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Capital

Campanha quer educar motorista da Capital para respeito ao pedestre

Paula Vitorino | 09/11/2011 14:26

Conscientização vai desde a parada para o pedestre passar até a compreensão do motorista que segue atrás

Tenente-coronel Alírio Vilassanti da Ciptran, Carlos Henrique Pereira do Detran e Rudel Trindade da Agetran apresentaram campanha nesta manhã. (Fotos: João Garrigó)
Tenente-coronel Alírio Vilassanti da Ciptran, Carlos Henrique Pereira do Detran e Rudel Trindade da Agetran apresentaram campanha nesta manhã. (Fotos: João Garrigó)

Parece utopia para quem é motorista ou pedestre em Campo Grande, mas campanha que será lançada amanhã quer criar o hábito no campo-grandense de dar preferência ao pedestre que pisar na via, a exemplo do que já acontece em cidades como Brasília e Goiânia.

“O objetivo é que o motorista pare ao ver um pedestre na faixa ou fora, independente se o sinal está aberto. Assim, respeitando o menor e preservando a vida. Mas é claro que o pedestre também precisa respeitar a sinalização e atravessar na faixa, sempre que ela existir”, explica o diretor do Detran, Carlos Henrique dos Santos Pereira.

Com o slogan “Pedestre, eu cuido!”, a campanha foi elaborada pelo Detran (Departamento Estadual de Trânsito) e demais entidades que compõem o GGIT (Gabinete de Gestão Integrada de Trânsito). O investimento total é de cerca de R$ 140 mil, entre ações de educação e divulgação na mídia.

O projeto será dividido em duas etapas de ação, com focos diferentes: conscientização do motorista e, no segundo momento, orientação ao pedestre sobre os seus deveres, como atravessar em cima da faixa.

“Primeiro vamos puxar a responsabilidade para os condutores em relação ao pedestre. Mostrar a responsabilidade deles na segurança, porque o pedestre não se atropela sozinho”, explica o diretor do Detran, Carlos Henrique dos Santos Pereira.

A primeira etapa tem início nesta quinta-feira (10), com ações nas ruas do Centro, onde o fluxo de veículos é maior. Ao longo dos trabalhos, as equipes do GGIT percorrerão sete pontos: Dom Aquino – em frente ao Belmar Fidalgo, 15 de Novembro – em frente ao Mercadão, ruas 7 de Setembro e Anhanduí – em dois pontos cada, e Rua Brasil – próximo a Pestalozzi.

Até o início de dezembro as ações serão educativas, após o período os policiais de trânsito vão começar a fiscalizar e punir quem desrespeitar a faixa de pedestre.

Já a segunda fase de atuação começa em fevereiro de 2012, no período de volta as aulas. As equipes atuarão, principalmente, em frente as escolas e em cinco pontos: Avenida Zahran (em frente ao Comper, Caixa Econômica Federal e HSBC), Gury Marquês (em frente a Anhanguera) e Rua Cândido Mariano ( em frente a Escola Estadual Maria Constança).

Os estudantes irão aprender os deveres e direitos do pedestre no trânsito, além de atuarem como agentes multiplicadores, levando as informações para seus familiares e vizinhos.

Preservando vidas - O respeito aos pedestres vai além do caráter educativo e se torna uma questão de respeito à vida quando são analisados os números de vítimas por atropelamento na Capital.

Segundo dados do GGIT, em 2010 foram 351 atropelamentos, sendo que 26 pessoas morreram, seja no local do acidente ou no hospital. Neste ano, houve redução nas vítimas para 278 (até hoje), mas o número de mortes ainda é alto: 11 pessoas.

O diretor do Detran ressalta que, “apesar da redução nos atropelamentos 1 vida já é muito e enquanto ainda ocorrer mortes no trânsito é preciso trabalhar a educação”.

Faixa de pedestre deve ser respeitada.
Faixa de pedestre deve ser respeitada.

Parada - Ele ainda chama a atenção que a exemplo de outras capitais é possível que Campo Grande também tenha um trânsito que respeito o pedestre, mas para isso é preciso a adesão de toda sociedade.

O diretor do Detran diz que para a construção do senso de cordialidade no trânsito funcionar é preciso da colaboração do motorista que está próximo a faixa de pedestre, mas também daquele que segue logo atrás.

“Quando o motorista for fazer a conversão ou estiver seguindo reto e tiver um pedestre na faixa ele precisa parar e esperar. Mas o condutor de trás não pode buzinar, como geralmente acontece, ele precisa esperar e ter educação também”, ressalta.

A mudança na conscientização, frisam as entidades, parte também do fim do “corre-corre” nas vias. “Os motoristas hoje só querem fluidez no trânsito, mas isso é um conceito que precisa ser mudado. Ele precisa entender que o pedestre também tem de passar e, por isso, às vezes vai ter que perder alguns minutos, sim”, frisa o diretor-presidente da Agetran, Rudel Trindade.

Na prática - O recém motorista habilitado, Pedro Rafael Bezerra, de 20 anos, confirma a importância da mudança de pensamento entre todos os motoristas.

Ele conta que o motorista sai “certinho” da auto-escola, mas quando vai para o trânsito precisa se adequar as “regras da rua”, impostas pelos outros motoristas.

“Eu aprendi a dirigir certo, mas quando vou para a rua é outra coisa. Se eu parar pra esperar um pedestre passar no cruzamento o motorista de trás já buzina, fica bravo. É só andar pelo Centro, principalmente, pra ver que ninguém respeita”, diz.

O instrutor de auto-escola há 15 anos, Marco Antônio Fernandes, explica que o respeito ao pedestre faz parte do conteúdo teórico nas auto-escolas e é cobrado na hora do exame prático.

“Se um pedestre estiver na via ou ameaçar cruzar a rua, o motorista tem que parar. É infração eliminatória no exame”, diz.

Mas ele lembra que o pedestre também tem seus deveres e precisa cumprir para não prejudicar a fluidez do trânsito. “O pedestre também tem que respeitar. Ele tem que atravessar na faixa se existir uma a 50 metros”, destaca.

Reportagem do Campo Grande News em maio deste ano mostrou que muitos pedestres preferem atravessar a via fora da faixa por simples preguiça. Mas a população também reclamou dos “cruzamentos sem vez para o pedestre”, com na 14 de Julho com Afonso Pena, quando mesmo com o sinal fechado os outros motoristas que cruzam na via continuam ocupando a faixa.

Ações - O problema deve ser solucionado com a modernização do sistema semafórico, com investimentos de R$ 12 milhões do Pró-transporte, segundo Rudel.

O Detran também investiu R$ 600 mil para reforço na sinalização da Afonso Pena e principais cruzamentos do município, incluindo toda a área central.

Nos bairros, Rudel explica que o reforço da sinalização continuará sendo feito pelas equipes da Agetran, que realizam o trabalho mensalmente dentro de um cronograma.

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