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Meio Ambiente

Ribeirinhos são atacados por onças e entidade apela por avaliação

"É natural que se pense que esse novo cenário tenha a ver com os incêndios de 2020", diz Ecoa

Lucia Morel | 25/07/2022 18:40
Fotografia premiada, que simbolizou destruição no Pantanal, mostra macaco morto por incêndio; ao menos, 457,7 mil primatas morreram no Pantanal, em 2020, segundo pesquisa. (Foto: Lalo de Almeida/Folhapress)
Fotografia premiada, que simbolizou destruição no Pantanal, mostra macaco morto por incêndio; ao menos, 457,7 mil primatas morreram no Pantanal, em 2020, segundo pesquisa. (Foto: Lalo de Almeida/Folhapress)

Provavelmente sem alimento em meio às áreas de mata, onças têm atacado casas de ribeirinhos no Pantanal. A Organização Não-governamental Ecoa (Ecologia e Ação) identificou quatro ataques a comunidades e em duas delas cães foram devorados. O alerta da Ong é em relação às crianças e idosos.

Diretores da Ecoa ouviram relatos de moradores tanto de Corumbá quanto de Ladário e em dois locais, as onças se alimentaram dos cachorros das casas e também de porcos.

Uma das primeiras situações foi em dezembro do ano passado, quando moradores do Aterro Binega, na Barra do São Lourenço. Os ribeirinhos deixaram suas casas e viajaram para Corumbá, para acertos com relação a documentos. Quando voltaram, todos os seu cachorros tinham sido devorados.

Também grave foi caso no Porto Chané, na região do Paiaguás. Lá, segundo a entidade, “encontros” com os felinos são diários e pior, todos os cachorros foram devorados por onças pintadas. “Em um dos casos a onça invadiu a casa do morador, que teve que expulsá-la sozinho”, diz nota da Ecoa.

Outro ataque foi na Área de Proteção Ambiental Baía Negra, em Ladário, onde uma onça também atacou os cachorros da senhora Zilda, moradora de região nas proximidades da baia, conforme a Ecoa.

A quarta situação, mas em que não ocorreu ataque foi na a região do Porto da Manga. Mulheres coletoras de iscas têm que abandonar a coleta mais cedo do que o de costume, após às 18h ou 19h porque chega a “hora da onça”, como elas mesmo denominaram. Quando escurece, o risco de serem atacadas aumenta. Antes disso, elas trabalhavam até as 4h ou 5h da madrugada.

Fogo – para a entidade, “é natural que se pense que esse novo cenário tenha a ver com os incêndios de 2020”. Por conta deles, pesquisa estimou a morte de 17 milhões de animais após as queimadas, mas este número é possivelmente maior.

Além da morte, o estudo publicado na revista Scientific Reports, aponta mais possíveis consequências desses incêndios, como por exemplo, quebra de alguns ciclos ecológicos, o que poderia levar a mudança de comportamento das onças.

“Ainda é cedo para apontar se há uma relação entre o aumento repentino de onças pintadas nas áreas ocupadas pelas comunidades ribeirinhas e os incêndios, no entanto, é algo importante para ser investigado”, aponta a organização, que pede atenção das autoridades e maior monitoramento.

“Neste momento, entendemos que é necessário estruturar um grupo científico de estudo para recolher informações mais detalhadas sobre toda a situação. Por fim, solicitamos às autoridades especial atenção para o monitoramento dessa situação, inclusive analisando a possibilidade de apoio a conformação do grupo científico acima proposto na perspectiva de apontar soluções”.

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