhecidos

Por onde passa, ao lado da mãe, o menino de 6 anos deixa desconhecidos abismados com afeto inesperado

Kimberly Teodoro | 18/12/2018 08:26
Gabriel e uma nova amiga, durante tarde na padaria. (Foto: Kisie Añoa)
Gabriel e uma nova amiga, durante tarde na padaria. (Foto: Kisie Añoa)

De mansinho, como quem não quer nada, com um sorriso tímido e grandes olhos castanhos, Gabriel choca as pessoas por onde passa. Mas o espanto é do tipo "de onde saiu esse menino?". O garoto de 6 anos chega ao lado da pessoa, fica mirando o desconhecido e quando o outro responde com o olhar, Gabriel beija e abraça, como se fosse um velho amigo.

A primeira reação de quem é abordado vem com a pergunta: "Cadê seus pais?". Gabriel responde que não tem pai e que a mãe está no banheiro. Depois, soluciona a dúvida sobre o carinho inesperado. "Beijo e abraço porque eu gosto mesmo das pessoas", explica.

Ele distribui pequenas gentilezas aos estranhos e assim vai melhorando o dia de quem precisava só de um afago para continuar a vida mais feliz.

Celba Martins, a mãe, não se lembra quando o hábito peculiar começou, e afirma nunca ter ensinado mais que a boa educação. Mas conta que ele é assim em todos os lugares em que os dois entram, sempre abordando as pessoas com um sorriso e oferecendo o abraço e o beijo no rosto que abrem portas para uma conversa mais longa, transformando o dia até dos mais mau humorados, já que nenhuma cara feia ou voz alterada são capazes de assustar Gabriel.

Descrito como uma criança independente e comunicativa, ele acabou de concluir o jardim de infância e no próximo ano vai começar a 1º série do ensino fundamental. A aptidão social não passa despercebida pelos professores, que segundo Celba, sempre elogiam a atenção que o menino dá aos coleguinhas de sala e a dedicação às atividades escolares.

Aos 6 anos, Gabriel distribui gentileza por onde passa (Foto: Kísie Ainoã)
Aos 6 anos, Gabriel distribui gentileza por onde passa (Foto: Kísie Ainoã)

Consultora de marketing multinível, Celba costuma marcar reuniões sobre o produto que representa em lugares como cafés, padarias, ou restaurantes, para conversar com esses clientes, e quase sempre ela vai acompanhada por Gabriel. Acostumado com movimento e muita gente desde pequeno. Sob o olhar vigilante da mãe, ele deu o próprio jeitinho de espantar a solidão, aproveitando para fazer amizade com quem está nas mesas ao redor, desde que a pessoa esteja disposta a aceitar um pouquinho de amor.

Com uma personalidade própria, Gabriel é filho único de mãe solteira, mas a ausência do pai nunca foi motivo para amargura por parte do menino, aparentemente dono de um coração que cabe o mundo todo dentro.

No prédio onde mora com a mãe, ele conhece todas as crianças da mesma idade e não passa um único dia desacompanhado, principalmente, agora durante as férias. Celba diz que sozinho ele combina a visita à casa dos amiguinhos, avisa a mãe e pega o elevador, que ele mesmo seleciona o andar e volta só no fim da tarde, cheio de histórias para contar.

Gabriel acompanha a mãe em reuniões de venda desde pequeno (Foto: Kísie Ainoã)
Gabriel acompanha a mãe em reuniões de venda desde pequeno (Foto: Kísie Ainoã)

Muito ativo, ele e Celba também costumam ir à parques aos finais de semana, onde ele aproveita para jogar bola e encantar quem estiver por perto. Além de socializar, ele também gosta de assistir desenhos se super-heróis, desses que sozinhos conseguem salvar o mundo de toda a maldade.

Espírito livres desde cedo, é ele quem escolhe as próprias roupas, com combinações características da personalidade original, são cores alegres, misturando a regata verde que é a cara do verão com meias de canela alta e boots de aventureiro. É assim desde muito cedo, Celba lembra que Gabriel aos 2 anos e 6 meses vestiu a primeira calça jeans sozinho e já sabia abotoar, tudo para ficar pronto e acompanhar a mãe durante o trabalho

O jeitinho tímido é o charme especial, e dura só até quebrar o gelo, Gabriel tem dificuldade em algumas palavras, tropeçando nos “Ls e Rs”, quase como o Cebolinha da Turma da Mônica, explica Celba, por isso visita a fonoaudióloga duas vezes por semana. Mas ele não faz disso uma barreira, compensando em gestos aquele que palavra nenhuma é suficiente para demonstrar.

Colecionando elogios por onde passa, ele se esforça para fazer jus ao título de “criança amável”, que já ouviu muitas vezes dos adultos ao redor, para ele o importante é mostrar amor e carinho às pessoas, chamando a atenção pelos bons exemplos. Começou cumprimentando uma única pessoa e como a tática é infalível, continua sendo em prática até hoje.

E a reação de quem está em volta é surpreendente, mesmo em uma cidade de moradores mais reservados e com a rotina corrida que muitas vezes faz passar despercebido atos simples como “Bom dia, por favor, e obrigada”. Gabriel faz com que as pessoas se sintam acolhidas, recuperando um pouco a grandeza de gestos pequenos, mas cheios de delicadeza.

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Companheiro da mãe desde pequeno, ele está acostumado com lugares movimentados (Foto: Kísie Ainoã)
Companheiro da mãe desde pequeno, ele está acostumado com lugares movimentados (Foto: Kísie Ainoã)

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