ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, TERÇA  16    CAMPO GRANDE 24º

Economia

Índios da aldeia Buriti lutam por 17 mil hectares de terra e ocupam fazenda

Luciana Brazil | 25/03/2013 14:35
Índios lutam por ampliação de reserva (João Carrigó)
Índios lutam por ampliação de reserva (João Carrigó)

Desde a retomada de terra, que aconteceu no dia 5 de fevereiro deste ano, índios da aldeia Buriti, da comunidade Terena, ocupam a fazenda Querência São José, localizada próximo aos municípios de Sidrolândia e Dois Irmãos do Buriti, distantes a 71 quilômetros e 83 km de Campo Grande, respectivamente. Dos 300 hectares da fazenda, 60 estão ocupados por cerca de 300 famílias indígenas.

A fazenda, da família Bacha, faz parte de um território de 17 mil hectares, que, de acordo com os estudos técnicos da Funai (Fundação nacional do Índio), elaborados em 2001, é uma área indígena. “Aquela terra é nossa. Temos prova disso”, disse o cacique Wilson Dias Cordeiro, 49 anos.

A fazenda, segundo os índios, foi arrendada a terceiros, e no local, o fazendeiro vinha fazendo a retirada de madeira irregular, como aroeira e cumbaru.

Enquanto lutam pelo território de 17 mil hectares, 5 mil índios vivem em uma extensão de 2.090 mil hectares. Essa área fica ao lado da região da fazenda Querência, reivindicada pelos indígenas.

Membro da comunidade Terena, Noel Patrocínio, 81 anos, diante da história de vida, foi incisivo ao explicar os motivos para tanta luta. “Quando a etnia branca chegou aqui, tinha índio e bicho. E tinha muita caça e mata virgem. Queremos parte daquilo que já era nosso. Isso é a síntese da nossa luta”.

Para Noel, a oportunidade de estudos tem aumentado os embates entre índios e brancos. “Hoje temos ensino médio nas aldeias. Temos acadêmicos nas universidades. Nós ficávamos quietos, isso não era assim. Estamos ampliando horizontes”. Hoje, segundo Noel, são 500 alunos na escola localizada dentro da aldeia.

Para a subsistência, os índios plantam feijão de corda, banana, maxixe, abóbora, entre outros.

Eles participariam de audiência na 4° Vara da Justiça Federal. “Houve muita repercussão da retomada de terra. Queremos deixar claro alguns pontos. E que nós tenhamos nosso direito garantido”, disse Wilson.

Noel pede que a “justiça olhe com carinho a finalidade da função, que é reaver parte do território perdido”.

No entanto, a audiência pública acabou adiada para segunda-feira porque, apesar da presença de 50 índios no local, eles não foram oficialmente notificados da audiência de hoje.

Nos siga no Google Notícias