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Economia

Sem aumentar área, famílias mudam rotina e duplicam produção de leite

Caroline Maldonado | 02/06/2015 13:37
Com manejo adequado, pequenos produtores de Mato Grosso do Sul conseguiram aumentar em mais de 100% a geração de leite (Foto: Divulgação/Famasul)
Com manejo adequado, pequenos produtores de Mato Grosso do Sul conseguiram aumentar em mais de 100% a geração de leite (Foto: Divulgação/Famasul)

Sem aumentar área e rebanho ou comprar máquinas, pequenos produtores de Mato Grosso do Sul conseguiram aumentar em mais de 100% a geração de leite. O desafio foi lançado há dois anos e mudou a realidade de 80 famílias de assentamentos, que ficam em Terenos, Sidrolândia, Ponta Porã, Dois Irmãos do Buriti e Campo Grande. Eles perceberam que o segredo está no manejo e mudaram completamente a rotina com o apoio de técnicos do programa Balde Cheio, desenvolvido pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), com recursos da Fundação Banco do Brasil.

Não bastava levantar cedo para a ordenha e se empenhar o dia todo no serviço. Os produtores não conseguiam avançar e alguns já nem contavam mais com ajuda de familiares para continuar no ramo. A luz no fim do túnel não era dinheiro e nem melhoria na estrutura, mas sim a assistência técnica. Com a visita periódica dos técnicos, o produtor Waldo Barbosa, de 48 anos, descobriu que detalhes na alimentação e seleção do rebanho fazem toda a diferença. “Hoje, a gente tem informação que a gente não tinha, porque não adianta ouvir uma palestra se não tiver o acompanhamento”, comenta o proprietário de 25 hectares em Anhanduí, distrito da Capital.

Waldo conta que os dois últimos anos passou a monitorar a criação, seguindo a risca as dicas dos técnicos. “Todos os dias eu tiro a temperatura dos animais, monitoro para saber quais vacas estão no cio, vejo quanto choveu, entre outras coisas que interferem na produção. Eu anoto tudindo, inclusive gastos e ganhos”, detalha.

Com o manejo adequado, Waldo já aumentou a produção em 124% e está com um pé no sonho de alcançar os 600 litros por dia. Ele nunca desistiu da meta, desde que se dedica a produção leiteria, há 24 anos. “De um ano para cá, a média é de 350 litros por dia, mas já cheguei a fazer 560 litros por dia”, revela.

Cada família que faz parte do programa conseguiu alavancar a produção e algumas passaram de 80 para 400 litros por dia, sem ampliar a área, garante a gerente de Desenvolvimento Sustentável do Banco do Brasil, Giljane Dourado. Segundo ela, a assessoria técnica vem de uma empresa credenciada pela Embrapa, que atua com R$ 800 mil oferecidos pela Fundação BB. “Eles recebem uma assistência personalizada. Não é um pacote tecnológico. Eles brincam que deixaram de ser tiradores de leite para se tornar produtores de leite”, comenta.

Com o encerramento dos dois anos previstos pelo programa, em agosto o prazo será estendido por mais 12 meses e terá apoio do Governo do Estado, conforme o superintendente regional do Banco do Brasil, Evaldo Emiliano de Souza. “Buscamos aprimorar a comunicação e a medida que as pessoas vão conhecendo o programa a gente maior adesão. É um programa que tem potencial para ser ampliado”, disse.

Com a visita periódica dos técnicos, o produtor Waldo Barbosa, de 48 anos, descobriu que detalhes na alimentação e seleção do rebanho fazem toda a diferença (Foto: Caroline Maldonado)
Com a visita periódica dos técnicos, o produtor Waldo Barbosa, de 48 anos, descobriu que detalhes na alimentação e seleção do rebanho fazem toda a diferença (Foto: Caroline Maldonado)
Joelson Sebastião, 52 anos, produz 70 litros por dia, mas tem esperança de expandir o negócio este ano (Foto: Caroline Maldonado)
Joelson Sebastião, 52 anos, produz 70 litros por dia, mas tem esperança de expandir o negócio este ano (Foto: Caroline Maldonado)

Desafio – Dos 24 mil produtores de leite do Estado, 15,1 mil não conseguem produzir mais de 100 litros por dia. Eles representam 62% do total, conforme a Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul). Alguns tem resistência as técnicas de manejo adequadas, mas muitos já admitem que assistência técnica é o alvo para aumentar a rentabilidade.

Para ser viável, a produção tem que alcançar pelo menos 300 litros por dia, segundo Fernando Luiz, coordenador do programa Leite Forte, que também apoia produtores com recursos do Governo do Estado. De fato, menos que isso, “só serve para pagar as contas”, na opinião do produtor de Três Lagoas, Joelson Sebastião, 52 anos. Com a esposa, ele faz 70 litros por dia, mas tem esperança de expandir o negócio este ano.

Tenho que chegar a 200 litros, pelo menos. O que falta é condições para reforma de pastagem, mas acho que vamos conseguir com apoio da prefeitura, que agora fornece maquinário e as visitas técnicas do programa Leite Forte”, prevê Joelson, um dos participantes do Encontro do Leite, que reúne produtores e representantes de entidades ligadas ao setor, hoje (2), em Campo Grande. Clique aqui para conferir a programação do encontro.

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