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Economia

Balança "isenta" será opção contra desconfiança entre pecuaristas

Carlos Martins | 13/12/2012 14:51
Presidente do Grupo JBS, Wesley Batista, faz explanação durante reunião da Fenapec (Foto: Simão Nogueira)
Presidente do Grupo JBS, Wesley Batista, faz explanação durante reunião da Fenapec (Foto: Simão Nogueira)

No último encontro do ano liderado pela Fenapec (Frente Nacional da Pecuária) realizado nesta quinta-feira, no auditório da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), em Campo Grande, frigoríficos e produtores de carne avançaram ainda mais na construção de uma agenda que atenda aos interesses dos dois lados. A implantação de novas metodologias para aumentar a transparência esteve na pauta. E uma das medidas é a utilização de uma balança que não pertença nem ao frigorífico nem ao produtor de carne, mas que seja de todos.

“É um novo sistema para acabar com a eterna desconfiança, de que o frigorífico está ganhando mais porque usa sua balança. Achamos um meio que o frigorífico não seja o dono da balança e que esta seja de todos”, anunciou o presidente da Fenapec, Francisco Maia, logo após a reunião que teve a presença de líderes de entidades nacionais ligados à cadeia produtiva e também do presidente do Grupo JBS Friboi, Wesley Batista, que lidera um conglomerado que domina o mercado da carne.

A construção de uma agenda positiva para debater a relação entre produtores e a indústria frigorífica começou em maio deste ano em São Paulo (SP) e o foco era discutir justamente a concentração do mercado. A agenda tem a discussão de 27 pontos e em julho deste ano vários itens da pauta foram debatidos em Campo Grande.

Segundo Francisco Maia, os estudos para a implantação da balança começam agora e a intenção é que no início do próximo ano já esteja em operação. “É um avanço o que definimos até agora. Vamos construir um entendimento com o Grupo JBS que tem uma liderança nacional e também com outros frigoríficos. Somos líderes mundiais, somos mais competentes na produção de carne. Esta reunião termina com uma pauta a ser implantada”, disse o presidente da Fenapec.

“Entendemos que nenhum setor sobrevive se só ele ganha. Nem indústria, nem produtor. Todos os dois lados têm que estar bem. Estamos trabalhando para melhorar a genética, a produção. Temos que ver a questão sanitária. Vamos criar também uma agência nacional para regulamentar a cadeia da carne”, anunciou Francisco Maia.

Para o presidente do grupo JBS, Wesley Batista, a aproximação da indústria e produtores é muito importante. “Nesta reunião se discutiu pontos de interesse de toda a cadeia produtiva. É só comparar como estávamos no início do ano e como estamos agora. Tivemos uma evolução tremenda. A criação da Consecarne, a implementação de balanças para dirimir qualquer dúvida sobre a carcaça. São medidas importantes. Tenho certeza de que nos próximos anos a indústria fará movimentos positivos e importantes para a cadeia toda”, observou.

Presidenet da Fenapec, Francisco Maia:
Presidenet da Fenapec, Francisco Maia:

Vaca louca - Sobre a suspensão da carne produzida no Paraná por parte do Japão, no último dia 8, sob a suspeita de contaminação pelo vírus da Vaca Louca, Batista disse que o momento é “um pouco adverso”, mas que não chega a causar “dano”, já que o volume comprado pelo Japão é mínimo (0,3% da carne exportada). A suspensão ocorreu após a confirmação da presença da proteína do agente causador da doença da vaca louca (EEB) em uma fêmea que morreu em dezembro de 2010 em uma propriedade de Sertanópolis (PR).

“Estamos monitorando a situação e o Ministério da Agricultura está trabalhando para esclarecer. Não é um caso relevante. Pode ter turbulências, mas passa”, afirmou Wesley Batista. Como estratégia, ele diz que deve se investir ainda mais na imagem do produto, já que o Brasil está produzindo bastante e é importante manter os mercados abertos para atender a demanda.

Para o pecuarista Carlito Guimarães, caso da vaca louca no Paraná é
Para o pecuarista Carlito Guimarães, caso da vaca louca no Paraná é

Denúncia fabricada - O pecuarista Carlito Guimarães, presente à reunião, desconfia da denúncia. “Um caso de 2010 e que surgiu só agora. Envolve a confiabilidade e preocupa porque o Brasil não pode se tornar um produtor suspeito”, diz Carlito, que é vice-presidente da Fenapec e diretor da ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu). Ele acha que o caso pode ter interesses envolvidos e que a vaca louca do Paraná “foi fabricada”. “Pelo que se vê o Brasil é o que tem menos risco no mundo”, avalia.

Em relação ao encontro, ele está convicto de que as relações entre os setores estão caminhando para um entendimento, já que o produtor e a indústria estão se profissionalizando. “Todos vão ganhar. Vamos começar a colher os frutos dessa união para manter o Brasil no topo da exportação mundial”, conclui Carlito, criador de São José do Xingu, Mato Grosso.

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