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Política

Campo Grande é 3ª em aumento de investimentos, aponta pesquisa

Dados de 2017 da Frente Nacional dos Prefeitos mostram evolução de 64% nos aportes ao setor no ano passado; montante, porém, equivale a um terço do aplicado em 2013

Humberto Marques | 16/01/2019 16:29
Obra na Avenida Ernesto Geisel, para recuperação do Rio Anhanduí, foi acertada em 2017 e teve andamento no ano passado. (Foto: PMCG/Divulgação)
Obra na Avenida Ernesto Geisel, para recuperação do Rio Anhanduí, foi acertada em 2017 e teve andamento no ano passado. (Foto: PMCG/Divulgação)

Em um momento no qual boa parte dos municípios brasileiros ensaiam sair da crise econômica que, a partir de 2015, castigou as finanças públicas do país, Campo Grande foi a terceira entre as 100 maiores cidades do país no aumento no volume de investimentos em infraestrutura. O levantamento consta no 14º Anuário Multi Cidades, divulgado pela FNP (Frente Nacional dos Prefeitos), e indica um aumento de 64% nos investimentos no período entre 2016 e 2017.

Apesar da evolução proporcional significativa, a Capital segue distante dos índices de investimentos no período pré-crise: em 2017, o setor da gestão pública recebeu R$ 128,1 milhões, conforme o levantamento doa FNP, ante os R$ 78,2 milhões registrados em 2016 –ano que foi o ápice na retração de investimentos, já que, em 2015, a cifra atingira R$ 236,6 milhões, já abaixo dos R$ 364 milhões de 2014 e dos R$ 370 milhões de 2013.

Também em 2017, os investimentos representaram 4,2% das despesas da Capital, representando um investimento per capita de R$ 146,61 por habitante.

Desde aquele ano, a cidade experimentou a retomada de obras em diferentes regiões, realizadas com recursos próprios e financiamentos federais, que contaram com injeções de recursos de contrapartida estadual por meio de acordos costurados entre o prefeito Marquinhos Trad (PSD) e o governador Reinaldo Azambuja (PSDB). Desta forma, investimentos como a revitalização do Rio Anhanduí, reconfiguração de rotatórias e frentes de pavimentação, entre outras, foram executadas –muitas delas licitadas em 2017 e iniciadas no ano seguinte.

À frente de Campo Grande no levantamento estão as cidades de Caucaia (CE), com crescimento de 616% (de R$ 4,3 milhões em 2016 para R$ 30 milhões no ano passado), e Belford Roxo (RJ), com alta de 440% (R$ 3,8 milhões para R$ 20 milhões). No Centro-Oeste, em valores absolutos, as cifras destinadas a investimentos na Capital sul-mato-grossense em 2017 superaram as de municípios como Goiânia (R$ 67,8 milhões) e Cuiabá (R$ 112,2 milhões), que registraram quedas nas aplicações, respectivamente, de 59,5% e de 32,4%.

Frente de pavimentação seria iniciada no Seminário. (Foto: Arquivo)
Frente de pavimentação seria iniciada no Seminário. (Foto: Arquivo)

Já no panorama nacional, entre as 100 maiores cidades do país, Campo Grande ficou em 21º lugar no total de investimentos, em um ranking liderado por São Paulo (R$ 2 bilhões, queda de 34% na comparação com 2016), Rio de Janeiro (R$ 987,8 milhões, 77% a menos) e Belo Horizonte (MG, R$ 526,1 milhões, retração de 25%). Os piores resultados vieram de São José dos Campos (SP, queda de 80%), Mauá (RJ, menos 82%) e Campos dos Goytacazes (RJ, baixa de 97%).

A Capital de Mato Grosso do Sul foi superada por Uberlândia (MG, 20º, R$ 128,2 milhões) e ficou imediatamente à frente de Contagem (MG, 22ª, R$ 126,4 milhões).

Cenário – A FNP aponta que os investimentos realizados pelas prefeituras brasileiras chegaram, em conjunto, a índices similares aos de 2005. Conforme a entidade, de 2010 a 2014, mesmo com oscilações, a média de verbas para o setor era de R$ 60 bilhões. Em 2015, despencou para R$ 50,25 bilhões e, no ano seguinte, para R$ 42,68 bilhões.

Contudo, foi em 2017 que apareceram os piores resultados, com o montante chegando a R$ 27,2 bilhões, índice similar ao de 2005. O peso dos investimentos no total de gastos municipais também caiu para 5%, o menor nível da série história do anuário Multi Cidades, inciado em 2002. De 2010 a 2014, a média foi de 11%.

A entidade avalia que o baixo patamar deve-se à volatilidade dos investimentos dentro das despesas municipais: eles tendem a ser menores no primeiro ano das gestões por conta do planejamento das atividades. Contudo, a compressão em 2017 impressionou, mesmo com a queda nos dois anos anteriores (quando houve também retração no PIB, o Produto Interno Bruto, na ordem de 3,5%), resultado da crise econômica e dos indícios de recuperação que surgiram apenas no ano passado, quando também houve a crise política, que deixou mercados receosos e resultaram em um crescimento da economia de apenas 1%.

A FNP reconhece, porém, que houve sinais de melhora no ano passado, com aumento de 2,1% na receita corrente dos municípios –desconsiderando-se o ingresso de recursos extraordinários da Lei de Repatriação em 2016. Mesmo assim, ficou abaixo dos índices de 2014. Com tal quadro, prefeitos optaram por manter uma política de corte de gastos, que atingiu em cheio os investimentos. As verbas para esta área atingiram uma soma de R$ 13,85 bilhões nas prefeituras, o menor valor desde 2002.

Estados e União também foram pressionados pela crise, reduzindo repasses voluntários para infraestrutura e aquisição de equipamentos. O governo federal reduziu em 38,1% tais repasses no ano passado na comparação com 2016, perfazendo aportes de R$ 5,72 bilhões. Entre os Estados, os cortes foram de 31,8%, chegando a R$ 2,13 bilhões. Mesmo assim, ambos foram responsáveis por 28,89% de todo o investimento feito por prefeituras em 2017.

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