ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  25    CAMPO GRANDE 32º

Comportamento

No dia mais feliz para Ingrid e Claúdia, emoção foi o avô celebrar o casamento

Thailla Torres | 26/06/2018 07:59
Juntas há 2 anos, Ingrid (à direita) e Claúdia (à esquerda) decidiram oficializar a união em uma cerimônia intimista. (Foto: Ed Adan)
Juntas há 2 anos, Ingrid (à direita) e Claúdia (à esquerda) decidiram oficializar a união em uma cerimônia intimista. (Foto: Ed Adan)

Se em parte as cerimônias de casamento existem para que se possa celebrar e oficializar o amor, por outro lado também acontecem para surpreender os convidados com histórias inspiradoras. Assim foi no casamento da acadêmica de Enfermagem Ingrid Macedo Neves, de 24 anos, e a esposa Claúdia Inês Zanetti, de 28, no último fim de semana, que no altar estavam radiantes por terem o avô, de 72 anos, celebrando a cerimônia.

O aposentado Dirceu da Cunha é o exemplo de que idade e geração não justificam o preconceito existente, mesmo criado nos tempos em que o discurso radical de que “macho deve ser macho até a morte” era prevalecido, recorda. “O mesmo ditado servia para as mulheres naquela geração. Se esse casamento fosse há 50 anos, talvez eu teria ficado emputecido, mas na maneira que a sociedade foi buscando conhecimento, aprendi sobre as relações humanas e que a felicidade é construída com amor”.

Momento foi ainda mais especial com apoio e celebração do avô Dirceu, de 72 anos. (Foto: Ed Adan)
Momento foi ainda mais especial com apoio e celebração do avô Dirceu, de 72 anos. (Foto: Ed Adan)

Ingrid encontrou o apoio do avô há dois anos, quando resolveu assumir o amor que sentia por Claúdia. “Me senti segura para ser quem eu era e viver aquele sentimento”, conta a neta. E com sabedoria, seu Dirceu ensina. “Aprendi a compreender e entender que quando se trata de duas pessoas, independente do gênero, quando somam e querem construir algo junto, temos que apoiar. Por isso, todos aqueles que buscarem a minha casa, vão ter de mim uma palavra apoio”, completa o avô.

Por isso o pedido para que Dirceu dissesse algumas palavras durante o casamento foi atendido, e sem receios. Em uma cerimônia simples e para poucos convidados, o avô trouxe à tona o respeito e a mensagem para outros casais que sofrem ao colocar fim em qualquer segredo e, na maioria das vezes, vivem um passo sem volta na conversa franca com quem ainda não aceitou a diversidade.

“Como entre os convidados tinham héteros e homossexuais, eu quis falar para aquelas pessoas sobre estamos tentando constituir um mundo diante das diferenças da humanidade. E o verdadeiro amor é o que compreende e que traz a serenidade”, explica Dirceu.

Entre um café e outro, um sorriso – Ingrid e Claúdia se conheceram na faculdade, por acaso, assumem as noivas. Uma faz Enfermagem, outra está prestes a completar o curso de Engenharia Mecânica e nunca tínham se visto nos corredores. “Um dia saí da sala e vi ela de longe, fui pedir um isqueiro emprestado. Ela estava tomando café e me ofereceu, mas na pressa não aceitei”, lembra Ingrid.

De uma delicadeza singular, cerimônia foi realização de um sonho.
De uma delicadeza singular, cerimônia foi realização de um sonho.
O abraço veio com a certeza de estarem no caminho do amor.
O abraço veio com a certeza de estarem no caminho do amor.

Embora tenha certeza que naquele momento algo em Claúdia despertou sua atenção, Ingrid passou meses com ela apenas em pensamento. “Um dia, após tantos desencontros, nos esbarramos e ela me convidou para tomar um café. Daquele dia em diante, não conseguimos ficar um dia longe da outra”.

Em duas semanas começaram a namorar e Ingrid passou pela maior dificuldade, de romper com os “padrões” e assumir para a família tudo o que sentia. “Eu já tive relacionamentos com mulheres, mas nunca havia assumido por medo da família e colegas de trabalho, mas com ela foi tudo diferente”.

O começo não foi nada fácil. Julgamentos e algumas pessoas queridas até hoje não falam comigo, mas decidi me libertar de todas as mágoas e passar por cima de muito preconceito para ser feliz com quem amo”.

Após dois anos vivendo juntas, o casal sentiu que era o momento certo de oficializar a união. Na companhia de amigos, familiares e o filho pequeno de Ingrid que fez questão de permanecer cada minuto ao lado da mãe e da madrasta no altar. “O relacionamento dela com meu filho, desde o início, foi lindo, algo puro e sincero. Hoje, somos uma família que se ama e cuida um do outro”.

Curta o Lado B no Facebook e Instagram.

Nos siga no Google Notícias