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Capital

Caminhoneiro por 30 anos e sem um único acidente morreu em colisão

Aliny Mary Dias | 24/06/2014 09:24
Eunice é irmã do aposentado que nunca havia se envolvido em acidente (Foto: Cleber Gellio)
Eunice é irmã do aposentado que nunca havia se envolvido em acidente (Foto: Cleber Gellio)

Quase 24 horas depois do acidente que matou o caminhoneiro aposentado Mario Gonçalves, 63 anos, no entrocamento da Avenida Bandeirantes com a Afonso Pena, parentes buscam explicação para a tragédia e se revoltam ao lembrar da vida de motorista que ele levou durante 30 anos sem se envolver em nenhum acidente.

Irmã de Mario, Eunice Gonçalves, 55 anos, faz parte de uma família que até agora não aceita a morte do aposentado. Considerado o mais tranquilo e conselheiro de sete irmãos, Mario cruzou o país durante 30 anos enquanto trabalhou como motorista de carreta bitrem. O único acidente que o aposentado sofreu na vida foi exatamente aquele que o levou à morte.

“Até agora todos estão abalados, não conseguimos acreditar. O Mario era muito calmo, paciente e nos dava conselho, era um irmão muito carinhoso e prudente no trânsito, estamos revoltados com esse acidente”, conta Eunice.

Os levantamentos iniciais de militares do Corpo de Bombeiros que atenderam o acidente e relatos de testemunhas deram conta de que Mario seguia pela Avenida Bandeirantes e não respeitou a sinalização vertical e horizontal da via. Um Polo que descia a Afonso Pena e estaria em alta velocidade colidiu com o Palio de Mario e o motorista morreu na hora.

Carro ficou destruído após colisão na Avenida Afonso Pena (Foto: Cleber Gellio)
Carro ficou destruído após colisão na Avenida Afonso Pena (Foto: Cleber Gellio)

A falta de atenção do aposentado, conforme os parentes, não pode ter sido fruto de um problema de saúde ao volante. Sobrinha de Mario, Valéria Gonçalves, 36 anos, conta que o tio fazia atividades físicas diariamente e cuidava da saúde como ninguém.

“Ele acordava todo dia quatro horas da manhã para fazer caminhada na Piratininga, onde morava. Ele fazia exames regularmente e nunca teve um problema de coração ou alguma coisa grave de saúde. A única coisa que ele teve foi diabetes, mas era controlada e ele nunca passou mal”, explica.

A mulher do aposentado, Maria do Espírito Santo, 47 anos, e o neto dele, de 5 anos, também estavam no carro e apesar da gravidade do acidente já tiveram alta do hospital e estão em casa. A princípio, os bombeiros suspeitavam de fraturas na criança, mas o pequeno teve apenas uma luxação em um dos braços.

Para a família, resta a dura tarefa de explicar a morte do avô para o neto, que vivia com Mario e era muito apegado ao aposentado. “Ele considerava o Mario como pai, era muito apegado a ele. Nós já dissemos que ele morreu, foi pro céu, mas ele toda hora pergunta se o avô vai voltar”, diz.

Local já foi palco de outros acidentes com morte (Foto: Cleber Gellio)
Local já foi palco de outros acidentes com morte (Foto: Cleber Gellio)

Justiça – A família ainda vela o corpo de Mario e se prepara para o sepultamento, marcado para às 15h30 desta terça-feira no Cemitério Santo Amaro, mesmo em meio a dor, os parentes já pensam em Justiça.

Todos estão revoltados com o motorista do Polo, que não teve a identidade divulgada pela polícia. Apesar de estar na via preferencial, o homem corria muito, segundo relato de testemunhas. “Nós queremos que ele pague porque se ele não estivesse correndo, não teria sido tão forte essa batida”, diz a sobrinha Valéria que ainda cobra mudanças na sinalização do entrocamento.

A reportagem entrou em contato com o delegado Miguel Said da 1ª delegacia de polícia da Capital, mas até agora o caso não chegou à unidade. A perícia da Polícia Civil foi feita logo após a colisão e o caso deve começar a ser apurado ainda hoje.

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