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Economia

Produtores criticam informatização milionária do rastreio de bovinos

Aliny Mary Dias | 18/10/2013 09:35
Novo sistema já começou a ser colocado em prática em Eldorado e mudança será gradativa (Foto: João Garrigó)
Novo sistema já começou a ser colocado em prática em Eldorado e mudança será gradativa (Foto: João Garrigó)

Pioneira no país, a informatização do rastreamento de bovinos criados em Mato Grosso do Sul é alvo de críticas por parte de produtores rurais. Eles são contra o investimento de R$ 27,9 milhões no novo sistema, que começa a ser colocado em prática na região sul do Estado.

A diretora da Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal), Cristina Carrijo, explica que o sistema e os cerca de 1 milhão de brincos que serão colocados nos animais na primeira fase do programa foram adquiridos por meio de licitação.

“Estamos estudando há cinco anos um método para informatizar o sistema e deixar as coisas mais fáceis para o produtor. Além disso, é um método auditável e confiável que no fim pode abrir novos mercados para o Estado”.

Motivo principal de críticas dos produtores, o valor investido no novo formato de rastreio não é exclusivo para a compra dos brincos, conforme conta a chefe da Iagro. “É um software que irá controlar o programa sanitário do Estado e estará disponível para os 60 mil produtores cadastrados”, conta.

A expectativa da Iagro é que o programa seja colocado em prática em etapas. Produtores de Eldorado, a 447 quilômetros de Campo Grande, estão sendo treinados e lá o sistema deve estar em pleno funcionamento nos próximos 20 dias. Os animais criados em Mundo Novo também estão recebendo os brincos novos que são acompanhados de um chip.

Carrijo explica ainda que os produtores terão um leitor de chip chamado de POS, após conferir o brinco do animal, o sistema emite automaticamente a GTA (Guia de Trânsito Animal) e a nota fiscal. Tudo poderá ser feito em poucos minutos, garante a Iagro.

“Antigamente era tudo manual, o que gerava problemas na hora de emitir as guias. De cada boi que subia no brete, tinha que anotar o número do brinco gerando possíveis erros e isso vai contra as regras internacionais que exige o controle fronteiriço”, completa.

Outro lado – Inconformado com o valor gasto na licitação, o diretor do Sindicato Rural de Bela Vista, Afonso Pinheiro Filho, dispara contra a atitude da agência sanitária. “Eles deveriam ter ouvido os produtores, é muito estranho gastar quase R$ 28 milhões em um sistema desnecessário”, conta o produtor.

Para Afonso, o sistema implantado desde a criação da ZAV (Zona de Alta Vigilância) funciona perfeitamente e atende as exigências do Ministério da Agricultura. “Eu acho que essa informatização pode acontecer no futuro, mas agora não tem necessidade. Precisamos de melhoria na infraestrutura dos escritórios, por exemplo”, completa o produtor.

Outro a mostrar indignação é Osmar Bartel, 65 anos, produtor rural com propriedades em Antônio João e Bela Vista. “Nos informaram desse sistema no dia 27 de setembro, nem nos ouviram”, reclamou.

Segundo Bartel, os produtores da ZAV têm larga experiência com brincos eletrônicos – que já tentaram ser implantados antes – e estão desconfiados com o sistema.

“E se um animal perde o brinco, como fica? Se funcionar vai ser uma maravilha, mas pela nossa experiência, acho que não”, completou.

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