ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUARTA  24    CAMPO GRANDE 25º

Política

'É ranço político', diz prefeito um dia após ser desarmado por moradores e preso

Ele explica que motivo da briga não foi Bolsonaro, ao qual também apoia, e sim divergências locais

Nyelder Rodrigues | 20/09/2020 15:43


A confusão envolvendo o prefeito de Rio Verde de Mato Grosso, no norte do Estado, às margens da BR-163, continua 'em alta' neste fim de semana. Ao contrário do que se acreditou, o motivo da briga não foi o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), como foi espalhado nas redes sociais, e sim divergências políticas locais.

Tudo começou na tarde de sábado (20), quando o prefeito passava pelo local onde está instalado um outdoor em homenagem a Bolsonaro. De acordo com o próprio prefeito, Mário Kruger (PSD), ele estava indo para uma fazenda justo naquele momento. No local da confusão, um dos presentes era o vereador conhecido como Fabinho Borracheiro.

"Passei ali e vi pessoas gritando, xingando. Então parei e já começaram as agressões", conta Kruger, que está em seu terceiro mandato, o segundo seguido, e não poderá mais concorrer a reeleição. "Eles me cercaram e começou aquilo tudo lá".

Sobre o revólver que estava com ele, Mário Kruger frisa que o carregava pois estava indo sozinho para a fazenda. Ele diz que a arma estava na cintura e, sem que percebesse, ela foi tomada pelos que ali estavam o confrontando.

"Eu não estava bêbado. Eles é que aparecem com cerveja na mão. Um amigo meu que estava lá, o que aparece de camisa vermelha, é policial aposentado e me ajudou a ir embora. Depois quando eu já estava em casa é que polícia apareceu e pediu para eu ir até a delegacia".

Kruger foi preso em flagrante por porte ilegal de arma de fogo com uso permitido e liberado após pagar R$ 15 mil de fiança, segundo nota da Polícia Civil de Rio Verde. "Estou em Campo Grande agora pois é aniversário da minha neta. Certeza que daqui a pouco pipoca algo dizendo que fugi da cidade", ironiza.

Bolsonarista - Kruger ressalta ser bolsonarista, tal como os que instalavam o painel à beira da estrada. Contudo, afirma que a confusão foi causa por rixas políticas locais. "É ranço político. Esse povo é muito rancoroso. Já colocaram drone para me seguir e granada no meu pátio. Até isso já fizeram", revela.

Um dos presentes na discussão e que gritava pedindo para que a polícia fosse chamada é o vereador e opositor do prefeito, Fabio de Oliveira Souza, o popular Fabinho Borracheiro (PRTB). Ele aparece de camisa rosa e tipoia no braço esquerdo e também frisa.

Nas imagens, prefeito aparece de chapéu, enquanto vereador é o de rosa e tipoia (Foto: Reprodução)
Nas imagens, prefeito aparece de chapéu, enquanto vereador é o de rosa e tipoia (Foto: Reprodução)

Nas mesmas imagens, é possível o ver gritando para que a arma que foi tomada de Kruger não fosse guardada, e sim deixada ali até que aparecesse a polícia. A confusão só parou quando o homem de vermelho, ao qual o prefeito diz ser seu amigo, pega a arma e retira suas seis munições, todas intactas. Todo o material foi apresentado à Polícia Civil.

"São pessoas que respondem vários processos", diz o prefeito sobre seus opositores. A situação se confirma quanto a Fabinho, que foi condenado recentemente a quatro anos e quatro meses de reclusão por receptação qualificada de gado furtado.

Como foi autuado em flagrante, Kruger vai responder por posse ilegal de arma de fogo, em liberdade. "Eventuais ameaça e ofensas não restaram evidenciadas pelos depoimentos das testemunhas e serão investigadas posteriormente", frisa a Polícia Civil.

Na mesma nota, a Polícia Civil de Rio Verde afirma que a conduta dos demais envolvidos na confusão também será apurada posteriormente. Nas imagens, é possível ver que o homem que toma o revólver afirma diz que "quero ver quem vai matar quem aqui", possivelmente em resposta a alguma ameaça. Ele chega a apontar a arma para o prefeito.

Quem é Kruger - Com 72 anos, Mário Alberto Kruger é uma figura, de certa forma, controversa. Eleito em 2012 prefeito em chapa pura pelo PT, com Dinalvinha Viana como vice, ele migrou para o PSC em 2016, onde foi reeleito para comandar a prefeitura.

Apesar da mudança, ele seguiu aliado ao PT, tendo novamente Dinalvinha como vice. Na primeira eleição ele contou com 6 mil votos, enquanto na segunda foram 5.404 votos. Apesar de sua aliança com o PT, ele se considera bolsonarista.

Em sua página no Facebook, por exemplo, ele promove a Semana da Pátria, que tem relação com o movimento nacionalista ao qual o bolsonarismo está interligado. Neste ano, a confusão com opositores é a segunda grande polêmica envolvendo seu nome.

A primeira aconteceu em agosto, quando Kruger foi denunciado à polícia por injúria após dizer em seu programa que a cabeleireira Thayla Almeida não tinha utilidade alguma. Anteriormente, ela fez um vídeo criticando o trabalho do prefeito - que desde agosto está filiado, junto a outros secretários, ao PSD.

Nos siga no Google Notícias